Capítulo 1

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Acabo de descer do avião e ligo meu celular. Sei que posso mexer no aparelho durante o voo, mas por algum motivo não consigo, na verdade, eu nunca consegui — não que eu tenha viajado muitas vezes de avião, é claro — o que faz com que meu aparelho tenha ficado as quase 9 horas de voo desligado, enquanto eu dormia.

Quando saio do avião, estou morrendo de fome, o que não deveria ser surpresa para ninguém. Claro, que se eu tivesse comido no voo isso teria sido resolvido, mas escolhi aproveitar meu tempo dormindo e agora pago o preço da minha decisão. 

Sigo em direção a primeira lanchonete que encontro no aeroporto — e que obviamente me custará um rim — e peço um sanduíche e um refrigerante, enquanto checo as novidades do meu telefone. Minha mala pode esperar 10 minutinhos enquanto como alguma coisa, já meu estômago não consegue aguardar o tempo de pegar a mala, que sempre leva muito mais que alguns minutos. Como dizia minha mãe, saco vazio não para em pé.

Quando verifico o celular, posso perceber que muitas pessoas estão mandando mensagens perguntando da viagem e se eu já havia chegado, me apresso em responder a todos que havia acabado de pisar em solo americano, estava comendo e logo em seguida iria para meu quarto no campus.

Ter deixado família, amigos e até um ex namorado para trás foi a parte difícil de vir fazer faculdade fora da Inglaterra, minha mãe é uma mulher maravilhosa, no auge dos 40 anos, que contagia a todos com a energia que possui. Meu pai é ótimo também, ele trabalha demais e é muito focado, eu amo ele, mas minha mãe é o amor da minha vida, e mesmo tendo saído de perto dela hoje, já sinto falta da sua companhia e dos seus conselhos.

Conseguir essa vaga foi a realização de um sonho. Quando a carta dizendo que eu havia sido aceita chegou, eu nem acreditei uma vaga em uma universidade tão prestigiada e estava empolgada para o início das aulas, essa claro era a parte boa. Estudar numa ótima universidade, a faculdade dos meus sonhos, é muito mais do que “uma coisinha” como meu ex sugeriu, ao praticamente me tentar forçar a ficar.

Alguns minutos se passam, até que o atendente grite meu nome e eu me sente em uma das mesinhas para comer. Deixo meu celular ao meu lado enquanto como rapidamente, afinal minha mala está esperando, e a faculdade também.

Estou quase na metade do sanduíche quando pego novamente o celular em cima da mesa, para responder uma nova leva de mensagens. É nesse momento que percebo o aviso de novo e-mail, na tela de bloqueio.

De onde venho, ninguém se comunica por e-mail, então imagino logo que se trate de um spam, provavelmente alguém querendo me vender alguma coisa.

Por algum tempo nem me dou ao trabalho de checar do que se trata, mas aquele aviso de novo e-mail na minha tela me incomoda demais e sou vencida pela curiosidade. Desbloqueio o celular, abro o aplicativo e fico chocada ao perceber que é um e-mail de verdade, de alguém de verdade e não uma mensagem aleatória de alguém querendo me vender um curso.

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De: CoNan.o.Barbaro@gmail.com
Para: tur.p.aurora@gmail.com
Dia: 05 de setembro de 2022 — 21:52h
Assunto: A faculdade é uma droga

Cheguei no campus faz dois dias e já odeio a faculdade de novo.
O que você faria se eu trancasse?
Tenho certeza que ia me julgar e contar pra todo mundo porque você é ridícula.

Mas é sério, por que todo mundo aqui é tão mesquinho e prepotente? Nossa, preciso de férias. E estou aqui há dois dias, as aulas nem começaram ainda… Imagina quando tudo realmente começar.

Ps. Não esqueça de por comida pro Azeitona, ou mato você.

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