Capítulo 39

109 22 50
                                    

Volto pelo mesmo corredor, com a mesma mulher. Meus passos parecem soar pesados, apesar de quão leve eu me sinto.

A senhora abre a porta e posso ver Nathaniel dando voltas enquanto me espera. Quando ele me vê, seus olhos parecem atentos, procurando qualquer sinal de que algo deu errado.

— Está tudo bem? — Ele pergunta ansioso. 

— Sim. Está tudo bem. — Respondo e abro um sorriso.

— Meu bem, você é uma mulher muito corajosa. Quando você mandou aquele cara calar a boca e disse tudo aquilo, uau. Foi lindo de ver. — A senhora que estava comigo disse com uma voz empolgada.

— Você mandou ele calar a boca? — Nathaniel pergunta com os olhos arregalados. 

— Mandei. — Respondo ainda sorrindo, orgulhosa de mim mesma.

Dou um abraço apertado em Nathaniel e em seguida saímos da penitenciária, um lugar onde nunca aspiro visitar novamente. 

Enquanto esperamos o táxi chegar, conto ao Nathaniel tudo o que aconteceu lá dentro. Tento repetir exatamente casa palavra que usei, mas algumas coisas simplesmente se perderam no momento. 

Nathaniel repete várias vezes o quanto está orgulhoso de mim. Por conseguir, por tudo o que falei, por finalmente ter me livrado dele.

Só então conto que também marquei uma consulta com uma psicóloga e ele parece ainda mais contente por isso.

Chegando a universidade, vamos direto ao meu quarto. O ambiente está diferente da última vez que estive aqui, apesar de Mirella não estar a vista posso perceber que ela passou por aqui e isso alivia meu coração. 

— Mirella passou por aqui. — Digo para Nathaniel olhando a bagunça.

— Fico feliz por sua amiga estar bem. — Ele diz.

— Eu também fico. — Respondo e me inclino em sua direção. 

Minha boca captura a sua e início um beijo que começa suave, mas logo se intensifica. Ainda na porta do quarto, seguro-o forte contra mim enquanto nossas línguas parecem dançar no ritmo perfeito.

Levo minhas mãos até suas costas por baixo de sua camiseta e sinto sua pele macia, faço o possível para mostrar que quero ele por completo. Não precisamos esperar mais. Só que então ele se afasta.

— Hoje não Aurora. — Ele diz ofegante. 

— O quê? — Pergunto realmente surpresa, meu coração dolorido pela rejeição. 

— Hoje foi um dia louco, cheio de preocupações e problemas. Não quero que pense nisso quando se lembrar da nossa primeira vez. Quero que pense no quão especial foi e não em como você havia acabado de ver seu ex na cadeia.

— Entendo… — Respondo ainda chateada. 

— Vou acertar cada detalhe princesa. Amanhã a noite, saia comigo. Passe seu tempo comigo e prometo que farei ser inesquecível. Farei cada segundo que você esperou valer a pena.

— Certo. — Respondo, sem fôlego dessa vez. Ansiosa pelo dia seguinte.

Nathaniel se vai logo em seguida — muita coisa para planejar, segundo ele — deito em minha cama e percebo que estou exausta, apesar de ainda ser cedo. 

Pego o celular e leio a mensagem que havia recebido. 

Mirella: Oi, estou bem. Não se preocupe. 

Dizia somente, meu coração se acalma dessa vez. Feliz por ter me preocupado à toa. Em seguida mando um e-mail para Conan contando sobre hoje.

.........................................................................
De: tur.p.aurora@gmail.com 
Para: CoNan.o.Barbaro@gmail.com 
Assunto: Hoje 

Não sei se eu te contei sobre o que aconteceu comigo, caso não tenha, prometo explicar melhor no futuro.

Nesse momento apenas queria compartilhar com você que fui atrás de superar meu trauma. Fiquei cara a cara com ele e venci Conan, eu venci.

Queria te contar isso por dois motivos, primeiro por que estou muito feliz e orgulhosa comigo mesma e segundo para te mostrar que se eu consegui você também consegue. 

Sei que nem sempre é fácil encarar os problemas de frente assim, eu mesma fraquejei e quase desisti por tantas vezes que nem sei contar, mas, quando você finalmente consegue isso, faz tudo valer a pena.

Sei que você também é forte Conan e pode ter certeza que estarei aqui para te apoiar.

Um beijo, 
Tur.
.........................................................................

Releio o e-mail após enviar e percebo que mandar um beijo para Conan se tornou algo tão natural que não percebi que o havia feito.

Isso pesa com culpa no meu coração, me pego pensando se ainda tenho algum sentimento além de amizade por Conan. 

Não chego a uma conclusão antes de pegar no sono, ainda com o celular na mão. 

O dia de sábado passa correndo, vou a minha primeira consulta com a psicóloga e conto para ela o que aconteceu e conto sobre ontem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O dia de sábado passa correndo, vou a minha primeira consulta com a psicóloga e conto para ela o que aconteceu e conto sobre ontem. Conto também sobre Nathaniel e sobre Conan e ela me ouve e faz perguntas, algumas perguntas que sequer sei como responder — o que ela disse ser normal — saio da sessão mais leve e com outra consulta marcada para a semana que vem. 

O resto do dia passa que eu nem vejo, talvez por ansiedade pelo que a noite me reservava, talvez porque essa mesma ansiedade me fez dar uma faxina completa em meu quarto que nem vi a hora passar. Quando dei por mim já faltava pouco menos de uma hora para o encontro e eu ainda estava suja, desarrumada e despenteada. 

Corri então para me arrumar. Tomei um bom banho, coloquei uma roupa bonita e fiz uma maquiagem leve. Quando eu estava terminando de passar batom. Ouço a batida na porta, seguida da voz de Nathaniel.

— Princesa, sou eu. Vamos? 

— Já vou. — respondo.

Pego minha bolsa e saio pela porta ansiosa pelo que há de vir.

A um e-mail de distância Onde histórias criam vida. Descubra agora