Capítulo Quatorze

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[esse capítulo pode conter gatilhos sobre assédio]

Ps: Quero deixar claro desde já que não vou pagar a terapia de ninguém, porque eu não tô pagando nem a minha, de qualquer forma, tenha uma boa leitura.

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Depois daquele beijo eu praticamente evitei o João o resto da semana. Eu não fiz por mal, mas o olhar dele, me olhando com decepção quando eu reagi daquela forma e me afastei dele me assombrou durante todos os dias até agora.

E por isso eu estou voltando a 2014 fazendo o Pedro de psicólogo em uma chamada de vídeo. Já passa da meia noite e o João está dormindo, eu me certifiquei de que ele estivesse antes de ligar para o Pedro.

— Porra Pedro, eu tô me sentindo péssima. Se eu pudesse eu me jogava na frente de um carro agora mesmo.

— Você não é nem doida de fazer isso. Me explica direito o porquê você tá se sentindo mal, foi porque você correspondeu o beijo? Se arrependeu de ter feito isso?

— Não, eu não me arrependo... — falei e então senti que eu começaria a chorar a qualquer instante. — Foi a forma como ele me olhou quando eu me afastei, eu me senti péssima por ter feito ele ter sentido alguma esperança de que eu aceitasse o pedido naquela hora e de repente eu agi daquela forma. Se eu pudesse eu voltar no tempo só para não reagir daquele jeito, eu voltaria.

O Pedro me olhava como se entendesse como eu me sentia.

— Eu não queria magoar ele... E agora eu nem sequer consigo olhar na cara dele por não saber como ele vai agir perto de mim. Se eu tinha alguma chance algum dia, depois de algum milagre tirar todos os meus medos e inseguranças em relação a me relacionar com ele, definitivamente eu não tenho mais.

— Para de falar isso, eu tenho certeza que você precisaria de bem mais pra fazer ele desistir de você, então não fica se martirizando. Volta a conversar com ele normalmente, finge que nada aconteceu e segue a sua vida.

— Pedro, eu não consigo fingir que nada aconteceu, porque aconteceu e eu reagi da pior maneira possível. Eu quero sumir da face da terra, será que dá pra morar em Marte?

— Layla Carvalho Viana...

— Eu tô falando sério Pedro, muito sério.

— Tá, vamos pensar com calma. Você gostou do beijo?

— Sim, eu gostei.

— Você por acaso ficou com vontade de beijar ele de novo?

— Sim... — admiti em voz baixa.

— Layla, lembra do que você tinha dito pra mim e pro Renan sobre o que a sua mãe falou pra você quando vocês foram pro Rio?

— Sobre a gente tentar manter uma relação parecida com a da época da USP, sem compromisso?

— Isso, conversa com ele. Fala que você precisou de um tempo e decidiu que queria ir aos poucos. É você Layla, eu tenho certeza que ele entende.

— Mas é que eu não sei se eu queria...

— E vai continuar aí sofrendo sem conseguir olhar na cara dele? Você tá se autosabotando, meu anjo. É melhor dizer que o beijo fez você pensar sobre esse assunto e vocês voltarem a se falar do que ficar sem se falar e condenando vocês dois ao sofrimento.

O pior de tudo é que ele tem razão.

— É por isso que eu sempre gostei de conversar com você, você sempre me dá os melhores conselhos.

Aɪɴᴅᴀ Tᴇ Aᴍᴏ, Imagine JãoOnde histórias criam vida. Descubra agora