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Lilian

Acordo com o som de algum pássaro batendo na janela, abro os olhos lentamente olhando na direção e vejo que o pequeno beija flor está somente tomando o néctar do copo de leite presente na varanda. Essa é uma das qualidades que eu mais gosto em sua casa, ela é repleta de flores principalmente brancas.

Me levanto indo em direção a sacada, abro a porta e o pequeno pássaro voa para longe me deixando triste. Observo o jardim repleto de roseiras somente na cor branca. Não intendo qual a obsessão dele mas é lindo. Muito lindo.

Volto para dentro do quarto e olho para cama, esse quarto é dele mas eu passo mais tempo nele do que o proprietário. Mas em menos de semanas isso irá mudar. Irei dividir a cama com ele, não somente um desconhecido.

Mas o homem que passou de uma simples dança a meu noivo e brevemente meu esposo. Vou até o banheiro e faço um banho rápido, na verdade eu sempre faço um banho rápido. Não quero que ele entre e me encontre nua.

Apesar de ele já ter me visto nua. Encaro meu reflexo envergonhado e todo corado, principalmente após a noite de ontem. Como você é estúpida e fraca Lilian. Dou um tapa em minha cabeça.

Coloco um vestido e por cima visto um moleton, mesmos estando quente. Não vou andar pela casa exibindo as marcas roxas que Lucian deixou em mim.

Chego na sala e encontro a mesa posta mas nenhum sinal dele, me surpreendo, por ele estar ausente. Sei que ele sai cedo para trabalhar mas sempre me espera para tomarmos o café da manhã juntos.

— Bom dia senhora. — Meu coração quase para com a aparição da mulher que mais parece um robô. — O senhor Lucian pediu que lhe informasse que a senhora pode o café da manhã sozinha. Ele está ocupado.

— Bom dia. Obrigada. — Respondo sendo educada enquanto me sento. Ela assente pronta para sair mas eu a paro. — A senhora sabe me dizer se Victoria virá hoje?.

— Não possuo essa informação. Me desculpa. — Ela não me deixa nem perguntar mais nada e sai. Incrível como me sinto solitária quando Lucian não está.

Estava na esperança de encontrá-lo essa manhã ou que Victoria pelo menos viesse. Ela e Cassio são legais e divertidos. Antonella também é muito divertida mas creio que ela não conheça o que são limites e faça muitas perguntas. Algumas muito estranhas.

Agora que vou passar o dia sozinha talvez aproveite para dar um passeio para casa e ir visitar o jardim de rosas. Já que todos que aqui trabalham me evitam principalmente os homens, nem se quer me olham no rosto. É como se todo mundo tivesse medo de mim, como se o simples olhar para mim causasse a morte deles.

A comida é muito boa, não tão boa quanto a do convento. Saudade a comida de conforto e uma manhã cheia e repleta de alegria. Mas fui eu quem escolheu essa vida, eu tive a escolha e escolhi seguir assim.

E foi melhor, se eu tivesse ficado. Nenhuma das irmãs olharia para mim da mesma forma, com certeza eu seria transferida para um outro convento com irmãs muito mais severas. O que eu fiz foi muito errado e eu não poderia permanecer em solo sagrado depois de ter profanado.

Eu nunca vou me esquecer da decepção nos olhos da mulher que me cuidou. Afasto esses pensamentos e me foco na comida. Levo o copo de leite a boca e tomo todo de uma vez.

— Nossa você gosta mesmo de leite! — Me engasgo derrubando um pouco de leite em mim e sujando parte do meu rosto. — Desculpa eu não queria te assustar.

— Não tem problema. — respondo e pego um pano me limpando. Olho para o homem que me pegou desprevenida. — É só um pouco de leite, logo sai.

Ele é alto, moreno de olhos claros, barba rasa. Ele é bonito e eu nunca o vi por aqui.

PECAMINOSAOnde histórias criam vida. Descubra agora