Capitulo 24

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Sigo Collin pelo refeitório e além dele. Até o lado de fora. Nenhum de nós dois diz nada durante o caminho. Apenas seguimos, Collin com as mãos nos bolsos e eu com o braço cruzado.

Quando ele finalmente para e olha para mim, suas bochechas estão coradas, ele olha para baixo ao invés de me olhar nos olhos, quero gritar com ele, quero colocar tudo para fora, de uma vez por todas, sem joguinhos.

— Sinto que te devo desculpas. — Ele finalmente diz.

— Você não me deve nada Collin, mas, seria bom se você tivesse explicado a situação desde o início.

— Eu… Estava confuso. Eu realmente gosto da Britany. Namoramos algum tempo… Estávamos separados quando nos conhecemos.

— E você nunca sequer cogitou me contar isso?

— Não achei que importava. Eu estava curtindo sua companhia. Você é legal e engraçada… Me lembra alguém muito especial para mim. Talvez, seja isso que complicou tudo… Esperar que você correspondesse as expectativas que coloquei em cima de você… Isso não é justo, sabe, ninguém deveria viver da expectativa de outra pessoa.

— Entendo o que quer dizer… Acho que também coloquei expectativas em cima de você. Quando a gente conversava, era tudo tão especial que eu queria que fosse de verdade e eu queria viver isso. Eu queria me entregar a essa versão de você. Mas, não era a mesma pessoa. Você nunca foi realmente como imaginei, e isso não é culpa sua. É culpa minha, por não deixar tudo claro desde o começo.

— Acho que nós dois devíamos ter sido sinceros e agora… Sei que já não faz sentido. Mas, queria continuar sendo seu amigo, conversar com você.

— Eu realmente não sei Conan. Tenho medo de acabar confundindo as coisas de novo. E... Preciso me desculpar, por não contar sabe… Eu poderia ter poupado muita coisa se só tivesse falado a verdade.

— Não importa, eu já sabia. Espero que seja feliz Aurora.

— Eu também espero Conan.

Me inclino até ele, pelo que sinto ser a última vez. Sinto seu cheiro, e me despeço de toda essa loucura que foi nossas trocas de e-mail, nossas conversas.

Eu realmente cheguei a achar que aconteceria algo mais entre nós dois. Quando a gente conversava pelos e-mails, parecíamos destinados a conversar, como se uma conexão louca e complexa nos unisse de uma forma especial.

Mas, nunca rolou o mesmo quando estávamos pessoalmente. Eu tentei e tentei, mas, como ele disse. Me confundi no meu papel. Misturei a realidade com o que eu acreditava que era a realidade.

Collin não era Conan e eu não devia ter esperado que ele o fosse. Não quando eu também não era Tur. Collin não me magoou por voltar com a ex, ele me magoou por não ser a pessoa que achei que ele era, e isso não é de forma alguma culpa dele.

— Você está bem? — Ele pergunta quando se afasta de mim.

— Estou, só… Não esperava que as coisas fossem assim. Sentirei sua falta.

— Também vou sentir sua falta, mas se um dia precisar, sabe onde me encontrar.

— Você também sabe. — Digo, apesar de torcer para que ele nunca fale comigo ou me mande e-mails novamente.

O observo se afastar e dou um aceno com a mão quando ele olha para trás. No momento em que ele some da minha vista, eu me permito escorregar até o chão e desabar, por essa pessoa que amei. Sim, eu amei Conan. Mas, ele precisava ir. E agora entendo isso.

Não sei quanto tempo passa, até que os mesmos passos pesados que sempre me resgatam se aproximem.

— Você está bem? Estou ficando cansado de te resgatar princesa.

— Você nunca se cansaria de ser um herói. É metido demais para isso. — Digo e olho para ele, que estende a mão para me levantar.

Aceito sua mão e também seu abraço quando já estou de pé. Meus braços o envolvem pela cintura e minha cabeça pressiona o tórax firme dele. Sinto seu cheiro e seu toque leve, mas ainda assim firme.

