Capítulo 17

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Era tarde da noite quando Arthuria já adormecia em seus aposentos, com os cabelos soltos e usando um vestido de cetim branco quase transparente, ela parecia ter um sono agitado. Seu rosto expressava claramente dor, e a garota até mesmo resmungava baixa enquanto apertava os lençóis, o suor até mesmo escorria de sua testa a fazendo se sentir extremamente desconfortável.

O sonho em sua mente parecia tão vivo, era quase como se ela estivesse de volta ao lugar da morte de sua tia Morgana e seu pai, Rei Arthur. Aquela montanha, o precipício, tudo era como tinha visto e ela tentava segurar com todas as suas forças a mão do homem de cabelos loiros, que a olhava com desespero, como ela se lembrava muito bem naquele dia.

— Por favor não solte minha mão! — Arthuria pediu com súplica, os olhos em lágrimas enquanto tentava puxar seu pai daquele precipício. — Não solte! Não!

— Arthuria por que me soltou? — Arthur perguntou a encarando, soltando aos poucos sua mão grande das pequenas da garota, mas mostrando claramente para a ruiva a expressão de fúria do homem — Traidora, eu sabia que no fim você só queria usurpar de meu trono!

— Não é verdade! — Arthuria respondeu colocando a outra mão para puxá-lo — Papai eu só queria que... que nós dois pudéssemos nos dar bem! Eu nunca quis esse trono! Mas eu não posso abandonar Camelot, o lugar que você tanto amou e a minha tia Morgana também e nem todas aquelas pessoas! Elas ficarão desamparadas sem alguém para protegê-las!

— Mentirosa! Suas palavras não passam de mentiras e mais mentiras! — O loiro respondeu ríspido, e Arthuria olhou assustada e em lágrimas mais uma vez quando viu o homem cair do precipício sozinho, com o seu corpo totalmente ensanguentado ao redor dele e a Excalibur em pedaços.

Eu jamais a perdoarei Arthuria... jamais...

— Não papai! Não! Por favor me perdoa! — Arthuria falou vendo o sangue do homem começar a assumir uma coloração esverdeada e ele levantar a cabeça, totalmente ensanguentada e encarando a ruiva que ainda permanecia assustada.

Você nunca será digna... não importa se foi aceita por essa espada de merda...

— Papai o que está... — Arthuria se perguntou vendo como o homem parecia estar a encarando, com os olhos em uma coloração totalmente amarela e brilhosa, como se fosse a magia de sua tia emanando no homem. O que a fez se aproximar mais do precipício para ver o que estava acontecendo, até que ela escutou passos atrás de alguém se aproximando.

— Longa vida a rainha. — A voz, que soava feminina e masculina ao mesmo tempo falou em um tom de sarcasmo, e tudo o que a garota viu foi uma figura magra, usando roupas que lembravam a guerreiros selvagens por conta dos colares e os tecidos rústicos que cobriam seu corpo e o traziam um ar de perigo, além da grande máscara de caveira de algum animal que Arthuria não sabia qual era cobrindo todo a seu rosto.

Exceto aos olhos amarelos, tão chamativos e brilhantes que emanavam o puro ódio em sua direção.

Tudo naquela pessoa emanava terror à Arthuria.

— O que... — Arthuria não compreendeu, mas se assustou quando sentiu a pessoa atrás de si usar o cajado com um cristal vermelho em formato de losango para acertar diretamente no rosto da garota, a empurrando também contra o precipício e a fazendo cair do precipício assim como seu pai e sua tia.

Mas tudo o que Arthuria fez foi levantar seu corpo rapidamente naquela cama e olhar ao redor com terror em seus olhos azuis, vendo como seus aposentos continuavam o mesmo e como a luz fraca da vela deixava o local quase que totalmente escuro, se não fosse pela luz da aurora que adentrava pela janela aberta e deixava entrar também o vento frio daquele dia que estava para começar.

Tales of Arcadia - Another TaleOnde histórias criam vida. Descubra agora