Fantasmas do passado

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P.O.V Marisa

- O relógio marcava quase 10h a.m quando desperto sozinha no quarto. Sento na cama e fico pensando mais uma vez na conversa que tive com Dalua na noite passada por um momento antes de me ajeitar pra iniciar um dia que já havia começado horas atrás. Sigo pra cozinha e lá está João sentado na bancada jogando alguma coisa no celular.

Marisa: Bom dia meu amor! - Dou um beijo no topo da cabeça dele e me sirvo pro café.
João: Bom dia mãe. - responde seco sem tirar os olhos da tela.

- Eu estava incomodada. Queria ter aquela conversa com ele mas não queria explicar muita coisa. Se ele se lembra daquilo, do que mais ele podia se lembrar? Sou tirada dos meus pensamentos com ele passando a mão perto aos meus olhos.

João: Ô mãe! - chama minha atenção.
Marisa: Oi, filhote
João: Tá acordando ainda? - pergunta sorrindo como quem tira sarro de outra pessoa
Marisa: Não, queria conversar com você sobre uma coisa mas não sei se devo. - eu falava meio apreensiva e nesse momento ele deixou o celular de lado e ficou me olhando atencioso
João: O que foi? - sério
Marisa: É que... - eu tentava procurar as palavras certas, afinal, ele não era um adulto e não costumávamos ter esse tipo de conversa.
João: Mãe, pode falar. - coloca a mão dele sobre a minha e me olha com aqueles olhinhos tao doces que nada mais tinha importância.- sou seu filho mas sou seu amigo.
Marisa: É que ontem eu e Dalua tivemos uma conversa e
João: É, eu ouvi um pedaço. Era sobre aquele seu amigo né, o Miguel?
Marisa: É filho. - digo soltando o ar que prendia no diafragma desde o início. - como você se lembra daquilo? Você era tão pequeno!
João: Mãe, eu lembro de muita coisa de quando eu era criança.
Marisa: Você é uma criança, João Antônio! - rio evidenciando o óbvio e ele cerra o cenho
João: Eu sou um adolescente, quase um adulto.
Marisa: Falta muito ainda pra você ser adulto, meu filho. Muito!
João: Tá, pode ser. - revira os olhos.- Cê quer saber do que mais eu me lembro né? - consinto que sim com o olhos e ele se ajeita na cadeira pigarreando.- muito bem. Lembro de vocês dois sempre estarem juntos, - ele olhava pro teto tentando buscar na memória- lembro dele lá em casa sempre e desse dia que ele chegou, a vovó saindo comigo e depois vocês chorando. Porque?
Marisa: Só curiosidade mesmo. - minto e sorrio.
João: Papai me contou algumas coisas sobre você e o Miguel, sabia?

- Nessa hora meu coração acelera e meu corpo fica gelado.

Marisa: É mesmo? O que seu pai falou? - descanso a cabeça no queixo e respiro fundo com medo da resposta.
João: Ah, que você e o Miguel sempre foram muito grudados no outro e Miguel te agarrava sempre que podia...
Marisa: Teu pai falou isso, é? - eu não conseguia acreditar que Evandro seria capaz de tal coisa.
João: Falou mas eu já assisti o sai de baixo mãe, eu sei que você e Miguel eram casados, tá tudo bem. - ele sorri e eu percebi a inocência nas falas dele.

- Deixo João na aula de natação e sigo pra casa de Evandro, sabendo que hoje era folga dele e ele buscaria João. Chego no prédio e sou anunciada, subo pro andar dele e quando saio do elevador ele já está me esperando na porta com um sorriso largo e eu sinto uma raiva me invadir.

Evandro: Marisa! Ao que devo a honra da sua ilustre visita? - da caminho pra que eu entre na casa.
Marisa: Vá a merda, Evandro! - solto de uma vez e o encaro.
Evandro: Quê isso? Tá nervosa porque? - cruza os braços e me olha.
Marisa: Que história é essa de você ir contar pro João sobre mim e Miguel que ele me agarrava sempre que podia e coisas a mais?
Evandro: E falei mentira? - ele se senta no sofá e eu o acompanho com os olhos- ele me perguntou porque que não somos mais casados e eu respondi. Ele merece saber.
Marisa: Ele é uma criança, imbecil! - altero um pouco a voz mas logo me recomponho.- Olha Evandro, se quer contar o porque não demos certo, conta. Mas conta direito, conta a verdade, conta que não deu certo porque voce ficou enciumadinho e queria que eu escolhesse entre você e meu trabalho. Conta que você invadiu o teatro e agrediu um colega meu por coisas que só existiam na sua cabeça
Evandro: Realmente existiu na minha cabeça: o chifre né Marisa.
Marisa: Não, Evandro. Nunca existiu. Eu poderia? Claro que sim, mas sempre te respeitei até o último dia de casados. - eu digo séria e calma
Evandro: É mesmo? - ele se levanta, dá dois passos em minha direção e para.- E depois foi correndo pros braços do seu "amigo", né? - faz aspas com as mãos
Marisa: Eu tenho tanta pena de você, Evandro. Mas tanta pena... Espero que ainda tenha jeito pra essa alma podre que você tem e espero que João não puxe esse teu lado e pode deixar que eu pego ele na aula hoje. - digo e dou as costas saindo da casa.- Ah, antes que eu me esqueça - pausa- vá a merda e passar bem. - bato a porta e saio dali o mais rápido possível.

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