Love Shot | Yin War 🧡💜

Cap 03 - 🧡💜

POV YIN

Com o passar dos dias, muitos representantes das gangues começaram a chegar, até o momento não havia ocorrido nenhuma briga ou morte, o que significa que esse plano maluco realmente poderia dar certo. 

O principal negócio da Wattana é o transporte de armas e drogas para máfias ou pessoas de grande poder, mas agora estaríamos envolvidos em roubos, isso por si só já estava ferindo os princípios da gangue e para completar ainda estaríamos nos aliando aos Mizushi. Não sei ao certo se isso é bom ou ruim, mas nem todo mundo parecia feliz quando anunciaram que o tal representante da Mizushi estaria chegando naquele fim de semana.

Nesse meio tempo, também estranhei o comportamento do meu pai, ele não implicava mais se eu estava ou não envolvido com a gangue e os treinos, não me dava mais missões bobas de espionagem das gangues menores e nem reclamava para o vento o quanto eu era decepcionante, mas eu sabia que aquela paz era temporária e que em breve ele revelaria sua verdadeira intenção.

Enquanto isso não ocorria, eu pude aproveitar minha pausa para fazer uma revisão em minha moto e acompanhar meus idols kpop nas redes sociais. Talvez se eu não tivesse a responsabilidade de cuidar da Wattana no futuro, agora eu estaria de férias da faculdade de cinema, enquanto visitaria a Coréia do Sul, mas tudo isso foi um devaneio interrompido por minha querida mãe me chamando, ao que parece meu pai queria falar comigo em seu escritório, o que significava que o fim de minha paz estava mais perto do que eu imaginava.

- Queria falar comigo Khun Wattanna ? *¹

- Você é meu filho, não precisa ser formal! - Ele exclamou com um meio sorriso enquanto indicava a cadeira a sua frente para me sentar.

- Como quiser...

- Bem, deve está curioso para saber o motivo de eu querer falar com você.

- Digamos que está mais para sem escolha mesmo.

- Eu gosto do fato de você não demostrar medo de dizer o que pensa.

- Eu aprendi com o melhor, de qualquer forma vamos direto ao assunto, o que quer de mim?

- O que quero você ainda não pode me dar, mas com esse acordo entre as gangues, finalmente a chance de vingança está próxima.

- E voltamos a vingança, não pode pensar em outra coisa? - Rapidamente sinto meu corpo arrepiar, eu havia deixado escapar algo sem pensar nas consequências, meu pai me lançou um olhar de desprezo enquanto sua mente parecia divagar no que dizer. - Eu não quis dizer...- Tentei contornar a situação, mas já era tarde demais.

- Eu sei que já ouviu essa história muitas vezes, mas parece que preciso refrescar sua memória. A muito tempo atrás, havia uma gangue do Japão de nome Mizushi, ela foi fundada por três amigos, seus nomes eram Makoto, Chiyo e Akira, eles eram muito próximos, mas isso não impediu a sequência de tragédias que se encadearia a seguir. Três anos depois que a gangue foi fundada, Akira queria espandir os negócios, mas Chiyo e Makoto tinham outros planos, eles queriam deixar a gangue e viver suas vidas juntos e isso só ficou mais sólido depois que Chiyo descobriu estar grávida, não sei ao certo os detalhes do que aconteceu depois disso, mas sei que Akira não aceitou muito bem a decisão do casal, ao que parece ele tinha uma obsessão por Chiyo e com medo os dois fugiram para Tailandia onde nós o acolhemos, um ano depois você nasceu e lembro de que eramos felizes naquela época, com o tempo passando o filho de Chiyo acabou se tornando seu amiguinho de infância, vocês dois viviam juntos correndo pra todo lado. - Nessa hora seu olhar brilhou como se estivesse lembrando de algo muito feliz ao qual não existia mais, senti um nó se formar em minha garganta, queria que ele não me contasse o final dessa história, parando pra pensar eu sempre evitei ouvir o final dela, como se fosse me quebrar por dentro toda vez que ouvisse aquele relato. - Só que quando você tem um passado não resolvido ele sempre volta para te assombrar.  isso acabou resultando na morte de Makoto, de sua mulher e seu único filho, eu e sua mãe não podíamos ter feito nada para evitar aquela tragédia, mas juramos vingança para garantir o descanso de suas almas e é por isso que nosso lema é... - Ele me olhou como se quisesse que eu respondesse para mostrar que eu entendia.

- Sempre pagamos nossas dívidas! - Respondi com a voz rouca, fiquei feliz por ele não ter contado os detalhes da tragédia, acho que era ainda mais difícil para ele lembrar disso.

- Muito bem, espero que não se esqueça disso, devemos essa vingança a quem muito nos ajudou no início da formação da Wattana, mas não te chamei aqui para reforçar o óbvio em sua cabeça, te chamei porque tenho uma missão especial para você.

Assenti em concordância enquanto via ele pegar um tablet e me entregar. A primeira coisa que vi era a imagem de um caminhão, arrastando a tela havia outras imagens de mais caminhões e detalhes dos locais de rota e entrega.

- O que isso significa? - perguntei ainda confuso.

- Isso é uma informação de primeira mão, é sobre o tipo de negócio que a Wattana e várias outras gangues iram entrar, estou falando de roubo de cargas.

- Mas a Wattana nunca roubou antes! Nós fazemos contrabando e transporte.

- É óbvio que eu sei o que fazemos Yin, a questão aqui é inovação, existe uma nova tecnologia chegando do exterior para ser comercializada aqui no oriente, é um tipo de chip de computador que eles chamam de Clone, não temos mais detalhes além desse, mas pelo nome você já pode ter uma ideia, imagina um chip capaz de clonar todo sistema operacional como um vírus de computador e mandar para qualquer lugar do mundo, quantos bancos não ficariam desprotegidos?

- Isso é realmente grande, mas se a Yakuza quer colocar todas as gangues nesse roubo, como eles vão garantir que nenhuma gangue irá se rebelar ou roubar o chip? 

- Isso é simples, eles são poderosos o suficiente pra você nem cogitar os trair, sem dizer que só quem sabe sobre a real carga de valor é o pessoal de cima, eu e você. - Ele solta um riso de lado, o que me causa mais arrepios.

- O que eu tenho a ver com isso tudo?

- Eu encontrei a oportunidade perfeita para realizar nossa vingança filho! - Queria ter dito "sua vingança", mas não estava a fim de remoer mais lembranças tristes do passado.

- O representante da Mizushi chega amanhã, seu nome é Masa, quero que você se aproxime dele e não o perca de vista nenhum segundo, eu sei que você é bom em se esgueirar, então use seu único talento ao máximo.

- E com que finalidade eu vou fazer isso? - perguntei tentando manter a calma.

- É simples, convença ele a roubar o chip, se a Yakuza desconfiar que o representante da Mizushi não é confiável, basta uma ordem para aquele pedaço de merda conhecer o inferno e o melhor de tudo é que não sujarei minhas mãos no processo.

Estava em meu quarto ainda tentando processar tudo que ouvi naquele escritório hoje, não me importava se a Wattana tinha uma vingança, ou se toda essa desgraça aconteceu aos amigos de meus pais, estava chateado porque mais uma vez eu iria ser usado como objeto, ele nem havia se dado ao trabalho de perguntar se eu aceitaria ou não fazer parte daquilo, mas agora não havia como escapar, eu teria que condenar um inocente em nome de um passado trágico e cruel.

*¹[Khun: é um termo formal para se referir a uma pessoa, como por exemplo "Senhor"]