quinze - depois da aula

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(Nolan)


As aulas acabam e todos vão saindo, indo embora. Eu fico esperando no portão. Logo, vejo ele andando cabisbaixo no meio de todo mundo e, assim que chega perto, eu o abordo:

— Alex — eu o puxo pelo braço. — Me segue.

Alex não hesita. Olha para um lado e outro e começa a me acompanhar. Eu sei que ele está com medo e triste nos últimos dias. Mas sei principalmente que ele deve estar com um ódio mortal do Bailey. Alex não é como ele. Ele só finge que é. Ele anda com caras barra pesada e finge que é um deles, mas eu sei o quanto o Alex é frágil e sensível.

— O que você quer, Nolan?

— Calma. Cê vai saber.

— Olha, se for por aquele vídeo do Jack...

Eu me viro de frente para o Alex e ele se cala. Dá para ver o medo estampado no rosto dele. Ele está desesperado. Sinto pena.

— Calma, Alex — digo. — Olha, o Jack não vai fazer nada com aquele vídeo. Só vem comigo.

Em menos de trinta minutos chegamos na minha casa. Eu abro a porta e Alex passa por mim visivelmente ansioso. Minha mãe e meu pai estão no trabalho, então temos alguma privacidade. Levo o Alex até o meu quarto e ofereço a minha poltrona para ele. Ele se senta, deixando a mochila no chão, e fica esperando que eu diga alguma coisa.

— Então, Alex — eu começo dizendo, mas Alex me interrompe visivelmente agitado.

— Nolan, por que você não fala com o Jack por mim? Por favor! Eu tentei falar com ele, mas não tive coragem de chegar nele.

— Alex... Eu imagino.

— Eu me sinto um lixo, cara! Eu me sinto a porra de um lixo! Meus pais não podem descobrir e eu não sei mais o que fazer... Me ajuda!

Alex leva as mãos ao rosto, cobrindo-o. Ele está chorando e eu estou em pedaços.

— Tá tudo bem, Alex. Não precisa chorar. — É a única coisa que eu consigo dizer para ele agora. — Olha, só me conta uma coisa, vai.

— O que você quer saber? — Ele limpa as lágrimas.

— O Bailey, é... Bem, ele transa com os outros meninos também?

— Se ele trepa com os outros? — Alex esboça um sorriso irritado em meio às lágrimas. — Ele trepa com todo mundo que tem um pau no meio das pernas, Nolan! Ele não é o hétero machão que finge que é. Bailey é gay! O Crystian, o Lamar, todos já passaram pela cama dele. Eu não fui o primeiro e nem vou ser o último.

Ergo as sobrancelhas. Isso me choca um pouco. Francamente, nunca imaginei que o valentão do colégio escondesse uma coisa tão normal quanto a sua homossexualidade embaixo de tanta violência e arrogância.

— Foi o Jack quem me pediu para te trazer aqui — eu falo, ainda pensativo, olhando para o meu guarda-roupa.

Percebo que o Alex presta atenção em mim de repente, como se a simples menção ao nome do Jack o tivesse despertado.

— Você tem que se afastar do Bailey e se aproximar de mim e do Jack.

— Mas o Bailey vai me matar, cara!

— Bom — eu falo —, esse é o preço que você precisa pagar. Você aceita?

Alex hesita um tempo antes de balançar a cabeça, em afirmativa.

— Tá bom, eu aceito — ele diz, triste. — Já entendi o que o Jack quer com isso... Ele quer isolar o Bailey, né?

Eu balanço a cabeça, afirmando.

Então, ele pega a sua mochila do chão e sorri para mim, sem graça. Quando saio com Alex pela porta, ouço a porta do meu guarda-roupa correr. É o Jack saindo de dentro dele. Sim, ele estava o tempo inteiro ouvindo a nossa conversa.

Alex vai embora e eu volto para o meu quarto. Estou um pouco triste com o rumo que as coisas estão tomando. Só sinto que estamos perdendo o controle.

Entro no meu quarto e Jack está com os lábios esticados num sorriso, estirado em cima da minha cama, as mãos sob a nuca. Eu o adoro, mas preciso fazer alguma coisa para não deixar que tudo vá por água abaixo.

E acho que já sei o que vou fazer...

E acho que já sei o que vou fazer

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