𝖰𝗎𝖾𝗋 𝗌𝖾𝗋 𝖽𝗂𝗀𝗇𝗈 𝖽𝖾 𝗌𝖾𝗀𝗎𝗋𝖺𝗋 𝖴𝗍𝗂𝗅𝗂𝗌? 𝖲𝖾𝗃𝖺 𝗀𝖺𝗒.
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VOCÊ TENTAVA CONTROLAR O TREMOR
de suas mãos, assim como sua respiração.A data que previu para a batalha se aproximava muito rápido, podia jurar que ainda tinham semanas, semana que na verdade, eram algumas horas.
Todos com o mínimo de poder sobre a legião, sendo os pretores, o áugure, os centuriões e você, estava divididos em áreas diferentes, organizando coisas diferentes.
Tirou um tempo para se separar da parte da legião que estava cuidando, podendo finalmente respirar direito.
Olhar para todas aquelas armas te trazia lembranças que, na teoria, nem tinha ainda. Manchas de sangue pela superfície de metal das manubalistas te assustavam, assim como os pedaços de coisas que um dia foram chamadas de arma espalhadas por toda a parte.
As vozes dos campistas que ouvia atrás de você passavam por seus ouvidos chegando como gritos agoniados em sua mente.
O cenário piscava. Hora estava no Campo de Marte no Acampamento Júpiter, hora estava no topo do monte Ótris, vendo e ouvindo coisas horríveis.
Sua respiração, antes desregulada, se tornou ofegante e desesperada. Não queria mais ver aquilo. Passou todas essas semanas se preparando para o evento, revendo a mesma cena várias e várias vezes, por que agora não podia ser diferente?
Questionamentos nunca eram bom sinal, principalmente a beira de uma crise. Precisava se distrair antes que começasse a gritar, espernear, chorar e sabe-se lá mais o que.
Os campistas. Ver o futuro era horrível, você odiava esse dom, mas os campistas faziam valer a pena.
Se virou para olhar para eles. Rostos sérios, talvez devido a situação que estavam se preparando para enfrentar. Mesmo com o rosto fechado, ainda era possível ver o brilho da inocência nos olhos de cada um.
Um grupo de campistas mais jovens, uns onze anos, passou correndo, esbarrando em um garoto mais velho carregando partes de armaduras.
— "Ei, cuidado!". - Ele gritou, vendo as crianças o ignorarem, correndo para longe. O campista suspirou cansado. - "Crianças". - Sussurrou.
Você sorriu com a situação. Crianças. Eram irritantes na maior parte das vezes? Sim. Mas mesmo assim conseguiam ser uma espécie de luz na legião, tirando o foco dos mais velhos do trabalho com suas brincadeiras ou fugas do acampamento.
Sim, fugas. Crianças costumavam tentar fugir frequentemente, não as julgava, tinha tentado mais de trinta vezes, coisa de criança romana.
Se está se perguntando o porque, apenas imagine. Você é uma criança, talvez não feliz, mas com o mínimo de liberdade e vontade própria. Faz pegadinhas idiotas ou lê livros que despertam sua atenção a tarde inteira.
Até que um dia, seu genitor te abandona no meio do nada. Você é salvo por uma matilha de lobos que te abandonam logo depois, sendo acolhido por romanos. Mas, sua estadia tem preço. Ou você trabalha, abrindo mão de boa parte de seu tempo livre, ou está ferrado. Como se sentiria e qual seria sua primeira reação?
Se sua resposta foi qualquer coisa parecida com "Eu adoraria" procure ajuda psicológica imediatamente, você está precisando.
Crianças romanas eram apenas crianças tentando fazer coisas de criança. Brincar, correr, atrapalhar e, de certa forma, ser um peso.
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𝐒𝐓𝐘𝐋𝐄 // Reyna Avila Ramirez-Arellano
FanfictionOnde Sophia Georgius, uma jovem problemática, descobre o motivo de nunca ter ouvido falar de seu pai e acaba parando em um acampamento romano sem graça. A natureza de Sophia não a impediria de quebrar algumas das regras severas do local, frequente...