Capítulo Três

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Victor Decker:

Me senti cansado de imediato, e Puck correu para o meu lado, apoiando-me contra seu peito. Era como se uma grande parte de mim tivesse sido sugada para longe nesse instante, e a espada se desfez em segundos.

— Victor, você está bem? — ouvi minha mãe perguntar.

— Sim, estou bem — falei. — Usei muito glamour de uma única vez, e simplesmente... perdi as forças. — Notei que o chão ainda estava girando. Eu me recostei em Puck com delicadeza, que me segurava cuidadosamente, como se eu fosse feito de vidro. — Estou sentindo tudo ao redor, isso é normal? – murmurei contra seu peito.

— Bem, você tem quatro magias em seu interior que vêm de lugares diferentes — Puck disse, querendo soar o mais tranquilizador possível.

A fraqueza que me envolvia era tangível, como se tivesse drenado uma parte significativa da minha energia vital. Puck permanecia ao meu lado, oferecendo um apoio reconfortante.

— Preciso descansar um pouco — murmurei, enquanto os eventos tumultuados da noite giravam em minha mente.

Puck assentiu e, com cuidado, guiou-me para longe do local da batalha, enquanto minha família observava com preocupação. Cada passo parecia um esforço, mas a certeza de que estávamos seguros prevalecia.

À medida que nos afastávamos, a calmaria da noite retornava, e eu me permiti fechar os olhos, confiante de que, por enquanto, estávamos fora do alcance das sombras que nos assombravam.

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Puck me ajudou a deitar na cama, minha família estava ao redor, preocupada, mas só fechei os olhos, querendo dormir um pouquinho. O cansaço pesava sobre mim, e a sensação de drenagem de energia ainda persistia, mas a certeza de estar em segurança naquele momento trouxe algum conforto.

Ouvi os outros finalmente saindo do quarto, além de Puck se sentar ao meu lado e apertar minha mão.

— Eles estavam me esperando — murmurei. Mais problemas que os feéricos tinham trazido para a minha família. Meus pais provavelmente estavam tendo um ataque na sala de estar nesse instante, e meus irmãos devem estar assustados demais. — Eles vieram me atacar da maneira mais cruel e covarde — continuei, observando as lascas de cristais vermelhos cintilarem em sua mão. — Sabiam que eu estava vindo para casa, e ele as enviou para me atacar e a minha família... — Meu olhar ergueu-se para a direção da porta do quarto. Estava sentindo a raiva querer sair para o lado de fora. — Não posso ficar em casa. — Sussurrei, sentindo o olhar dele sobre mim. — Não agora. Não posso trazer esta loucura para a minha família mais do que já estamos vivendo. — Fechei meus olhos. — Esse cretino não parará por aqui. Ele continuará enviando coisas atrás de mim, e minha família será pega no meio de tudo. Não posso deixar isto acontecer. Eu... eu tenho que ir embora. Agora.

Ao pronunciar as palavras, uma mistura de desespero e determinação encheu minha voz. A dor da decisão refletia-se nos meus olhos enquanto eu processava o peso da responsabilidade. Puck permanecia em silêncio, absorvendo as palavras carregadas de angústia.

— Victor, você não está sozinho nisso. Estamos aqui para te ajudar, para enfrentarmos juntos o que vier pela frente — Puck disse, sua voz firme, mas também repleta de compaixão.

Eu o encarei, reconhecendo a sinceridade em suas palavras. No entanto, a preocupação persistia em seus olhos feéricos, sabendo que as ameaças do reino das fadas eram imprevisíveis e muitas vezes cruéis.

— Eu sei, Puck. Mas minha família já sofreu demais por minha causa. Não posso arriscar mais suas vidas. — Senti um nó se formando na minha garganta, uma mistura de amor por minha família e o peso da responsabilidade que carregava como filho, irmão e protetor.

Anjo das sombras | Livro 4: O Rei Das Fadas Onde histórias criam vida. Descubra agora