Capítulo 10

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Muitas horas depois de dormir, Calista abriu os olhos lentamente, ainda sonolenta ela coçou os olhos e procurou por Jim ao redor, mas não o via, apenas uma fogueira na frente dela. Ela imaginou que ele talvez fosse ter ido pegar mais lenha já que a fogueira estava fraca, mesmo assim, estava tudo muito silencioso.

— Estranho... — ela levantou seu rosto esverdeada para o alto, passando a inspirar bem o ar, procurando algum sinal do aroma do troll jovem, mas não sentiu nada e parando para pensar ela também não lembrava direito o cheiro dele, só que se assemelhava um pouco ao dos sacos de carne.

Um vento fresco soprou pela pele de pedra da mulher que não sentiu o frio, mas um calafrio ainda sim correu por sua espinha quando percebeu que tinha alguém próximo, não sentia seu cheiro, mas sua presença era forte, com uma aura magnética carregada de magia. "Eu não lembro de sentir essa magia antes..." pensou a troll de madeixas loiras enquanto se aproximava da moita de onde ela achava que estava a criatura com forte presença, e continuando com a cautela abriu espaço entre as folhas para olhar por de trás sem fazer muito barulho.

— Garoto! O que aconteceu? — Jim estava caído com alguns galhos caídos próximo, ele aparentemente desmaiou de cansaço, certo? Pelo menos Calista pensava assim para não pensar em algo pior, algo que teria a ver com aquele cristal no peito dele...— calma, se apoia em mim que eu vou te ajudar.

Com calma, mas ainda sem delicadeza ela o encostou na árvore que ela estava antes, pegou também os galhos que ele carregava e aproveitou para deixar na fogueira antes que ela apagasse, na verdade ela não sabia por que ele havia feito uma fogueira sendo que trolls não sentem frio, e muito menos calor, só usavam para iluminar suas tocas e para ajudar a cicatrizar feridas.

— Que troll estranho... — pensou alto. Esperou ele voltar a si enquanto olhava a fogueira e tratava suas feridas, afinal não tinha mais o que fazer.

Para limpar o corte da sua perna ela passou água limpa de um riacho que por sorte tinha ali perto e depois cauterizou com um pedaço de galho da fogueira, sem gritar ou resmungar, essa dor era menos dolorosa que qualquer outra que ela enfrentou na prisão do castelo, e o doce gosto da liberdade era mais forte que uma simples ferida.

— Não dói? — perguntou Jim que acabara de acordar do seu sono.

— Já sofri coisa pior — disse enfaixando a perna com um pano puído que arrancou das próprias vestes — E você? O que aconteceu? Simplesmente caiu... — ela não comentou o fato de ter sentido uma forte magia emanando do cristal que por um momento a assustou.

— Tive uma recaída depois de não descansar por tanto tempo, faz tempo que não tenho um bom sono — comentou com um sorriso sem graça, mas Calista notou que ele omitiu alguma coisa.

— Entendi... — resmungou ela deixando aparente seu conhecimento sobre a mentira, mas preferiu receber a gratidão do meio troll por não forçar nada.

— Já sabe onde estamos para chegar no mercado troll? — perguntou desviando do clima pesado que tinha se formado.

— Sei, mas ainda não sei se esse plano é bom, acho melhor irmos paro outro lado da floresta, procurar outro abrigo de trolls, porque Gunmar vai atrás do mercado de trolls daqui.

— Não importa o lugar que formos se ele ganhar a guerra da Ponte Olha a Morte, na verdade não podemos deixar isso acontecer de forma alguma. — resmungou ele.

— O que?

Jim percebeu que falou um pouco demais e preferiu balançar a cabeça para espantar os pensamentos sobre isso. Lembrava levemente que Douxie comentou sobre não mudar nada no passado para que não houvesse mudanças no futuro também — mesmo que no castelo eles praticamente já haviam mudado todo o caminho do tempo.

Tales of Arcadia - Another TaleOnde histórias criam vida. Descubra agora