Capítulo 05

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Meu primeiro dia de trabalho com Gregory havia sido ótimo e tranquilo, apesar das dores, ele não desistia dos exercícios e nem fazia corpo mole. Já atendi pacientes que só faltavam saírem correndo para não sentirem as dores.

Segundo o cronograma que Emma me passara, ele viria para as sessões 3 vezes por semana, nas segundas, terças e quartas. Portanto, eu o veria novamente hoje e felizmente, estava bem menos nervosa do que ontem.

Conversamos bastante ontem durante a sessão, e notei que Gregory é muito simpático e extrovertido, o que me faz lembrar da minha mãe pois ela é consideravelmente parecida com ele.

Inclusive, ele havia me pedido para chamá-lo de "Greg" e para ser informal, mas ainda parecia estranho para mim agir com tanta intimidade quando se tratava de um paciente.

Sorri ao pensar nela, e após ter me perguntado como ela e meu pai estariam agora, decidi ligar para eles para perguntar eu mesma.

Segurei o celular na altura da orelha enquanto o taxista continuava o trajeto em direção ao meu trabalho; até que a ligação para o telefone de minha mãe foi atendida com um "Alô?" animado.

-Oi mãe, sou eu, a Blair. Como vocês estão?

-Oi meu amor, apesar de sentirmos sua falta estamos bem. E você? Aconteceu alguma coisa, minha flor? -Perguntou ela do outro lado da chamada

-Estou bem também. E não, não aconteceu nada, só liguei porque pensei em vocês. -Sorri alegre.

-Oh meu amor, também pensamos muito em você -Minha mãe completou e podia jurar que vi o sorriso emocionado em seu rosto.

-Aliás, já cheguei a contar como meu paciente me lembra da senhora?

-Na verdade, não. Por que ele te lembraria de mim?

-Porque ele é simpático, gosta de conversar e é alegre igual a senhora, ontem, enquanto conversava com ele, senti como se estivesse conversando com você.

-Que bom que você tem alguém para lembrá-la de mim o tempo todo mesmo estando tão longe. É um sinal de que vou estar com você onde quer que vá.

Dei um suspiro fundo, sentindo falta de estar perto dos meus pais, do abraço caloroso e carinhoso deles.

-Mas aproveitando que você falou do seu trabalho, como está indo? Está gostando?

-Estou sim mãe, apesar de ser cansativo como qualquer trabalho, gosto muito de trabalhar aqui. É o emprego dos meus sonhos, a senhora e meu pai sabem.

-Sabemos sim. E falando no seu pai, ele não para de me cutucar porque quer falar com você então vou passar o telefone pra ele.

Soltei um risinho, lembrando de como meu pai e eu cutucávamos a mamãe quando queríamos saber com quem ou do que ela estava falando ao telefone. Não posso negar, sempre fomos fofoqueiros natos.

-Oi filha, como é bom ouvir sua voz depois de tanto tempo.

-Oi pai -Dei um leve sorriso fechado. Apesar de amar ambos igualmente, sempre fora mais próxima de minha mãe do que de meu pai. -Mas nos falamos hoje de manhã. -Ri.

-Mesmo assim, algumas horas parecem anos quando você está tão longe.

-Falando assim, vocês dois vão me fazer pensar que estão tentando me convencer a voltar.

-Imagina. Sentimos sua falta mas estamos felizes por você, Blair. Mais do que pensa.

Desviei a atenção da conversa por um momento quando ouvi o motorista dizer que havíamos chegado. Abri a porta do carro, me despedindo de meu pai e andando até a clínica, ainda com a voz de minha mãe ecoando em minha mente; a conversa com meus pais havia deixado uma camada de saudade que eu não conseguia afastar.

Ao entrar, cumprimentei Emma com um aceno sutil de cabeça. Eu e ela estamos nos tornando amigas com o passar do tempo. E era bom ter alguma amizade ali, sua familiaridade me causava um pequeno conforto. Mesmo que eu também tenha Adam e ele já saiba da minha mudança, o mesmo ainda não pôde se encontrar comigo por causa de uma viagem a trabalho que está fazendo.

Enquanto isso, me restava me virar sozinha e esperar até que ele chegasse para que me apresentasse Nova York de fato, pois ainda não conheço nada e só vou de casa pro trabalho e do trabalho pra casa.

Eu sei, eu poderia ter ido conhecer sozinha, mas prefiro ir com alguém que já conheça o lugar.

Depois de algumas horas terem se passado, fui ver se meu paciente já tinha chegado, encontrando-o na recepção me aguardando.

Quando me viu, Gregory apenas moveu a cabeça, acenando e se levantou, caminhando em minha direção e em seguida, me seguindo até a sala.

Após alguns minutos conversando e auxiliando-o nos exercícios, notei que Gregory fazia expressões de dor a cada movimento.

-Quer fazer uma pausa? -Questionei, preocupada que ele se forçasse além do limite.

-Não precisa, estou bem -Ele forçou um pequeno sorriso como se confirmasse o "estou bem".

Mas não me convenci, pois conseguia notar a tensão em seus olhos.

-Se precisar, pode descansar por uns 5 minutos. Não é bom fazer mais do que consegue.

Ele negou com a cabeça, ainda sorrindo falsamente.

Resmunguei, deixando escapulir um "Como pode você ter um pouco dos dois?"; me lembrando de que meu pai também nunca admitia se estava cansado ou se precisava de algo, o que me fez reparar que estava muito nostálgica hoje. E me fez receber um "O que?" confuso de Greg.

-Ah eu pensei alto. Só estava pensando que você me lembra dos meus pais, nada demais.

Lesão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora