Mirella me leva até o quarto de Nathaniel, sem muitas perguntas. Não tenho espaço para discussão, não tenho escolha, então simplesmente passo seu endereço para ela e seguimos o caminho em quase silêncio.
Paramos em frente a sua porta, eu posso ouvir o barulho vindo lá de dentro, vozes e música. Bato a porta, mas não tenho resposta, então tento novamente.
Apenas na terceira tentativa a porta se abre. Por um momento penso que sairá de lá uma garota seminua, com o cabelo despenteado. Mas são os amigos dele que saem, me olhando de cima a baixo.
— Que foi? — Um dos caras pergunta, com uma voz de poucos amigos.
— Ela está aqui para falar com Nathaniel. Então você sairá da frente e deixar os dois sozinhos. — Mirella fala rapidamente, sem deixar que eu me pronuncie.
Espero que os rapazes argumentem ou simplesmente riam da ideia descabida de Mirella, mas eles apenas trocam um olhar e saem do quarto, deixando a porta aberta para que eu entre.
A música ainda soa alto quando coloco meus pés no quarto e fecho a porta atrás de mim. O quarto de Nathaniel esta exatamente da mesma forma que eu me lembro, e ele talvez pareca tão mal quanto na última vez também.
— Quem era? — Nathaniel pergunta, deitado em sua cama com os olhos fechados.
— Era eu. — Respondo baixo, levemente envergonhada de estar ali depois do show que dei.
Me aproximo do celular e desligo a música que soa dele. Vejo Nathaniel abrir os olhos no mesmo segundo que se dá conta de que sou realmente eu, em seguida ele rapidamente e se senta na cama.
— O que faz aqui, Aurora? — Ele pergunta.com voz firme, ainda irritado.
— Mirella pediu para eu vir, estou proibida de passar essa noite no meu quarto. Ela está assustada.
— Todos estamos Aurora. — Responde ele com um suspiro profundo.
— Me desculpe. Não devia ter dito aquelas coisas. Você tinha razão.
— Ligou para ele? — Nathaniel questiona, sem se importar com responder o que eu disse antes.
— Liguei. — Respondo sincera e desvio meus olhos.
— O que ele disse?
— Não deixei que ele respondesse. Apenas disse que faria de sua vida um inferno caso ele me procure novamente.
— Acha que isso vai mudar alguma coisa?
— Sinceramente? Não sei… Talvez mude, talvez não. Mas, eu precisava fazer isso… Você não consegue entender? Não quero fazer da minha vida, da minha intimidade um caso de polícia, não quero as pessoas julgando se estou ou não falando a verdade, me taxando de coisas só porque eu havia bebido. O mundo não é cor de rosa, Nathaniel, ir a polícia nem sempre resolve as coisas.
Nathaniel não diz nada por um momento, ele apenas se levanta e vem até mim. Seu braço passa ao redor do meu corpo em um abraço caloroso e por alguns segundos me pergunto se eu deveria afastá-lo ou não, não o faço, preciso desse abraço tanto quanto ele, talvez mais. Minha cabeça encosta em seu peito e ficamos assim por algum tempo.
Ouço sua respiração descontrolar, não precisamos de palavras nesse momento, não digo que sei que ele está chorando e ele estende o mesmo favor a mim.
Não sei quanto tempo ficamos ali, abraçados, foi o suficiente para todo problema parecer não existir mais. Quando nossas respirações finalmente estabilizam, eu olho em seus olhos novamente.
— Me desculpe por gritar com você, não quis dizer aquilo.
— Não peça desculpas, Aurora, eu devia ter te entendido. Você passou por um momento difícil. Eu devia estar aqui para você e não contra você.
— Não sinto que está contra mim Nath, apenas lidamos de maneira diferente com as coisas.
— Mas você tem razão, é o seu corpo. Não importa o que eu fale, no fim a decisão é somente sua.
— Não vamos começar a discutir de novo, vamos?
— Às vezes uma discussão saudável é necessária, sabe? Precisamos nos expor e mostrar nossos problemas num relacionamento.
— Isso parece uma frase pronta. Andou vendo vídeos de coach motivacional Nathaniel?
— Eu só quero ser um bom namorado para você. — Ele dize dá uma risada, mas posso ver seu rosto enrubescido.
— Você é um ótimo namorado, Nath.
— Que bom Aurora, porque amo você.
Meus olhos firmam nos seus depois das palavras que ele diz, mas não tenho tempo de processar ou de responder alguma coisa.
Nathaniel me toma apressado em seus braços, a boca cobre a minha com fúria mais delicadeza, como se ele quisesse silenciar qualquer resposta que eu pudesse dar naquele momento.
Fecho os olhos conforme aprofundamos o beijo. Seu corpo quente está colado em mim, mal consigo respirar, meu coração bate forte, mas não de uma forma ruim. Não é o medo que move meu corpo, é o desejo. Minha mão passeia pela sua pele suave e retiro sua camiseta.
Nathaniel é um homem lindo e hoje sei que essa beleza não acaba em seu corpo, ela se estende por dentro, em sua alma.
O calor começa a assomar pela minha pele, meu corpo quase parece febril. Minha boca não deixa a dele em momento algum, minhas mãos não deixam sua pele.
Logo estamos em sua cama, estou sentada em cima de Nathaniel completamente vestida. Beijando-o com uma paixão avassaladora.
Eu o sinto por baixo de mim, rígido apesar da calça jeans grossa que ele usa. Me lembro da última vez em que estivemos em posição similar, nessa mesma cama. Me sinto péssima em lembrar que sai daqui correndo para os braços de Collin e me sinto mal por um segundo.
— O que foi princesa? — Ele diz percebendo que algo de errado passa pela minha cabeça. Seus olhos brilham em preocupação.
— Não é nada, apenas me lembrei de como fui uma cretina da última vez.
— Não gosto muito de pensar naquele dia. Era um momento difícil para mim e encontrei conforto nos seus braços. Até que você vai embora e para minha surpresa olho pela janela e vejo a boca que acabou de me confortar nos lábios de outra pessoa.
— Não vou ser mais uma cretina com você Nathaniel.
— Fico feliz por isso.
— Não vou ser mais uma cretina porque amo você. Amo tanto você. — Digo e os olhos de Nathaniel brilham em resposta.
— Achei que não admitiria nunca. — Ele diz e me puxa para ele novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A um e-mail de distância
RomanceAurora é uma garota inglesa comum, com uma família comum, amigos comuns e até um ex-namorado babaca comum, quando embarca em uma nova vida ao se mudar para Nova York para cursar a faculdade dos seus sonhos. Assim que pousa na cidade que nunca dorme...