dois - garoto desenhista

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(Jack)


Eu só queria desaparecer daqui.

Primeiro dia nessa merda de escola nova que eu não ligo, alunos me olhando com cara de estranheza. Que bela recepção! Só queria a minha vida antiga de volta, nem que fosse por um instante.

Não sei porque tudo de ruim precisa acontecer justo comigo...

Se o papai não tivesse perdido o emprego, a gente ainda estaria no Canadá. Eu ainda estaria na minha cidade junto dos meus amigos, perto de tudo que eu gosto. Mas não vou julgar meu pai. Ele faz tanta coisa por mim que eu nem sei como ele aguenta tudo sozinho.

E desde que a mamãe...

A mamãe... Se ela soubesse a falta que ela faz.

Tenho que ser forte. Tenho que aguentar. Sei que isso não vai ser para sempre. Preciso ajudar o papai. Por mim, eu já tinha saído da escola e estava trabalhando para ajudar ele, mas é óbvio que ele não vai querer. O jeito é eu encontrar um emprego de meio período depois da escola.

Mas eu estou tão cansado. Quando eu entrei, todo mundo me olhou como se eu fosse um ET saindo do óvni. Todo lugar que eu vou, parece que é a mesma coisa. Sou sempre o ET. Sou sempre o caladão. Mas preciso parar de pensar nisso. Quanto mais eu penso, menos eu foco no que é realmente importante: ajudar o papai e conseguir dinheiro para sairmos de vez dessa droga de lugar!

O professor faz a chamada. Quando ele fala o meu nome e eu o respondo, ouço murmúrios às minhas costas. Otários! Mas, como sempre, tudo fica pior quando o Sr. Eastwood pede que eu me levante e me apresente com as minhas palavras.

— Meu nome é Jack. Vim de Toronto passar uma temporada aqui na sua agradável cidade com o meu pai. É isso. — E me sento de novo, dessa vez me sentindo um pouco vingado.

Os cochichos atrás de mim aumentam, mas eu nem quero imaginar o que estão pensando pelas minhas costas. Não podem me atingir.

Não demora muito para que o Sr. Eastwood passe um exercício, o que silencia um pouco a turma. Agora, eu até consigo ouvir os meus próprios pensamentos sem ninguém cochichando sobre o novato esquisito de Toronto.

Só que eu não faço ideia de que chamei tanto a atenção de uma pessoa nesse dia.

O professor está andando pela sala quando ouço ele falar num tom alto de repreensão:

— O que significa isso, Sr. Urrea?

Eu olho para trás instintivamente e vejo o professor Eastwood segurando um papel na mão que não dá para ver direito, mas parece ser um desenho. E o garoto que o desenhou, o tal do Urrea, parece muito, muito constrangido, levando em conta que ele está quase se encolhendo no seu assento enquanto olha direto para mim como quem implora por ajuda.

 E o garoto que o desenhou, o tal do Urrea, parece muito, muito constrangido, levando em conta que ele está quase se encolhendo no seu assento enquanto olha direto para mim como quem implora por ajuda

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