Além das telas

Ultimo ato

P.O.V Miguel

- Os meses iam se passando e finalmente o bebê nasceu! Era um menino lindo e, por sorte não parecia totalmente com o Evandro! Ele tinha os olhos dela e quando Evandro não estava na casa dela, eu a ajudava com o pequeno João Antônio.

Marisa: Amor! - disse sonolenta
Miguel: Shh, vai acordar ele! - sussurro tapando os ouvidos do nenê que dormia no meu colo

- O coloco no berço ao lado da cama com todo cuidado do mundo pra não acordar e vou até ela.

Miguel: Precisa de alguma coisa? - sinto os carinhos dela no meu rosto
Marisa: De você!
Miguel: quarenta dias meu bem, quarenta dias! - reviro o olho chateado
Marisa: Não assim, seu bobo! - ela ri

- O pequeno João acorda e reiniciamos todo o ciclo da soneca que nunca passava de 15 minutos e dessa vez, o Record foi negativo.

P.O.V Marisa

- João era lindo! Tão esperto, tão ativo! E era até estranho pois ele reconhecia a voz do Miguel de longe e, pra mim, ele tinha alguma confusão mental. No decorrer que ele ia crescendo, eu podia perceber a cumplicidade que os dois tinham e que por vezes quase me deixava doida!
Evandro era um pai ótimo, sempre presente - até demais as vezes- e sempre disposto pelo pequeno. Acompanhou os primeiros passos, o primeiro dentinho aparecendo... Ela era um bom pai!

P.O.V Miguel

- A vida estava ótima, mas eu sentia que meu relacionamento com Marisa estava altamente desgastado e havíamos nos perdido de nós mesmos no meio disso tudo. João já estava com quase 2 anos e sai de baixo caminhando pro último episódio no ar. Acho que o programa influenciou muito pra tudo acontecer tanto positivo quanto negativamente. Havíamos nos tornado amigos de novo! Bem, amigos que transam sempre que dá mas não passava disso. Estava desgastado, os dias eram clichês e totalmente previsíveis mesmo que não tivesse caído na rotina e nós tínhamos que aceitar que era a hora.

P.O.V Marisa

- Havia sentimentos, havia romance, havia todo o básico que um casal precisava pra empurrar o relacionamento com a barriga e serem infelizes por muitos anos. Eu amava Miguel e eu sei que ele me amava também porque ele fazia questão de gritar o sentimento em toda oportunidade que aparecia. Mas como casal, não estávamos funcionando e, por mais que doesse - e doeu-, era o melhor a se fazer por nós dois e pela amizade linda que construímos ao longo desses anos juntos.

-
- A última cortina do show acaba de ser fechada e óbvio, todos nós estávamos com os rostos molhados pelas lágrimas. Todos nos abraçamos e soltamos enfim o tão esperado suspiro de alívio pelo sucesso ímpar que conseguimos fazer.

Aracy: Eu amei ser sua Mami! - disse entre pigarreios
Marisa: No meu coração você sempre vai ser! - sorrio e ouço uma voz me chamando. Era João meio perdido naquela confusão de pessoas - Oi, meu amor! - o pego no colo e como o esperado ele se torna o paparicado.

- Seguimos todos pras coxias pra última despida daqueles personagens e eu estranho a ausência de Miguel no meio de nós. Coloco João no chão - que se bobear conhecia o teatro melhor que eu.- e ele sai correndo pelos corredores direto pro camarim de Miguel. Eu o sigo e paro na porta.

P.O.V Miguel

- Aquela noite foi um misto de emoções! Uma espécie de "missão cumprida" com "eu não queria que acabasse" junto com "graças a Deus acabou e eu posso trabalhar em outras coisas" e "era o trabalho da minha vida"! Eu não sabia nomear o que sentia, apenas sentir e chorar! Aquelas pessoas tinham se tornado minha família pois eu os via mais do que via meus irmãos e os demais familiares. Fecha- se as cortinas, Caçulinha da a última nota e eu me retiro de cena direto pro meu camarim. Era óbvio que queria aquela melancolia com os demais colegas, mas precisava do meu momento pra assimilar todos aqueles anos e todos os últimos acontecimentos. Sou retirado das lágrimas e dos pensamentos pelo pequeno João entrando correndo e se jogando contra meu colo