Capítulo 19

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Não sei quanto tempo passo ali com Nathaniel do meu lado, mas, sei que perdi totalmente o café da manhã quando vejo ao longe as pessoas indo pras duas aulas.

— É melhor eu ir. — Eu digo, sem me levantar.

— Eu também preciso ir. — Ele responde, mas, também, não se levanta.

— Li o seu trabalho. Ficou ótimo, poderemos apresentar um seminário ótimo.

— Não sei se vou continuar indo para essa aula princesa. Talvez você tenha que apresentar o seminário sozinha. — Ele me diz e eu o encaro, nossos rostos perto demais.

— Isso é por minha causa?

— Talvez…

— Não pode fazer isso, não pode perder uma aula todinha só por minha causa.

— Eu não vou conseguir trocar de lugar e não quero continuar sentando com você, não sobram muitas opções. — Ele diz e se afasta ligeiramente de mim.

Não sei o que dá em mim, eu deveria agradecer por isso, não fui eu que lutei tanto para me livrar do Nathaniel? Por que agora que pareço ter finalmente conseguido me livrar dele, eu me sinto frustrada? Era isso o que eu queria desde o princípio, não era?

Não, percebo finalmente, no começo podia até ser isso, mas, me acostumei com Nathaniel, com sua sinceridade e até mesmo com suas provocações. Eu realmente aprecio sua companhia, não é à toa que não quero me levantar daqui.

Me aproximo dele novamente, eu levo uma mão até suas costas, ainda sem saber direito o que estou fazendo. Encaixo meu dedo em seu queixo e aproximo meu rosto do seu.

Nossos lábios se tocam, e por um momento acho que Nathaniel vai se afastar, vai me empurrar para longe e ir embora de vez, mas, ele não o faz. Ele abraça minhas costas, e, pede passagem para sua língua.

O beijo é doce, calmo e lento. Não quero me afastar de Nathaniel, não quero me tornar alguém insignificante na sua vida. Quero estar perto dele, quero seu toque, sua amizade, quero nossas discussões e brigas, quero ele. E mesmo que eu não diga as palavras, eu demonstro isso nesse beijo.

Nossas línguas se envolvem, num ritmo perfeito. Nathaniel me puxa ainda mais em sua direção, nossos corpos colados fazem com que eu queira ficar ali, com ele para sempre.

Estou sem fôlego quando nos afastamos, seus olhos azuis profundos fixos nos meus. Estamos quase atrasados para a aula, mas, não consigo me afastar dele. Eu me agarro a sua camiseta, eu preciso que ele entenda.

— Sou uma idiota, fui uma grande babaca, me esqueço que você é tão ser humano quanto eu e pisei várias vezes na bola. Eu não mereço sua amizade, não mereço nem mesmo que você esteja aqui nesse momento. Mas, não quero perder você Nathaniel.

— Eu não sei o que dizer. Queria acreditar nas suas palavras, Aurora, de certa forma, até acredito, você está realmente arrependida, eu posso ver isso. Mas, não está assim por que está me perdendo e sim porque perdeu sua primeira opção. Sou o reserva, que você escolheu só quando seu plano principal falhou. Você não pensou sobre me perder quando saiu da minha cama e beijou outro cara embaixo da minha janela, ou quando levou esse cara num lugar que era especial para mim. Eu te disse que nunca teria nada com a Amber, e realmente não teria. Sei que ela tem um monte de defeitos. Mas, você não é melhor que ela, pelo contrário, ao menos ela sempre foi sincera comigo e consigo mesma.

Não consigo evitar que meus olhos fiquem marejados, não posso dizer que ele está errado, nem culpá-lo pelo que estou sentindo, é tudo culpa minha, minha indecisão me fez perder ambos.

— Só pensa nisso, eu errei. Estou arrependida, estou pedindo desculpas. Não precisamos ser melhores amigos, não preciso ser tua namorada. Só quero que não saia da minha vida.

— Preciso pensar sobre isso. — Ele diz e se levanta. — Não vou nas aulas hoje, preciso resolver uns assuntos de família. Tirarei esse tempo para pensar. Me encontre aqui, amanhã, no mesmo horário, prometo que terá sua resposta.

Eu o deixo ir e sigo para minha sala, meu coração está disparado, estou ansiosa pelo dia seguinte. Me pergunto quando exatamente Nathaniel se tornou tão importante para mim.

O dia passa devagar, minha ansiedade pelo dia seguinte me fazendo ter a sensação de que os minutos viraram horas

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O dia passa devagar, minha ansiedade pelo dia seguinte me fazendo ter a sensação de que os minutos viraram horas. Tento ao máximo prestar atenção em outras coisas para não focar no que está na minha cara, não focar na ansiedade, não focar nos sentimentos que eu tenho.

Quando chega a noite, estou uma pilha de nervos, tanto que aceito sair com Mirella e Tracy para uma das baladinhas que elas frequentam quase diariamente.

— Eu ainda não acredito no que aconteceu. Sério, eu realmente achei que o Collin fosse um cara legal. — Fala Tracy, indignada. Enquanto vamos caminhando até o local.

— Vocês ainda estão trocando e-mails? Me diz que você mandou uma mensagem para ele mandando ela para aquele lugar.

— Ele mandou alguns e-mails durante hoje, mas, nem abri. Não quero perder meu tempo com isso. Nem me iludir achando que a gente é algo que não existe. Ainda não me sinto pronta para responder ele, ele não sabe quem sou, não posso só chegar e xingar ele, não tenho esse direito.

— Você tem todo o direito de xingar ele se você quiser. É até bom que ele não sabe que é você.

— Não, Mirella. Eu não mandarei um e-mail xingando ele. Não quero pensar nisso, não quero pensar nele. — Não falo que quero pensar sobre amanhã ao invés disso, que quero pensar sobre o Nathaniel e não sobre o Collin.

Não contei para as minhas amigas sobre o que aconteceu. Não tive oportunidade, e também tive um pouco de medo do julgamento delas. Sei o que elas pensam sobre ele, sei que elas o acham um grande babaca, e, não sei como explicar que ele não é como parece.

Chegamos até a balada, e não é o mesmo local de antes. Não sei se fico feliz ou triste com isso. Só sei que bebo até esquecer, danço até não aguentar mais, e vivo sem me importar com a decisão que Nath tomara amanhã.

Já estou com a pernas fracas quando mãos envolvem minha cintura.

— Finalmente achei você Aurora. — Ouço a voz dizer, mas, estou embriagada demais para pensar em quem é o homem por trás das mãos firmes.

As mãos me arrastam para longe daquele lugar, ouço algumas palavras desconexas. Não sei quanto bebi para estar tão fora da realidade, mas, deve ser muito. Não vejo minhas amigas conforme sou arrastada para longe.

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