Capítulo Oito

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Victor Decker:

Quando saímos de casa, as sombras ao meu redor começaram a se agitar, e virei-me na direção delas. Uma figura parou de pé do outro lado da rua. Não parecia ser humana, isso era evidente mesmo à distância. Apesar de estar vestida com jeans rasgados e uma jaqueta de couro desgastada, sua expressão facial marcante e orelhas pontiagudas eram reveladoras.

Seus cabelos negros e selvagens apresentavam pontas brancas. Pela postura adotada, ficava evidente que ele estava à nossa espera.

— Um feérico Sombra. — Puck murmurou, deixando sua mão cair sobre a adaga. — Quer que eu o mate?

— Não. — Eu disse, pousando minha mão em seu braço. – Ele sabe que estamos aqui. Se fosse nos atacar, já o teria feito a esta altura. Vamos ver o que ele quer primeiro.

— Devo aconselhar contra isto. — Puck me olhou como se eu fosse louco, um traço de confusão em seus olhos. – Lembre-se de que o atual rei das sombras ainda está atrás de você. Não pode confiar nos feéricos sombras, especialmente agora. Por que quer falar com este aqui? O Reino Sombra e tudo nele são nossos inimigos.

— Na verdade, alguns feéricos nos ajudaram contra a Vermelha no palácio dela — Caroline disse.

Olhei para baixo.

— Ela está certa — Respondi.

— Eles foram de grande ajuda contra o exército da Vermelha — Pauline disse.

Puck suspirou e retirou a mão da adaga, voltando a guardar a arma em seu sapato.

— Como desejar. — Puck murmurou, curvando a cabeça. — Não gosto disso nem um pouco, mas vamos ver o que o feérico sombra quer. Mas se ele fizer qualquer movimento ameaçador, vou matá-lo mais rápido do que ele pode piscar.

Saímos cuidadosamente pelas portas para a noite úmida, cruzando a rua para nos posicionarmos à frente daquele que nos aguardava.

— Oh, ótimo. — O feérico sorriu enquanto avançávamos, exibindo um sorriso pretensioso e autoconfiante. — Não fugiram. Tinha medo de ter que persegui-los pelas ruas da cidade antes que pudéssemos conversar.

Franzi a testa para ele. De perto, ele parecia mais jovem, quase da minha idade, embora eu soubesse que isso não significava nada. Os feéricos eram eternos. Ele poderia ter séculos de idade, por tudo o que eu sabia. No entanto, apesar de sua óbvia beleza feérica, ele parecia nada mais do que um garoto de dezessete anos.

— Estamos aqui — disse, cruzando os braços —, aqui estou. Quem é você, e o que quer?

— Direto ao ponto. Gosto disso. — O faery desfez-se em sorrisos. Eu não retribuí, e ele rolou os olhos, que eram de um roxo misturado com vermelho. – Bem, permita-me me apresentar, então. Meu nome é Malks.

Seu rosto me era familiar, recordando meu último encontro com os membros das cortes das fadas sombras.

— Você estava no salão do palácio do Rei das Sombras — disse.

— Estou certo de que se lembra perfeitamente da confusão que você causou, Victor Decker. – Malks disse, e o sorriso em seu rosto se alargou, mostrando dentes. — Eu era o primeiro tenente do Rei Ambers.

Puxei minha espada em um lampejo de luz multicolorida, enchendo o ar com tanto glamour que me senti tonto por segundos, mas aguentei firme. Puck pegou sua adaga novamente, e Caroline levantou uma faca de cozinha, assim como os demais, inclusive Mark, que eu juro ter visto empunhar uma colher. As sobrancelhas de Malks ergueram-se, mas ele não se moveu, mesmo quando a ponta da espada pairou a polegadas do seu peito.

Anjo das sombras | Livro 4: O Rei Das Fadas Onde histórias criam vida. Descubra agora