Corro sem um destino no pensamento, sem ter exatamente para onde ir, apenas buscando a paz da solidão, e, um lugar onde eu possa colocar meus pensamentos em ordem.
Saio do refeitório e corro pelo campus, recebendo alguns olhares curiosos das pessoas conforme passo por elas, não me importo o suficiente para pensar no que elas podem achar de mim conforme apenas me afasto cada vez mais longe.
Vou me afastando de tudo, passo por prédios e lugares, até encontrar um local remoto o suficiente para poder me dar um pouco de paz. Uma pequena praça, na parte mais afastada do campus, com uma grande árvore onde eu me sento embaixo, e desabo completamente.
Minhas amigas não me fazem companhia, e dou graças aos deuses por isso. Não sei se elas não me seguiram por me conhecerem bem o suficiente e saber que eu ia querer ficar um momento sozinha, ou por ficarem tão chocadas quanto eu.
Collin tem uma namorada.
A garota com quem ele estava no outro dia estava de volta, dessa vez, no entanto, sua língua estava na boca dele.
Collin, por sua vez, não parecia incomodado. Muito pelo contrário, ele nem lembrava o cara tímido e recatado com quem eu sai no outro dia. Talvez, o problema seja eu. Será que ele já tinha uma namorada o tempo todo e estava apenas me enganando?
Eu pego o celular, escrevo mil rascunhos diferentes, mas, não mando nada para ele. Eu apenas fico ali, escrevendo coisas que não tenho coragem o suficiente para mandar, ignorando as mensagens que chegam sem parar das minhas amigas, preocupadas comigo.
Cerca de 15 minutos se passam quando ouço os passos pesados. Não olho, não quero ver quem é, e talvez o fato de eu não olhar ajude a pessoa a entender a mensagem e só dê o fora daqui.
Mas, é claro que isso não acontece. Continuo ignorando os sons, conforme as passadas se aproximam e eu ouço a pessoa sentar do outro lado da árvore em que eu estou.
— Você está bem?
Reconheço a voz assim que a ouço, não devia me surpreender, mas, me surpreendo mesmo assim.
— Pareço bem? — Respondo, de forma ácida.
— Não, mas não queria ferir seu ego dizendo que você está péssima e que foi uma tremenda cena a que você fez lá atrás. Aqui, toma. — Ele diz e empurra uma fruta e um achocolatado até meu lado da árvore.
— O que você está fazendo aqui? Você não foi exatamente amigável da última vez Nathaniel. — Digo, conforme estendo a mão e pego as coisas que ele colocou para mim, ainda sem olhá-lo nos olhos.
— Você pode me culpar por isso? Sinceramente, nem eu sei o que estou fazendo aqui. Estou com uma raiva fodida de você. Eu sei que não sou a pessoa mais agradável do mundo às vezes, mas, achei que a gente tava começando a se dar bem…
— Fui uma grande babaca…
— Sim, você foi. Mas, eu também não fui muito legal com você. É isso, você queria dar o troco e deu. Estamos quites agora.
— Eu não queria dar o troco em você. Eu só, não sei… Não quero ficar próxima de você, você me faz sentir coisas… Coisas que eu não quero sentir. E, num geral, é mais fácil agir como se você fosse um monstro malvado, do que aceitar a realidade, que você é alguém que… Tem essa química, essa energia e mexe comigo mesmo que não seja uma pessoa boa.
— Claro, o cara bom é o que te beijou num dia e beijou outra no outro dia.
— O Collin… Ele é… Especial, é diferente.
— Claro.
— Ei, não fale condescendentemente comigo, eu estou falando sério.
— Não quer que eu seja condescendente? Ok. Você é burra e está sendo burra caindo nesse joguinho. Não ficarei me metendo na sua vida, Aurora. Você é grandinha e sabe o que faz. Mas, eu achei que você fosse diferente. Estou decepcionado, essa é a grande verdade.
— Você não tem o direito de estar decepcionado comigo.
— Quem está sendo condescendente agora Aurora? Tenho direito de me sentir como eu quiser, porra. Ainda mais após você ter me usado como um pedaço de carne que você usou e jogou fora ao seu bel-prazer.
— Não é verdade o que você está dizendo.
— Não? Você fez igual a ele. Saiu da minha cama e caiu direto nos braços daquele cara. Não direi que foi bem feito, porque não sou tão vingativo assim princesa, mas, talvez, você tenha apenas colhido o que você mesma plantou.
— Quem é você para falar algo, Nath, colecionando nomes na sua cama. Afinal, você também estava com outra pessoa logo que eu sai da sua cama.
— Do que está falando? — Fala Nathaniel, dua expressão mostrando que sua confusão é genuína.
— Você não esperou muito para sair com a loira 3.
— Não seja ciumenta, princesa.
— Não estou sendo ciumenta, não tenho ciúmes de você.
— Eu já disse para você, não tenho nada com a Amber. — Nathaniel diz e solta um longo suspiro. — E não teria nem que ela fosse a última pessoa do mundo, pode ficar tranquila quanto a isso.
— Por que não teria?
— Ela não faz o meu tipo.
— Certo…
— Não acredita em mim?
— Não. Acho que você está falando apenas para me agradar.
— Eu não sou esse tipo de cara, eu tenho sido sincero com você, desde o início, nossa relação teria sido muito mais fácil se eu tivesse só contado uma mentira atrás da outra. Você sabe disso, é por isso que não gosta de mim, algumas vezes é difícil aturar a verdade. Enfim, agora que está melhor princesa, eu já vou indo.
— Ok.
— Só para deixar claro, assim que eu me levantar, voltamos a nos odiar, acabou essa nossa… Amizade? Dá para chamar o que a gente tinha de amizade? Não precisa mais fingir gostar de mim, me cumprimentar, ou passar tempo comigo, pode ficar tranquila que eu também não vou mais tentar conversar com você ou te salvar quando está bêbada ou triste. Certo?
— Certo. — Ouço os sons de Nathaniel se preparando para levantar, e, antes que eu possa me impedir, me pego dizendo. — Nath, não vai ainda, fica aqui comigo.
— Ok.
Ele diz e eu deslizo para mais perto dele, do seu lado da árvore. Apoio minha cabeça em seu ombro e ele desliza seus dedos pela minha pele.
Ficamos ali, por um tempo, mais tempo do que posso imaginar.
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A um e-mail de distância
RomanceAurora é uma garota inglesa comum, com uma família comum, amigos comuns e até um ex-namorado babaca comum, quando embarca em uma nova vida ao se mudar para Nova York para cursar a faculdade dos seus sonhos. Assim que pousa na cidade que nunca dorme...