20. Lágrimas de Desdêmona

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A voz de Vegas ia e vinha em sua mente, cíclica, repetitiva, firme e dolorosa:

"Chan, meu amigo, desculpe-me ter insistido tanto para você namorar o primo do meu marido. No fim, você estava certo. Ele não o amava de fato, é só a memória de outra vida!"

Ao ouvir as palavras de Vegas, o coração de Chan saltou no peito. A culpa veio a cavalo e oprimiu sua alma.

Eles estavam tão próximos e agora levariam outros mil anos para estarem juntos? Não se dependesse dele. E mesmo que ele não entenda seus sonhos, de repente ele acredita que sim, vale a pena enfrentar todas as dores antigas e não deixar Rak escapar.

Desceu pelas escadas, sem paciência para esperar o elevador e sem pensar em quantos andares o separava de seu carro.

Entrou no automóvel com o coração saltando fora e correu para a casa de khun Tom. Casa fechada. O porteiro disse que os viu sair cedo e ele retornou irritado consigo mesmo.

Ficou com raiva de si mesmo por não ter redes sociais. Tentou falar com Tom Rungrot e o sinal não estava livre. Desistiu de seu orgulho e ligou para Vegas.

- Ele não está em casa. Diz logo onde ele está?

Vegas quase brincou com os nervos do outro, mas a realidade era melhor que qualquer pegadinha: ele tem que correr atrás de Rak se quiser consertar tudo isto logo.

- Rak está na casa de Khun, na piscina.

Chan desligou sem agradecer. Virou o carro no acostamento e voltou em direção a casa de khun Khorn. Não tinha planos sobre o que dizer, mas estava certo que levaria Rak consigo para qualquer lugar longe do emplumado estilista.

"Aquele pavão me paga se colocar um dedo no meu menino!"

O problema é que durante todo o trajeto sua memória era bombardeada de imagens dos dois juntos. Rak e Khun na piscina. Eles juntos olhando os croquis das instalações dos desfiles. Juntos jogando com Venice. Os dois brincando na praia. Khun tirando as medidas de Rak para o desfile. Eles dormindo na rede, ou dividindo uma cama-bóia na piscina de Tawan. Os sorrisos. Os abraços.

Até aquele dia, cada uma dessas ocasiões foram vistas como demonstração de afeto, cumplicidade familiar e pura amizade. Agora o monstro que despertou no peito de Chan aponta para cada uma dessas situações como oportunidades que Tankhun usou para se aproximar do coração de Rack.

"Cisne Dourado, você é um canalha se fazendo de amigo! Não deixe eu lhe acertar, Tankhun! "

Os pneus "cantaram" no asfalto enquanto ele sofria as dores do inferno na alma. Os sorrisos do Rack surgem um por um em cada interação com Khun. E as lembranças se embaralham, nublando seu raciocínio e roubando o restinho de paz que ainda tinha. Entrou na alameda que leva à residência Theerapanyakul e praticamente atravessou o portão principal, um pouco depois de evitar chocar com o automóvel que saia por ali também em alta velocidade.

Estacionou o carro de qualquer jeito e entrou, indo direto para a piscina.

O primeiro som que ouviu foi a risada assustada de Rak.

- Só não apanhei porque ele estava cego para o mundo. Só viu o Khunkhun. - O riso dos presentes, que acompanhou o comentário não foi ouvido ou percebido pelo homem que chegava, pois ouvir o nome de Tankhun sair tão íntimo daqueles lábios causaram ojeriza em Chan e a raiva que ele tentou controlar, quando desceu do carro, voltou arrasando seu ser.

O Fruto Proibido 3    #ChanRakOnde histórias criam vida. Descubra agora