Back to London - 12

153 18 0
                                    

"-Eu ligo-te amanhã, está bem?" - Niall perguntou, e eu assenti, sorrindo. Sentia as minhas pernas fracas e o meu coração bater fortemente, como se fosse saltar do meu peito. Niall despediu-se de mim com um pequeno beijo na bochecha e eu entrei em casa, de seguida, deparando-me com um Louis sorridente sentado no sofá.

"-O que é?" - Perguntei, tentando esconder o sorriso que já se ameaçava formar no canto da minha boca.

"-Não disse nada." - Retorquiu Louis, fingindo estar atento ao jogo de futebol que passava na televisão. 

"-Mas pensaste." - Afirmei, sentando-me ao seu lado. Louis remexeu-se, virando-se um pouco na minha direção e encarando-me.

"-Ouve, Jane, o que eu disse foi errado." - Começou, falando num suspiro. "- Estava furioso contigo naquela noite e disse coisas que não devia. Eu sei que gostas mesmo do Niall e eu quero-te ver feliz com ele. Desculpa." - Pediu, olhando para mim. Eu soltei um grande suspiro e assenti levemente a cabeça, em concordância.

"-Está bem, Louis. Sabes que não consigo ficar chateada contigo." - Disse, depressa abraçando-me a ele.

"-Pois não." - Afirmou, afastando-se um pouco e encarando de novo a televisão. "-Eu sou adorável."

"-Louis," - Chamei pela sua atenção e este olhou-me novamente.

"-Hãn?" - Grunhiu, com uma sobrancelha levantada.

"-Tu...Tu achas que o Niall gosta mesmo de mim?" - Hesitei, reticente. Louis soltou um riso baixinho e movimentou a cabeça.

"-Está na cara." - Disse, sorrindo. "-Aliás, como tu pudeste comprovar, pelos vistos está no resto do corpo também." - Brincou, movimentando as sobrancelhas com um ar malicioso.

"-Pensei que não gostasses dele." - Confessei, com uma expressão séria, enquanto brincava com os meus próprios dedos.

"-Ele até é porreiro." - Afirmou, encolhendo os ombros. Voltou a observar o jogo que o canal de televisão transmitia. "-Apesar de achar o corte de cabelo dele um pouco gay." - Não evitei gargalhar com o argumento de Louis e este fez o mesmo, rindo-se de si próprio ou talvez da minha gargalhada contagiante.

"-Não está ninguém em casa?" - Perguntei, já mais calma.

"-Nop." - Soltou. "-Estamos sozinhos." 

"-Hum." - Grunhi. "-Onde está a minha mãe?"

"-A trabalhar. Algo que tu devias começar a pensar em fazer." - Louis afirmou, não tirando os olhos da televisão. "-O QUÊ? FALTA? ESTE ÁRBITRO NÃO VALE NADA! ATÉ A MINHA AVÓ FAZIA MELHOR! E ELA NEM SEQUER ESTÁ VIVA!" - Louis gritou, irritado com o jogo.

"-Louis." - Resmunguei, aconchegando-me no sofá. "-Preciso de alguém." - Disse, enconstando a cabeça numa almofada e pensando para mim mesma que não poderia dormir porque queria falar com a minha mãe.

"-Precisas de alguém? Como assim?" - Perguntou, confuso, enquanto abria uma garrafa de cerveja e dava vários goles nesta. "-O Niall não te chega?"

"-O Niall chega-me perfeitamente." - Garanti. "-Mas eu nem sequer sei o que somos." 

"-São humanos." - Respondeu, agarrando numa sandes que se encontrava no chão e dando uma dentada nesta. Uma sandes no chão? Quê? Este rapaz ás vezes surpreendia-me imenso por ser tão imundo. "-Se bem que tu quando acordas pareces descendente de alienígenas."

"-Estou a falar a sério, Louis." - Falei, tentando manter os olhos abertos. Estava demasiado confortável naquele sítio e apetecia-me deveras dormir.

"-Eu também." - Disse, dando outra dentada na sandes nojenta que Louis apanhara do chão. Ao reparar no meu olhar impaciente, Louis tossiu forçadamente e deu outro gole na cerveja, aclareando a voz. "-Bem, de acordo com os meus cálculos, vocês estavam praticamente na marmelada á porta de casa, portanto acho que isso é uma grande pista para uma nova teoria do tipo 'Estamos a namorar'. - Argumentou, encarando-me finalmente. Encolhi os ombros e olhei para o teto branco, que naquele momento parecia muito mais interessante do que o jogo que Louis acompanhava.

"-Ele não me pediu em namoro. Ele apenas me beijou." - Confessei, suspirando.

