🔹Capítulo VI🔹

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𓁭 Guilherme 𓁭

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𓁭 Guilherme 𓁭

Uma semana desde que Ísis passou a morar comigo.

Uma semana que quase fui morar embaixo da ponte por desastres caseiros provocados pela deusa. Na segunda, assim que voltei do trabalho encontrei minha área de serviço inundada por água e sabão enquanto ela "tentava" lavar a roupa. Na terça metade dos meus manuscritos de teorias sobre alguns artefatos perdidos foram sugados pelo aspirador de pó. Na quarta a panela de pressão explodiu. Na quinta ela revirou toda a sala apenas para matar uma barata. Para finalizar, na sexta meu apartamento quase pegou fogo quando Ísis tentou fazer miojo.

Sábado e domingo foram os dias dos desastres sociais onde ela foi chamada de louca pelos pedestres do centro, derrubou o síndico no meio do pátio e logo em seguida começou a falar mal do senhor — que bateu na minha porta nos outros dias úteis para reclamar do caos — enquanto ele estava logo atrás dela.

Resumo da ópera, ainda não sei como não fui despejado.

Em contrapartida, existiam pontos positivos. Ísis se interessou por literatura moderna, em sete dias ela leu boa parte dos meus livros ficcionais e HQ 's. Foi fofo ver ela descobrir uma duologia escrita por uma autora nacional que é sua xará.

"Essa Agatha só sofre, não é? Alguém tenha dó desta pobre coitada."

Suas considerações sobre o fim do primeiro livro me renderam boas gargalhadas.

— Vamos, Ísis! Vamos nos atrasar assim! — berro passando minha mochila sobre o ombro. A solução para não ficar sem teto é que a deusa venha me acompanhar no meu trabalho.

— Posso levar um dos livros? — ela sai do banheiro vestida em calças jeans azul, tênis e um camiseta com estampa da Marvel que reconheço sendo uma das minhas.

Quase destrói a minha casa e ainda furta minhas camisas tendo várias roupas que lhe comprei, mas não posso negar que a deusa fica ainda mais linda em minhas roupas. Rá tinha a sua favorita.

— Claro, só vamos logo — Ísis corre até a mesa de centro e puxa o livro de fantasia para si. Caminhamos o mais rápido possível pelas escadas até o térreo e então me lembro de repassar a mentira que contamos ao pessoal do museu. — Lembre-se: você é estudante do sétimo período de licenciatura em história e vai ser minha estagiária pelas próximas semanas. Certo?

— Sim, é a terceira vez que você repassa esse plano — ela retruca tediosa e coça a garganta. — "Quando chegarmos você tem que ser educada com os mortais e não sair caminhando por aí sem avisar." Pelo sagrado Nilo, eu não sou uma criança.

— Não, mas às vezes parece uma — ela apenas me mostra a língua.

Ao mesmo tempo que ela soa infantil e teimosa, é movida por boas intenções. Todos os quase desastres que Ísis cometeu em casa sempre foram justificados com "eu só queria ajudar". Talvez eu tenha um grande coração mole, mas não pude ficar bravo com tais coisas. E quanto as pessoas olharem julgadoras para uma mulher adulta que se impressiona com coisas simples como uma criança, tudo que posso constatar é que ela pode ser fofa demais.

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