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Lilian

— Pare de pensar tanto querida,vai tudo correr bem! — Beatriz diz escovando meus cabelos.

— Ah..é que estou ansiosa. Eu nunca tive a oportunidade de ver como é realmente o mundo lá fora.— confesso limpando o suor das minhas mãos e como por um instinto coçando o nariz.

Eu cresci em um convento no interior de Calábria, me mudei para Sicília ainda muito jovem e desde lá nunca mais deixei o convento, nem mesmo para ir a catedral e eu queria muito, mas em algumas semanas não serei mais Lilian a noviça mas sim me tornarei uma irmã e receberei a minha recomendação para alguma catedral em Roma, eu me preparei para isso a vida inteira.

— Relaxa garota. Você merece sair um pouco se não vai acabar mofando aqui dentro você é jovem e está mais velha que a madre! — Brinca tirando sarro da madre Fernanda, um doce de pessoa por mais que sempre mantenha a postura de mulher de aço.

— Irmã Beatriz!.— Soco de leve seu braço incrédula e ela gargalha alto

— Vá tenta interagir um pouco e beba algumas taças de vinho.

— Bea, eu não posso beber e de certeza tenho que me manter focada no objetivo, é um evento para caridade.

— Ah minha dosse Yelena, tão jovem e ingénua, você sabe que só tomar um pouco de vinho não vai cruzar com o diabo e acabar dançando com ele. Não sabe?.

— Eu não posso me apegar as coisas do mundo, vai contra os meus votos.

— Você ainda não fez os votos princesa. O mundo tem tanto para você ver. explorar.

— Para uma irmã você é muito má influencia sabia?.

— Quem disse que sou uma irmã? — Franzo o cenho e ela desata a gargalhar segurando sua barriga. — Deveria ver sua cara, eu tô brincando garota.

— Você me assustou.

— Yelena você é tão ingénua que chega a dar pena.

— Porquê você fica me chamando de Yelena?.

— Eu gosto, e combina mais com você.

A irmã Selina aparece avisando que a madre está me esperando lá embaixo. Me despeço de Beatriz e sigo meu caminho cumprimentando algumas irmãos pelo percurso, até que avisto a carinha velha e colorida das irmãs, meu coração bate acelerado e fico tremula.

— Boa noite madre. — Abaixo a cabeça entrando no carro e me acomodando. Tentando a todo custo conter os maus hábitos de me tocar exageradamente quando estou nervosa.

— Boa noite. — Responde curta, ligando o carro e os faróis iluminam o caminho.

Desde que saimos dos muros do convento eu não parava de escutar a madre falando sobre a importância de me manter quieta e não falar com estranhos, e assim foram se seguindo os minutos.

— Revendo as regras, o que você não deve fazer durante está noite.— A madre diz assim que as luzes da civilização aparecem no horizonte.

— Não me separar da senhora, não falar com estranhos, não beber!— repito suas palavras, mantendo minha atenção nas cores e na beleza das luzes que tomavam conta da noite estrelada de Sicília.

— O diabo pode ser tentador, mantenha seus caminhos com Deus. — Ela diz.

Assinto mas segundos depois fico de queixo caído ao passar por grandes portões, o carro estaciona em frente a uma mansão que mais parecia ter saido de algum livro de história, mas ela estava cercada por homens o que me deixou um pouco acuada.

PECAMINOSAOnde histórias criam vida. Descubra agora