Plans - 27

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 As lágrimas já escorriam pelo meu rosto, por mais que eu tentasse impedi-las de cair. Já não sabia o que fazer, para onde ir, em quem confiar. O meu mundo havia girado de uma forma tão brusca e duradoura que se tornava impossível para mim acreditar em que quer que fosse. Queria dormir e só acordar quando tudo estivesse resolvido, quando a paz estivesse instalada na Terra e todas as pessoas que alguma vez me magoaram tivessem desaparecido. Não pedia para morrer, apenas para entrar num sono profundo onde ninguém fosse capaz de me incomodar, onde eu estivesse completamente sozinha. Mas por mais estranho que parecesse, a única pessoa com quem eu de facto queria estar era Harry. Talvez porque eu sabia que ele não me iria encher de perguntas, nem julgar-me por qualquer ato ou erro que tivesse cometido. Dirigi-me para sua casa, e quando cheguei já era quase final do dia, as nuvens já cobriam o céu por completo e o Sol escondia-se, algures. Bati á sua porta e quando ele me encarou com lágrimas nos olhos e num estado completamente devastado, os seus braços ergueram-se e rodearam a minha cintura, de forma intuitiva e talvez sem sequer pensar no que estava a fazer. Éramos desconhecidos, certo? Mas desconhecidos não se tratavam daquela maneira. Ele fechara a porta atrás de nós e continuava a agarrar o meu corpo, que parecia tão pequeno comparado ao seu. O seu cheiro era semelhante ao meu, devido ao facto de ter usado o seu shampô, porém com algumas diferenças. Toda a gente tem um cheiro próprio, e o dele era deveras reconfortante. Não sabia se estava a agir daquela maneira porque precisava de alguém com quem falar, ou se de facto porque era ele. Continuámos abraçados durante eternidades, no entanto, por mais tempo que passasse, parecia que nunca era o suficiente. Eventualmente acabamos por nos separar e ficar a olhar um para o outro, á espera que alguém dissesse alguma coisa. O silêncio permaneceu instalado no local, apenas com o som das respirações um do outro.

"-Acho que está na altura de saberes a verdade sobre o teu namorado." - Harry falou, com a sua voz rouca e silenciosa, sem nunca quebrar o contacto visual. Estremeci com a palavra "namorado" pois era algo que eu nem sequer tinha consciência do que era. Não considerava Niall um namorado, muito menos agora, mas acho que na verdade nunca havia sentido sentimentos fortes por ele. Penso que a ideia de ter alguém com quem partilhar momentos sem ser Louis ou a minha mãe fosse o que me fazia pensar que estava apaixonada por Niall, porém, as minhas pernas não tremiam, eu não esboçava sorrisos involuntariamente nem corava cada vez que ele falava. O meu coração não batia mais depressa quando ouvia a sua voz, nem desejava tê-lo só para mim. E todas essas coisas? Inexplicavelmente, sem maneira alguma de saber o porquê, aconteciam com Harry. Não o conhecia tão bem como pensava, era verdade, mas também não o desconhecia completamente. Talvez fosse apenas a curiosidade na sua pessoa que me fazia sentir daquela forma, ou talvez eu estivesse demasiado cansada e confusa para pensar em rapazes. Tinha saudades da minha família, era um facto. Louis e a minha mãe eram uma base essencial para a minha vida e eu sentia que os havia perdido sem sequer notar. Telefonei-lhes, sem me preocupar com o que Harry me queria dizer. Falei com eles durante horas, chorei ao telefone depois de ouvir a sua voz e a minha mãe quase morria de ataque cardíaco ao saber que eu estava "bem", que não estava morta nem tinha sido raptada (dependendo do ponto de vista). Ao que parecia, eles não me haviam contactado mais cedo uma vez que Niall lhes dava constantemente informação de que eu estava bem, e não lhes telefonava porque me sentia cansada. Contei-lhes a verdade, não toda porque receava pensarem que estava a enlouquecer, e não pude evitar mentir-lhes, dizer que estava tudo bem, que continuava em casa do Niall e que voltaria em poucos meses. Louis passara horas ao telefone comigo, a contar-me as suas conquistas, aventuras no novo trabalho e a preocupar-se devidamente comigo, querendo saber todos os pormenores. Depois de algumas horas ao telefone, Harry desligara a televisão, pronto para me contar o que me queria ter contado mais cedo.

"-Eu e o Niall conhecemo-nos desde pequenos." - Ele começou, sem ter sido necessário pedir-lhe para que falasse. "-Ele sempre foi muito amigo de Charles, uma vez que a sua namorada, Siri, é filha dele." - Uma voz interior gritou dentro de mim. Mas sinceramente, nada me surpreendia. Niall mentira-me com todas as suas forças, Charles era tio de Harry e tinha um problema completamente absurdo.

24 Days - H.S - AU - A REESCREVEROnde histórias criam vida. Descubra agora