Does it feel good? - 29

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Nesse dia eu acabei por adormecer deitada no seu colo, após algumas conversas sobre ambos, contando aquilo que nunca haviamos contado a ninguém.

Acordei deitada na cama, no quarto de Lindsay, e presumi que Harry me tivesse levado até lá, sem eu notar. Levantei-me e reparei que Harry não estava deitado no sofá, como era costume, então bati á porta naquele que pensava ser o seu quarto, e como ninguém respondeu, decidi entrar. Não estava ninguém lá dentro, apenas uma cama desmanchada e os móveis a preencher o espaço. Demorei algum tempo para perceber que o que se encontrava á volta das paredes eram inúmeras fotografias dele e da sua família. De repente senti-me desconfortável por estar a invadir o seu espaço, sem ele saber. Toquei nas molduras, observando a família feliz que outrora tinha sido.

Dei um salto e soltei um grito quando uma voz soou atrás de mim.

"-O que estás fazer?" - Virei-me para o encarar, com uma expressão zangada no rosto e os punhos cerrados ao longo do corpo.

"-Desculpa, eu estava s-" - Não pude acabar a frase, uma vez que Harry veio contra mim, arrancando bruscamente a fotografia das minhas mãos.

"-Não gosto que mexam nas minhas coisas." - Rosnou, como se eu lhe tivesse batido. Sabia que ele tinha razão, portanto ignorei aquilo que dizia, ou a maneira como o dizia.

"-Tudo bem, tens razão." - Desculpei-me, encarando a sua mudança de humor. "-Não voltará a acontecer." - Harry não se moveu, depois de ter voltado a pousar a moldura com a fotografia de toda a sua família. Olhei de novo para ela, e reparei na sua mãe, de cabelos muito longos, olhos acizentados e um sorriso semelhante ao de Harry.

"-Ela era linda." - Ele estremeceu com o meu comentário, senti-o vacilar, apesar de continuar no mesmo sítio. "-Acredita que ela está num sítio bem melhor do que aquele onde nós vivemos. Aliás, tu deves saber isso perfeitamente." - Sorri, tentanto melhorar o ambiente pesado que se instalara.

"-A minha irmã está com Charles." - Afirmou repentinamente, ignorando o que eu dissera. "-Ele tem um grupo de cobaias, como tu eras, e uma delas é a minha irmã. E eu sei que ela vai morrer." - Os seus olhos estavam húmidos e eu sabia que ele estava a fazer um esforço enorme para não chorar. Era tão estranho saber que ele estava a combater as lágrimas. Uma pessoa que aparentava ser tão fria, com um coração de pedra, que nada o afetava...A vida era bastante mais complexa do que isso, e eu lamentava ter passado tanto tempo com uma ideia errada sobre ele. Todavia, isso estava a mudar, e eu tinha a certeza que coisas melhores estavam para vir. Mesmo que isso demorasse algum tempo.

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Poucas semanas se passaram, estavamos agora em Dezembro, uma semana antes do Natal. A neve já caía pelas ruas de Londres, cobrindo os telhados e molhando as janelas. Tinha contado tudo a Louis, desde a discussão com Niall até ter ido "morar" com Harry. Ele não acreditava naquilo que lhe dizia, e ao ínicio pensou mesmo que eu estava a gozar com ele. Alguns dias depois de lhe ter contado, Louis ligou-me de volta para simplesmente gritar comigo, dizer que eu tinha sido absolutamente doida por ter ido viver com Niall e que, quando visse Harry á frente, era capaz de lhe arrancar um olho. A minha mãe, Louis, Liam e Denise tinham voo marcado para dia 23 e iriam ficar hospedados num Hotel que eu desconhecia. Harry e eu estavamos estranhamente próximos, todos os dias saíamos á rua para brincar com a neve, e todas as noites nos sentávamos no terraço, a observar as luzes da cidade. Nunca tinha visto Harry tão feliz como vi naqueles dias, parecia uma pessoa completamente diferente, com um sorriso curvado no rosto, com um brilho irreconhecível nos olhos e uma tática incrível de me fazer rir. Eu não sabia o que era estar apaixonada, nunca tinha estado, portanto não podia dizer de forma concisa se estava ou não, apaixonada por Harry. A verdade é que, por mais estranha e triste que a minha vida fosse, ele sempre fora capaz de me colocar um sorriso no rosto, depois de todas as tentativas falhadas de conhecê-lo melhor, percebi que o tinha bem na palma da minha mão. E com o passar do tempo, eu fui-me adaptando á sua maneira de ser, comecei a gostar da maneira que ele falava e olhava para mim, comecei a achar piada á sua maneira de andar e comecei a rir-me das suas piadas sem graça. Eu estava a habituar-me a ele, a afeiçoar-me. E eu não sabia se isso era uma coisa boa ou má.

24 Days - H.S - AU - A REESCREVEROnde histórias criam vida. Descubra agora