23. Adeus, Rak!

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          Rak estava feliz com sua nova vida. Namorar Chan era algo bom e reconfortante e mesmo que às vezes sinta que falta  algo.

         No início, certas ações supriam a necessidade de palavras,  mas a convivência mostrava que viver com um homem tão introvertido não estava funcionando. E quando parecia que nada o abalaria ainda mais a sua confiança, Rak recebeu uma visita inesperada no escritório. 

(Dim Tee Sivakorn  - [Guy  Lertchuchot Sivakorn])

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(Dim Tee Sivakorn  -
[Guy  Lertchuchot Sivakorn])

         Dim Tee Sivakorn se apresentou como marido de Chan. Rak não acreditou,  mas o ouviu.  Estava ali alguém que conhecia Chan e sua história e dividia com ele segredos e Andy.

          Segundo Dim, ele se sentia vítima do luto de Chan. Afirmar que suportou e perdoou a traição de Chan foi o auge. Em lágrimas, Dim Tee contou o que sentiu quando não suportando a dor do marido,  partiu.

        -    Eu não sabia, nong Raksh que ele se partiria ao meio com a morte da filha. Mas o auge mesmo foi ele assumir que nossa relação era infértil pois por minha causa ele não teria outros filhos.

         Rak odiou cada uma daquelas palavras,  mas se manteve firme e irredutível,  perguntando com uma falsa  curiosidade muito bem disfarçada:

         -     Desculpe-me, o que tenho a ver com tudo isso?

         Entretanto Dim Tee se sentia a própria voz da consciência alheia e insistiu em suas declarações e desabafos.

         -     Você tem tudo a ver,  nong. Eu que não deveria lhe procurar, mas se o faço é por dever de humanidade.  Ninguém pode ser enganado por um homem,  mesmo que esse engano aconteça por causa da ferida de alguém.  Chan nunca se recuperou do abandono dos pais. Nunca perdoou a avó e jamais superou Andy e foram esses fatores que destruíram a nossa relação.

         Calou-se esperando ver a reação da nova "vítima" de Changchan.  E retomou:

         -    Com você poderia ser diferente, mas tenho certeza de que ele nunca falou de seus pais e não disse onde está sua avó. Ele lhe falou de algo? Falou de Andy?

         Sobre Andy Rak sabia, mas nada disse.  Sobte sua família nada sabia. Sua reação era a não reação e isso desestabilizava o falante, mas ele insistiu.

        Dim queria entender seu ouvinte,  mas ele se msntinha impassível.  Olhos parados,  fixos no visitante, mãos no colo,  sob a mesa, ombros relaxados e respiração normal. O rosto era uma máscara indefinida que Dim Tem não pode decifrar.

          Para Rak a dor de Dim Tee era estranha, parecia  que faltava algo,  mas ele debita isso como o amor adoecido de um homem traído. Seu Chan não faria isso,  mas já tinha feito e saber que ele considerava uma relação como a deles incompleta quebrou o Sangkaeo.  Ele também não lhe daria filhos pelo simples e óbvio fato de que ele não é mulher! 

         Perceber que existia alguém que podia aparecer do nada e contestar o amor deles foi o fim.   Aquelas  cartas, fotografias e vídeos,   apresentou um outro Changchan.  O homem daqueles registros tinha o sorriso livre e leve, a voz mantinha assuntos longos. Lembrava muito o Chan de Venice. O Chan que jamais seria totalmente seu!

         Sem entender as reações do novo namorado do marido, Dim Tee Sivakorn partiu como chegou,  mas deixou para trás dúvidas e as tais provas da existência de um outro Changchan. Um homem  capaz de sorrir e trair. Um Chan que queria ter uma família diferente da que ele poderia sugerir ou proporcionar. Um Chan que mesmo o amando não diz porque sabe que um dia vai partir seu coração.

         Assim que Dim Tee saiu, Rak foi à sala do pai e o abraçou. Declarou seu amor e também saiu. Pol, que vinha até os escritórios para vê-los,  encontrou o irmão já saindo.  Foi abraçado forte que prontamente soube que havia algo errado,  mas não conseguiu descobrir nada,  pois o rapaz desviou do assunto e saiu.

