Victor Decker:
Ao amanhecer, minha mãe levantou e levou um susto ao me ver com a espada em mãos, lutando do lado de fora. Nesse momento, percebi que ela carregava consigo alguns álbuns de fotos, criando um contraste curioso entre o cenário de batalha e a nostálgica recordação de momentos passados.
— Bom dia — Falei.
— Como está se sentindo? — perguntou minha mãe.
— Estou bem — respondi.
— Já que voltou, estava aproveitando e vendo alguns álbuns de fotos, pensando em como poderia ser sua festa de aniversário — ela disse tensa. Na verdade, seria estranho ainda pensar que em breve farei dezessete anos. Além disso, uma festa não é algo que eu desejaria neste momento; tenho muitas preocupações imediatas, como encontrar uma solução para retornar a Nevernever.
Durante a madrugada, cogitei pedir ajuda a Leanansidhe, a Rainha dos Exilados. Mas será que ela nos ajudaria a encontrar uma solução para isso, considerando a tensa relação que ela e as cortes mantêm, permeada por um misto de ódio e rivalidade? Ainda mais comigo tendo usado suas palavras contra a mesma depois da ultima vez que nós vimos.
— Mãe, isso não é uma ideia muito boa — comentei. — Lembre-se, temos problemas com as cortes de Nevernever e os portais se fechando — acrescentei, expressando minha preocupação. — Além disso, uma festa de aniversário está longe de ser minha prioridade agora. Preciso me concentrar em resolver as questões em Nevernever antes de pensar em comemorações — expliquei, buscando transmitir a seriedade da situação. — Entendo que você queira celebrar, mas enfrentamos desafios maiores no momento. Focar em encontrar uma solução para o retorno a Nevernever deve ser nossa prioridade. A Rainha dos Exilados pode ser nossa única esperança, mas precisamos abordar essa situação com cautela — enfatizei, procurando garantir que minha mãe compreendesse a gravidade da situação.
Ela me olhou, seus olhos brilharam de preocupação ao me ver. Este sentimento pesava sobre mim de maneira dolorosa. Onde estava esse cuidado meses atrás, quando eu mais precisava? Sua atenção sempre esteve voltada para Brian e Zack, deixando-me de lado. No entanto, se eu expressasse isso em voz alta, machucaria ainda mais do que o tempo que ela me negligenciou. Decidi manter meus sentimentos guardados, sabendo que revelar minha mágoa só a magoaria mais. Em vez disso, respirei fundo a cada segundo.
— Eu... — ela começou, e eu já me preparava para uma possível retaliação. No entanto, agradeci quando Puck passou por ela em minha direção. — Vou preparar o café da manhã.
Aproveitei o momento de alívio e agradeci silenciosamente pela intervenção de Puck. Enquanto minha mãe se afastava para cuidar do café da manhã, senti uma mistura de emoções, ponderando sobre como abordaríamos os desafios que se desenrolavam em Nevernever. Puck, ao se juntar a mim, pareceu perceber a tensão no ar, e eu me preparei para discutir estratégias e possíveis aliados.
— A Lea pode ajudar? — perguntei.
— Se a conheço, seria capaz de dizer que tudo pode explodir para cima — ponderou Puck, estendendo-me a mochila que carregava desde ontem, algo que eu havia esquecido. — Tem alguma coisa acontecendo.
Peguei a mochila, abri o zíper e notei que havia o celular que Caroline Havaí me tinha dado. Havia um monte de mensagens, sugerindo que algo significativo estava se desdobrando. Abri a tela e eram mensagens dela surtando sobre como a cidade estava uma loucura. Vários feéricos relatavam que sua magia estava mais instável, com o glamour deles falhando em situações críticas. A gravidade da situação começou a se desenhar diante de mim, enquanto eu absorvia a magnitude dos eventos que se desenrolavam na cidade.
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Anjo das sombras | Livro 4: O Rei Das Fadas
AventureDentro de menos de vinte e quatro horas, Victor celebrará seu décimo sétimo aniversário e enfrentará uma escolha crucial. Apesar de tecnicamente já ter vivido dezessete anos, sua estadia prolongada em Nevernever o deixou apenas alguns dias mais velh...