Nathaniel também é totalmente diferente do que eu esperava. Diferente de Collin, sei que temos uma conexão, algo que fugi, que me fez querer ir para longe, pois eu não queria admitir que isso existia, eu preferia continuar com essa ficção que tomei como realidade.

Subo minhas mãos até seu pescoço e olho para ele. Seus olhos azuis profundos estão atentos em mim, sua expressão séria me faz querer rir. Quem é o cara que se esconde por debaixo dessa máscara de badboy?

Fico nas pontas dos pés e um sorrisinho aparece em seus lábios antes de eu encostá-los nos meus. Minha boca se abre, meu peito vibra. Nossas línguas se encostam e ele me segura mais firme.

Eu me agarro nele, minhas mãos se envolvem em seus cabelos enquanto nos beijamos, hora suavemente, hora vorazmente. Seu corpo cada vez mais junto do meu.

Sua mão agarra forte minha cintura. Forte demais. Ele tira minha blusa com violência, quero gritar, mas não consigo. Meu peito dói, eu busco pelo ar, mas ele não vem, não consigo respirar. Eu morrerei, eu sei que sim.

— Princesa, Aurora… Respira, calma. Abre os olhos. Tô aqui com você calma. — Sua voz e tranquilizadora e preocupada.

Estou chorando, agarrada a Nathaniel.  Suas mãos descrevem círculos suaves pelas minhas costas.

— Calma. Respira. Olha para mim, vamos, respire junto comigo. — Olho para ele, não sei o que aconteceu. Mas sua boca está sangrando.

— Eu…

— Shh… Não fala nada, só respira ok? Está tudo bem.

Ele repete isso por alguns minutos, até que meu corpo pare de tremer. Até que minha respiração suavize e até que meu peito se acalme.

— O-o que aconteceu? — Digo apontando para sua boca.

— Você teve um ataque de pânico. — Ele diz, se esquivando deliberadamente da pergunta. 

— Ataque de pânico?

— Nosso beijo, fez seu corpo reviver o que aconteceu. Você entrou em pânico. É a primeira vez que acontece?

— No banheiro, com a Amber… Ela me segurou forte e eu… Ah… Meu deus, o que está acontecendo comigo Nathaniel? — Pergunto entre lágrimas.

— Você passou por uma situação traumática, amor, seu cérebro precisa de tempo para lidar com isso. É só isso, eu estou aqui com você. Vou te ajudar a passar por isso Aurora.

— Como você entende tanto disso?

— Eu já tive minha cota de ataques de pânico, princesa. Mas, não quero falar disso, não agora. Você precisa ir pro seu quarto. Devia falar com suas amigas também, e uma psicóloga talvez.

— Nathaniel…

— Aurora. Estou bem agora, ok. Mas, ainda é difícil falar sobre algumas coisas.

— Eu entendo.

Caminhamos em silêncio pelo campus. A mão de Nath não deixa minhas costas em momento nenhum. Meu corpo parece começar a voltar aos eixos cada vez mais, ele está certo, eu devia conversar com alguém sobre isso.

Quando chegamos ao meu quarto, ele para em frente a porta com uma expressão preocupada que tem se tornado frequente em seu rosto.

— Você vai ficar bem?

— Vou. Você vai? — Digo e aponto para sua boca.

— Isso aqui? Não foi nada.

— Me desculpe. — Digo e sinto minhas bochechas arderem de vergonha.

— Não precisa se desculpar, princesa.

— Obrigada, Nathaniel, por tudo.

— Não tem nada pelo que precise agradecer. Espero que fique bem, mas qualquer coisa me manda uma mensagem. — Ele diz se preparando para se afastar.

Não quero que ele se vá, mas, tenho medo do que pode acontecer se eu beijar ele de novo. Então observo enquanto ele se afasta lentamente. Uma lágrima rola pelo meu rosto. Solitária, como eu.

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