Além das telas

O que você quer de mim?

P.O.V Marisa

- A segunda parte da temporada começou e tudo corria bem, tirando o fato de eu e Miguel nos desentendemos o tempo todo por trás da câmeras.

Miguel: Eu tô sendo profissional, Marisa. - disse ele antes de entrar em cena.

- Uma das coisas que eu mais amava fazer, estava se tornando um tormento pra mim. Certa vez no meio do episódio tivemos uma briga séria. Ele como sempre sendo cabeça dura, e eu impaciente. Na cena que faríamos a seguir, teríamos que dar um beijo mais caloroso ao invés de um beijo "técnico" e era nítido que estávamos desconfortáveis.

Marisa: Tudo pela arte, né. - penso alto e nos aproximamos

- O beijo foi mais real do que eu imaginava e me causou mil e uma sensações em cena. Terminamos o bloco e fomos pro intervalo. No camarim eu retocava o batom quando ouvi Miguel e Tom conversando na sala ao lado

Tom: Você não pode deixar isso por isso mesmo, Miguel.
Miguel: Ela fica fazendo joguinhos e eu tenho mais o que fazer.

P.O.V Miguel

- O clima estava insuportável. Tudo o que eu dizia, era motivo pra brigas com Marisa e isso estava transparecendo pra todo o resto do elenco. Cortinas fechadas, vou pro camarim na companhia de Tom.

Tom: O que tá acontecendo entre você e Marisa?
Miguel: Nada. - respondo sem emoção entrando no camarim.
Tom: Qual é Miguel, todo mundo já reparou. - nos sentamos.

- Eu conto a história toda pra Tom que me olhava com cara de assustado.

Tom: Você se declarou pra ela na primeira transa?
Miguel: Aquilo tava me sufocando, eu tinha que por pra fora. Agora a gente só briga o tempo todo - eu suspiro decepcionado.

- Tatá nos avisa que as cortinas se abrirão em breve, e Tom e eu seguimos pra nossa marca no palco.

Tom: Você não pode deixar por isso mesmo, Miguel.
Miguel: Ela fica fazendo joguinhos e eu tenho mais o que fazer.

-Passamos em frente ao camarim e eu olho rápido ela sentada se ajeitando. Tinha vontade de entrar e conversar, mas tinha medo de que isso atrapalhasse ainda mais nossa interação.
Terminamos as duas sessões e sigo pro estacionamento mas ao sair pelos fundos, vejo Marisa encostada na porta do meu carro.

Miguel: Boa noite. - me aproximo pedindo passagem.
Marisa: A gente pode conversar? - imóvel
Miguel: Eu tô cansado, Marisa! Vamos brigar amanhã? - sorrio forçado.
Marisa: Eu não quero brigar, Miguel. - altera o tom de voz
Miguel: Eu também não. Não quis ontem, semana passada... Mas aconteceu todos os dias, né? - irônico
Marisa: Tá vendo? Tudo é do seu jeito. Conversamos quando você quer, tudo é quando você quer. - ela se altera e quase grita.
Miguel: Shh! Para de gritar, tem gente passando. - passo a mão no cabelo dela pra despistar enquanto outras pessoas saiam do teatro.
Marisa: Tira a mão de mim. - bufa e desvia a cabeça.
Miguel: Nem começamos a conversar e já estamos brigando.
Marisa: Claro, você não me ouve- revira os olhos
Miguel: Tá bom, o problema sou eu né? - seguro em seus ombros e a puxo desobstruindo a porta.
Marisa: Eu não disse isso.
Miguel: Também não disse que eu era um erro? - encaro em seus olhos levemente alterado - Que me odiava? Quer conversar, Marisa? Vamos conversar.
Marisa: Assim não. - fala manso.
Miguel: Ué, não era você que tava falando pra gente conversar, porque tudo era do meu jeito? Vamos fazer do seu jeito. Entra.