Capítulo Seis

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Victor Decker:

Olhei para a massa negra que estava se desfazendo enquanto as meninas saíram de cima de mim, pedindo desculpas, então me abraçaram com força. Me afastei e levei um choque ao ver como ambas estavam desgrenhadas e machucadas pelos braços.

— O que aconteceu com vocês? — Perguntei.

— Está um caos na cidade — Caroline disse. — Pauline conseguiu encontrar os hospedeiros e fez com que trouxessem a gente para cá.

Olhei para a poça de piche que os hospedeiros se transformaram e um desespero me atingiu ao imaginar como devem ter ficado apavorados, quase à beira da morte.

— Não se preocupe — tranquilizou Pauline. — Tudo foi cuidadosamente calculado para evitarmos quedas.

— Discordo — Bruno disse, ainda vomitando.

Mark tossiu atrás de mim, e ao virar, lembrei-me de que ele e Blue ainda estavam presentes, ou que minha família estava a poucos metros, na porta da cozinha, olhando para toda a destruição.

— Não vai nos apresentar? — indagou Blue.

— Essa é a Caroline, a Pauline, e o que está vomitando é o Bruno — expliquei.

— Ele é meu irmão — acrescentou Pauline, indo na direção de Bruno com um pedaço de papel que tirou da calça rasgada.

Pauline agachou-se ao lado de Bruno, oferecendo o papel para que ele pudesse limpar-se. Enquanto isso, Blue sorriu, cumprimentando cada um de nós.

— Parece que passamos por apuros. Eu sou Blue, prazer em conhecê-los, mesmo que seja sob essas circunstâncias.

Mark, que ainda estava tossindo, levantou-se e estendeu a mão para cumprimentar Caroline.

— Você é o amigo do Victor antes disso tudo começar não é? Ele meio que me contou e Pauline fez o resto — Caroline disse. — Pauline tem algumas visões e conta demais.

— Victor, não disse muito sobre vocês — Mark disse e Blue chutou a canela dele.

— É...uma questão de pensar — Caroline disse.

Olhei ao redor, tentando encontrar minha família entre os destroços, quando avistei minha mãe se aproximando.

— Vocês estão todos bem? — perguntou ela, preocupada.

— Estamos vivos, mãe. Por um triz, mas estamos vivos — respondi, aliviado. — Mais quero dizer que estamos de partida nesse instante.

— Sim, estamos mesmo — Puck concordou ficando ao meu lado assim como brond que veio de dentro da casa. — Pra onde?

— Mas... — minha mãe começou e me olhou com calma, desistindo.

Sorri agradecido, sabia que poderia haver apenas um lugar que eu conhecia, onde um trod poderia estar funcionando aqui perto, um lugar onde os servos do novo rei das sombras nunca conseguiriam ir, muito menos se fechariam rapidamente.

Puck sentiu a mudança.

— Para onde estamos indo? — murmurou.

Tomei um profundo fôlego e recuei para encará-lo.

— Para Leanansidhe — Pauline e eu falamos juntos.

— Pelo menos até o trod da casa dela — adicionei.

Surpresa e uma centelha de alarme cruzaram o rosto de Puck.

— Tem certeza que ela pode ajudar? — Caroline perguntou.

Anjo das sombras | Livro 4: O Rei Das Fadas Onde histórias criam vida. Descubra agora