          A próxima notícia que teve foi dos pais, Joly e Tom queriam saber porque o rapaz estava estranho e ligou para Torrent. Pol ainda estava  com o pai e ao ouvir a chamada, a voz da mãe o despertou. Rak não estava bem e o seu comportamento acabou preocupando a todos.

         Tentando resolver o mistério,  Pol ligou para Chan,  mas ele estava em reunião e foi esse aviso que a secretária eletrônica devolveu ao completar a chamada. O grupo da família foi outra surpresa: Rak tinha mandado uma declaração de amor para todos e agradeceu por tudo e saiu do grupo.

         Ninguém conseguiu entender nada. O celular dele estava desligado e sua última localização era o escritório.

        Distante de todos,  Rak simplesmente partiu. Acredita que vai conseguir repensar sua vida sem ser influenciado por todos e  como nào quer msgoar ninguém, resolveu voltar para Nova York.

       Seus planos é avisar a família só quando já estiver longe e se sentindo seguro. Ele não é de fazer amigos, mas tem um grupo seleto a quem recorrer se algo acontecer.

         O vôo para Nova York saiu com quarenta minutos de atraso,  mas Rak não se importou. Não comeu em terra e menos ainda no avião. Queria apenas chegar à América e perder-se entre os milhares de estranhos que circulam pela Big Apple.

         Agradeceu por não ter se desfeito do apartamento. Antes do vôo tinha ligado para a agência de limpeza de que cuida de sua casa e solicitado uma manutenção na faxina.  Tinha certeza que o apartamento estava habitável.

          As longas horas de vôo e sua negativa em se alimentar cobraram um preço alto. Tão logo desembarcou no Jhon Keneddy sentiu-se mal. A gripe o pegou de jeito. Mesmo assim Rak não foi comprar nenhum alimento.

         No apartamento, mal tomou um banho e se deitou,  vencido pela dor,  o cansaço e o fuso horário. Acordou com Chan andando pela casa. O cheiro da comida invadindo seu sonho o despertou.  O som da louça na pia. A água descendo da torneira. Uma canção desconhecida e ainda assim linda vindo no ar. Virou-se na cama, sentindo o corpo dolorido e a preguiça o abraçando.  Tossiu um desconforto e descobriu-se, as roupas de cama estavam mais quente que o forno de tio Khorn em fim de semana.
Tentou levantar-se,  um banho o ajudaria,  mas de repente o mundo girou e ele sentiu o chão se mover, puxando-o. O chão frio do inverno nova yorquino o recebeu. Chan o viu cair e não o ajudou. Rak tentou chamar Joly, mas o celular escorregou e caiu debaixo do sofá.

O corpo quente em contato com o chão frio o fazia sentir arrepios e ainda assim era reconfortante. Ele se deixou abraçar pelo gelo do mármore... Um último pensamento passando por sua mente: "Por que mesmo eu sempre quis trocar isso por manta de madeira? É tão gostoso..."

          A noite o encontrou ali. A noite e o estranho visitante que invadiu seu sono. As mãos firmes do homem que não encontrava face em sua memória onírica,  o lavava com algo macio.  Sentiu que era despido e tentou impedir a invasão,  mas o outro ser era forte e o pôs nu.

         Sentiu quando ele o vestiu e alguém mais o resgatou, voltando com seu corpo para a cama. Vozes estranhas lhe provaram eue eram três  seus sequestradores, mas ele não tinha forças para resistir ou negociar. Sentiu que braços fortes o envolveram. Não tinha um perfume conhecido, embora o odor lhe acalmasse.

          O barulho da ambulância ao longe invadindo seu sono,  atrapalhou sua pesquisa sobre os invasores. Sabia que precisava se refugiar em um lugar conhecido. Tentava se apegar ao mundo feliz que conhecia e  a voz desconhecida  implorava para que ele ficasse.

         Desistiu. Não era Chan. Não tonha por quem ficar. Ainda pensou em Venice,  mas ainda assim fugir era mais seguro. Correu para o vácuo. Aos poucos se permitiu ser lavado pelas garras frias e reconfortantes que conheceu no chão do apartamento.

        Alguém gritou desesperado,  mas Rak  já não pertencia ao mundo consciente.

        -   Dr! Ele parou! 

O Fruto Proibido 3    #ChanRakOnde histórias criam vida. Descubra agora