Capítulo Dois

42 105 58
                                    

Victor Decker:

Meus pais limparam as lágrimas, então seus olhos se fixaram na direção de Puck, assim como meus irmãos. Zack sorriu amplamente e acenou para Puck, complementarmente animado, depois para Bond, que latiu animadamente em resposta.

A dinâmica familiar transbordava de calor e aceitação, mesmo diante do extraordinário que Puck representava. A cena deles interagindo parecia um quadro de normalidade, apesar de toda a magia e aventuras que eu tinha vivido. Era reconfortante perceber que, de alguma forma, a dualidade entre o mundo comum e o extraordinário podia coexistir harmoniosamente naquele momento.

— Pode me dizer o que aconteceu com você depois que saiu daqui? Quem é esse rapaz e o cachorro? — Minha mãe atropelou suas palavras.

Iria responder quando, de repente, ouvimos uma risada e os poderes das sombras surgiram quando algo explodiu atrás de nós. A atmosfera tranquila do reencontro transformou-se instantaneamente em tensão.

— O que diabos está acontecendo? — Brian perguntou, olhando ao redor com uma expressão preocupada.

Puck assumiu uma postura protetora, e Bond rosnou, seus sentidos alertas. Olhei na direção da explosão, me preparando para enfrentar o inesperado que parecia vir em nossa direção.

Uma risada emergiu das sombras, e as figuras de três criaturas bulbosas com pernas de caranguejo brilharam sob a luz da lua. Meu coração deu um pulo violento quando, como uma, elas desfraldaram-se e saltaram em nossa direção, pousando na grama com delicadeza. Endireitando-se, correram com pequenos movimentos em nossa direção. A parte superior de seus corpos era de esqueléticas mulheres emaciadas, com pele pálida e protuberantes olhos negros. Seus braços eram feitos de arame, e longos dedos em forma de agulha desenrolavam-se como garras enquanto elas se aproximavam, suas pernas destruindo a grama e trazendo uma onda de ira.

— Aqui está ele. – Sibilou uma, enquanto elas me cercavam, sorrindo. – Justo como o rei havia previsto.

Travei os dentes, já estava irritado com tudo isso.

— Muito fácil. – Disse com voz áspera outra, espreitando-me com um bulboso olho negro por completo. – Estou meio desapontada. Pensei que ele seria uma boa captura, mas é só um ser pequeno. Do que o rei tem tanto medo?

— O rei. – Eu disse, e todas as três piscaram para mim, surpresas de que eu estivesse falando com elas ao invés de encolher de medo, talvez. – Querem dizer, o rei que está morto. Não tem como ele estar atrás de mim. — Meus olhos faiscaram. — A menos que seja ...o filho mais velho do rei das sombras. Só pode ser sacanagem aquele....

As bruxas-caranguejos sibilavam, arreganhando dentes pontudos e podres.

— Não blasfeme contra ele assim, criança! — Uma gritou, seu glamour expandindo ao redor e as sombras da noite se revoltando no processo.

— Não seria mentira xingar. — Retorqui, encontrando em cheio os flamejantes olhos negros. — Mas essa fascinação que eles têm comigo é demais, ele vai ficar do mesmo jeito que o pai dele e vai querer me sequestrar.

— É claro que não! — Sibilou a irmã da bruxa — O rei deseja vingança pelo que você fez, nos aprisionou, e ele nos liderou até o caminho correto para poder ficarmos livres. Iremos levar você até ele e onde irá torturar você e sua família pelo que fez.

— Que se dane o rei — Falei, meus poderes estavam preparados. — Mas se tentarem encostar na minha família vão se arrepender imensamente.

As bruxas-caranguejos cerraram os olhos, como se tentassem processar minha resposta inesperada. A tensão no ar era palpável, e Bond rosnava, refletindo o nervosismo geral.

Anjo das sombras | Livro 4: O Rei Das Fadas Onde histórias criam vida. Descubra agora