"-Se eu não tivesse interrompido vocês já estavam sabe Deus onde." - Retorquiu, com um sorriso vitorioso no rosto.

"-Credo, Louis." - Exclamei, exausta. Estava deveras cansada e apetecia-me dormir, porém os gritos que Louis soltava cada vez que o árbitro parava o jogo para mandar algum jogador embora, impediram-me de tal coisa.

Após uns minutos de algum silêncio, decidi apenas inclinar a cabeça para trás e deixar que os meus sonhos interferissem com a minha mente e o meu sono ser maior do que a vontade de ficar acordada.

"-GOLOOO!" - Gritou Louis, fazendo-me resmungar para mim própria e virando-me ao contrário no grande e confortável sofá. "-Prepara-te, Jane." - Ouvi-o falar suavemente enquanto o volume da televisão era aumentado. "-Ainda nem sequer acabou a primeira parte."

(...)

"-Acreditas que o Manchester United ganhou ao Doncaster Rovers? Incrível!" - Louis exclamava, ao mesmo tempo que retirava as fatias de pão da torradeira. Niall abanava a cabeça negativamente, em desânimo, e servia o copo que tinha na mão com leite.

"-Cambada de coxos." - Resmungou, dando um gole no copo já cheio.

"-Não percebo o vosso amor pelo futebol." - Confessei, retirando os ingredientes necessários do frigorífico e descobrindo algo que já procurava há muito tempo. "-Está aqui!" - Quase gritei, elevando uma tablete de chocolate que havia perdido desde a viagem para Los Angeles.

"-Não percebo a tua maneira de vestir." - Louis disse, olhando-me de cima a baixo. "-Já reparaste bem nesses ténis? Estão nojentos! E fui eu que te ofereci! Precisas de ir ás compras, urgentemente." - Argumentou, fazendo-me rir. 

"-Não tenho dinheiro." - Afirmei, com uma expressão mais séria. 

"-Tu não trabalhas?" - Perguntou Niall, enquanto colocava doce de morango por cima das torradas queimadas que Louis havia cozinhado.

"-Não." - Respondi, suspirando. Guardei a tablete de chocolate de novo no frigorifico e segui os passos de Niall, colocando um pouco de doce nas torradas confeccionadas pelo meu melhor amigo.

"-Já podias ter dito." - Afirmou. "-Tenho alguns cargos na minha empresa disponíveis dado que ultimamente temos andado a despedir pessoal." 

"-Se andam a despedir pessoas, é por falta de dinheiro, não?"- Perguntei, tentando perceber o porquê de Niall ter agido desta maneira tão repentinamente. Lembrava-me que, anteriormente, uma das vezes em que lhe tinha perguntado onde trabalhava, ele respondera-me como "não é importante", ou "tu sabes, coisas" ou até "o tempo está bom hoje, não está?".

"-Não, nem sequer perto disso. Esta empresa faz parte de um agrupamento de fábricas profissionais que, por sua vez, foi criada em Londres por um familiar meu. Não sei ao certo qual, pois já foi há algum tempo, provavelmente eu ainda não era nascido. É uma empresa de grande sucesso e o trabalho é muito minuncioso. Ultimamente temos andado a despedir pessoas por falta de profissionalismo, nada mais. Sou chefe de uma dessas empresas pertencentes ao agrupamento e sou igualmente responsável pela manutenção da mesma, por isso procuro sempre preservar este negócio ao mais alto nível, para não correr o risco de o perder." - Finalizou, acabando também o seu pequeno-almoço.

"-Meu, és rico e não me disseste nada? Podiamos ser melhores amigos há mais tempo!" - Brincou Louis, chegando-se perto de Niall e dando-lhe uma palmada nas costas, rindo-se. Niall retribuiu a gargalhada, dizendo que não tinha ido trabalhar ultimamente por estar de férias e ter contratado um bom assistente para poder substituí-lo enquanto estivesse fora, e voltou a encarar-me seriamente.

"-Então o que é que eu tenho de fazer para pertencer a um cargo da tua empresa?" - Perguntei, ainda não muito familiarizada com esta grande oportunidade.

"-É simples mas, no teu caso, bastante complicado." - Disse, agora com uma expressão triste. "-E eu também não tenho a certeza disto, mas como quero o melhor para ti, acho que é o mais acertado. Como deves calcular, toda a papelada deve ser tratada na origem da empresa." - Passou uma mão pelo cabelo loiro e contorceu um canto da boca, como se estivesse reticente.

"-Diz logo, Niall!"- Resmunguei, impaciente. Niall logo me respondeu:

"-Terás de regressar a Londres."


24 Days - H.S - AU - A REESCREVEROnde histórias criam vida. Descubra agora