Levanto e vou até a porta, passo a mão pelo meu cabelo levemente despenteado, mas nem mesmo me dou ao trabalho de arrumá-lo realmente, não me importo que Amber pense sobre o que acontece porta adentro. Abro pouco a porta para o quarto atrás de mim não ser visto.
— Oi, Amber, o que você quer? — Pergunto com falso tédio.
— O que está fazendo aqui? — Ela pergunta de volta, seus olhos arregalados.
— Não é como se fosse da sua conta, mas tive um problema no meu quarto, então vim dormir com meu namorado.
Amber fica embasbacada por um tempo, sua boca abre e fecha novamente sem saber como reagir. Seus olhos tentam vasculhar o máximo possível, tentando verificar a veracidade do que eu disse.
— Vocês não estão mesmo namorando. Ele está jogando com você e você é patética o suficiente para cair no jogo dele. Depois que ele tirar tudo o que puder de você, ele parte para outra. Como ele sempre faz.
— Não vou cair no seu papinho, Amber.
— Não é papinho Aurora, ele vivia comigo antes de você chegar…
— E você vivia se arrastando para cima de um cara que não estava a fim, eu tenho olhos Amber. Entendo que esteja com ciúmes, mas não vou me abalar com você.
— Ciúmes? Acha que estou com ciúmes? Por favor, Aurora, você nunca será nem mesmo metade da mulher que eu sou. Você é patética e está cega pelo Nathaniel.
— Se estou cega pelo Nathaniel, o que você está fazendo no quarto dele? Ninguém foi atrás de você, Amber, você veio até aqui. Então quem realmente é patética?
Amber fica em silêncio por algum tempo, sua bochecha ruboriza de leve, enquanto seus olhos faíscam de raiva. Posso praticamente ver sua cabeça lutando para achar uma resposta e falhando. Sua fachada de confiança parece ruir em frente aos meus olhos.
— Não preciso que acredite em mim, Aurora, estarei sentada na primeira fila quando ele deixar você para trás. Conheço ele e você… — Ela deixa a frase morrer e levanta as sobrancelhas num gesto enfático.
Meu coração bate forte, mas não me deixarei abalar por suas palavras. Apenas me afasto da porta, prestes a fechá-la na cara de Amber quando ela da sua cartada final.
— Pergunte a ele sobre o irmão e sua namorada Aurora. Adorará saber quem seu namorado realmente é. — Ela diz com um sorriso, então eu finalmente fecho a porta em sua cara.
Me viro de volta para Nathaniel, ele está vestido com a calça novamente, sentado na beira da cama e seus olhos estão fixos em mim, atentos, como se ele estivesse avaliando qual será minha próxima reação.
— Era Amber. — Digo somente.
— Eu sei, ouvi o que ela disse. — Seus olhos desviam dos meus antes que ele continue. — Preciso tomar um banho, mas podemos conversar antes se você quiser.
— Não precisa, tome seu banho Nathaniel, não vou me afetar pelas palavras da Amber. — Digo, decidida, apesar do meu coração martelando no peito.
Nathaniel se levanta e me beija suavemente antes de ir tomar banho, no minúsculo banheiro que temos nos quartos. Enquanto fico ali, é inevitável não pensar no que Amber disse.
Quando eu e Nathaniel nos conhecemos, eu diria que ela estava totalmente certa de todas as acusações que fez. Tudo em seu jeito demonstrava isso, mas hoje as coisas mudaram. Confio plenamente em Nathaniel, mas e se eu estiver equivocada? E se tudo o que ele quer é adicionar meu nome em sua lista de conquistas? Eu realmente conheço o Nathaniel bem o suficiente ou estou apenas me deixando levar pelos sentimentos que desenvolvi?
A insegurança bate quando Nathaniel volta do banho, seu olhar recai em mim e vejo que ele percebe que estou diferente de antes. Nathaniel se aproxima calmamente de mim e senta-se ao meu lado, suas mãos cobrem as minhas quando ele simplesmente começa a falar.
— Fui apaixonado por uma garota, por muito tempo. Ela estava sempre em casa porque ela e meu irmão eram amigos, ela sempre era muito legal comigo, me elogiava e me fazia sentir especial.
Nathaniel para de falar por um momento e encara meus olhos, meu coração se acelera, de medo ou ansiedade pelo que ele dirá, eu não sei.
— Cheguei a achar que ela tinha algum interesse em mim, sempre sorrindo ou me dizendo coisas bonitas. Até que um dia, ela e meu irmão assumiram namoro. Fiquei… Chateado, criei uma grande encrenca nesse dia. Meu irmão nem sonhava que eu era apaixonado por ela, então foi um choque.
Nathaniel novamente faz uma pausa, mas dessa vez seus olhos não encontram os meus. A dor é nítida em sua expressão.
— Quando meu irmão foi para a guerra, ele me pediu para que cuidasse dela caso algo acontecesse… Não falo com ela desde então. Ela se afastou da família, não fala com ninguém. No começo, eu mandava mensagens, perguntando se ela estava bem, até que ela me pediu para deixá-la em paz.
— Nath… — Começo, mas não sei o que dizer. Seria ciúmes essa dor que aperta meu peito?
— Eu não sinto mais nada por ela e eu já tive outras pessoas por quem me apaixonei. Mas, realmente, fiquei muito tempo obcecado por ela, foram quase 10 anos a amando secretamente. Nesse tempo tive apenas uma namorada, terminei, pois não achava justo estar com ela sentindo-me como sentia, mas já fazem 5 anos que ela deixou minha vida. Esse assunto surgiu, pois eu disse a Amber que ainda gostava dela em uma das vezes que ela… Tentou algo. Não deveria ter mentido, mas, não me importo com a Amber o suficiente para ser sincero.
As peças parecem se encaixar nesse momento, o fato de Amber estar tão interessada que eu saiba desse assunto. Uma parte de mim ainda se questiona sobre a veracidade dessa história, mas basta uma olhada no rosto de Nathaniel para saber que ele não está mentindo.
— Você disse no outro dia que sempre foi sincero comigo…
— Sim, é a mais pura verdade. Não estou mentindo Aurora… — Ele começa a falar, mas o interrompo.
— Não acho que esteja mentindo. Só não entendo por que foi sincero comigo desde o início, quando não parece estender o mesmo as outras pessoas.
— Você parece diferente da maioria. Chamou minha atenção desde o início Aurora e você não tem ideia do quanto foi difícil manter-me longe de você.
Eu apenas sorrio com a resposta doce que recebo, não tenho tempo para respondê-lo, pois seus lábios cobrem os meus antes que qualquer palavra possa deixar minha boca.
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RomantiekAurora é uma garota inglesa comum, com uma família comum, amigos comuns e até um ex-namorado babaca comum, quando embarca em uma nova vida ao se mudar para Nova York para cursar a faculdade dos seus sonhos. Assim que pousa na cidade que nunca dorme...