Volto pelo mesmo corredor, com a mesma mulher. Meus passos parecem soar pesados, apesar de quão leve eu me sinto.
A senhora abre a porta e posso ver Nathaniel dando voltas enquanto me espera. Quando ele me vê, seus olhos parecem atentos, procurando qualquer sinal de que algo deu errado.
— Está tudo bem? — Ele pergunta ansioso.
— Sim. Está tudo bem. — Respondo e abro um sorriso.
— Meu bem, você é uma mulher muito corajosa. Quando você mandou aquele cara calar a boca e disse tudo aquilo, uau. Foi lindo de ver. — A senhora que estava comigo disse com uma voz empolgada.
— Você mandou ele calar a boca? — Nathaniel pergunta com os olhos arregalados.
— Mandei. — Respondo ainda sorrindo, orgulhosa de mim mesma.
Dou um abraço apertado em Nathaniel e em seguida saímos da penitenciária, um lugar onde nunca aspiro visitar novamente.
Enquanto esperamos o táxi chegar, conto ao Nathaniel tudo o que aconteceu lá dentro. Tento repetir exatamente casa palavra que usei, mas algumas coisas simplesmente se perderam no momento.
Nathaniel repete várias vezes o quanto está orgulhoso de mim. Por conseguir, por tudo o que falei, por finalmente ter me livrado dele.
Só então conto que também marquei uma consulta com uma psicóloga e ele parece ainda mais contente por isso.
Chegando a universidade, vamos direto ao meu quarto. O ambiente está diferente da última vez que estive aqui, apesar de Mirella não estar a vista posso perceber que ela passou por aqui e isso alivia meu coração.
— Mirella passou por aqui. — Digo para Nathaniel olhando a bagunça.
— Fico feliz por sua amiga estar bem. — Ele diz.
— Eu também fico. — Respondo e me inclino em sua direção.
Minha boca captura a sua e início um beijo que começa suave, mas logo se intensifica. Ainda na porta do quarto, seguro-o forte contra mim enquanto nossas línguas parecem dançar no ritmo perfeito.
Levo minhas mãos até suas costas por baixo de sua camiseta e sinto sua pele macia, faço o possível para mostrar que quero ele por completo. Não precisamos esperar mais. Só que então ele se afasta.
— Hoje não Aurora. — Ele diz ofegante.
— O quê? — Pergunto realmente surpresa, meu coração dolorido pela rejeição.
— Hoje foi um dia louco, cheio de preocupações e problemas. Não quero que pense nisso quando se lembrar da nossa primeira vez. Quero que pense no quão especial foi e não em como você havia acabado de ver seu ex na cadeia.
— Entendo… — Respondo ainda chateada.
— Vou acertar cada detalhe princesa. Amanhã a noite, saia comigo. Passe seu tempo comigo e prometo que farei ser inesquecível. Farei cada segundo que você esperou valer a pena.
— Certo. — Respondo, sem fôlego dessa vez. Ansiosa pelo dia seguinte.
Nathaniel se vai logo em seguida — muita coisa para planejar, segundo ele — deito em minha cama e percebo que estou exausta, apesar de ainda ser cedo.
Pego o celular e leio a mensagem que havia recebido.
Mirella: Oi, estou bem. Não se preocupe.
Dizia somente, meu coração se acalma dessa vez. Feliz por ter me preocupado à toa. Em seguida mando um e-mail para Conan contando sobre hoje.
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De: tur.p.aurora@gmail.com
Para: CoNan.o.Barbaro@gmail.com
Assunto: HojeNão sei se eu te contei sobre o que aconteceu comigo, caso não tenha, prometo explicar melhor no futuro.
Nesse momento apenas queria compartilhar com você que fui atrás de superar meu trauma. Fiquei cara a cara com ele e venci Conan, eu venci.
Queria te contar isso por dois motivos, primeiro por que estou muito feliz e orgulhosa comigo mesma e segundo para te mostrar que se eu consegui você também consegue.
Sei que nem sempre é fácil encarar os problemas de frente assim, eu mesma fraquejei e quase desisti por tantas vezes que nem sei contar, mas, quando você finalmente consegue isso, faz tudo valer a pena.
Sei que você também é forte Conan e pode ter certeza que estarei aqui para te apoiar.
Um beijo,
Tur.
.........................................................................Releio o e-mail após enviar e percebo que mandar um beijo para Conan se tornou algo tão natural que não percebi que o havia feito.
Isso pesa com culpa no meu coração, me pego pensando se ainda tenho algum sentimento além de amizade por Conan.
Não chego a uma conclusão antes de pegar no sono, ainda com o celular na mão.
O dia de sábado passa correndo, vou a minha primeira consulta com a psicóloga e conto para ela o que aconteceu e conto sobre ontem. Conto também sobre Nathaniel e sobre Conan e ela me ouve e faz perguntas, algumas perguntas que sequer sei como responder — o que ela disse ser normal — saio da sessão mais leve e com outra consulta marcada para a semana que vem.
O resto do dia passa que eu nem vejo, talvez por ansiedade pelo que a noite me reservava, talvez porque essa mesma ansiedade me fez dar uma faxina completa em meu quarto que nem vi a hora passar. Quando dei por mim já faltava pouco menos de uma hora para o encontro e eu ainda estava suja, desarrumada e despenteada.
Corri então para me arrumar. Tomei um bom banho, coloquei uma roupa bonita e fiz uma maquiagem leve. Quando eu estava terminando de passar batom. Ouço a batida na porta, seguida da voz de Nathaniel.
— Princesa, sou eu. Vamos?
— Já vou. — respondo.
Pego minha bolsa e saio pela porta ansiosa pelo que há de vir.
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A um e-mail de distância
Lãng mạnAurora é uma garota inglesa comum, com uma família comum, amigos comuns e até um ex-namorado babaca comum, quando embarca em uma nova vida ao se mudar para Nova York para cursar a faculdade dos seus sonhos. Assim que pousa na cidade que nunca dorme...