Meu primeiro dia de trabalho com Gregory havia sido ótimo e tranquilo, apesar das dores, ele não desistia dos exercícios e nem fazia corpo mole. Já atendi pacientes que só faltavam saírem correndo para não sentirem as dores.
Segundo o cronograma que Emma me passara, ele viria para as sessões 3 vezes por semana, nas segundas, terças e quartas. Portanto, eu o veria novamente hoje e felizmente, estava bem menos nervosa do que ontem.
Conversamos bastante ontem durante a sessão, e notei que Gregory é muito simpático e extrovertido, o que me faz lembrar da minha mãe pois ela é consideravelmente parecida com ele.
Inclusive, ele havia me pedido para chamá-lo de "Greg" e para ser informal, mas ainda parecia estranho para mim agir com tanta intimidade quando se tratava de um paciente.
Sorri ao pensar nela, e após ter me perguntado como ela e meu pai estariam agora, decidi ligar para eles para perguntar eu mesma.
Segurei o celular na altura da orelha enquanto o taxista continuava o trajeto em direção ao meu trabalho; até que a ligação para o telefone de minha mãe foi atendida com um "Alô?" animado.
-Oi mãe, sou eu, a Blair. Como vocês estão?
-Oi meu amor, apesar de sentirmos sua falta estamos bem. E você? Aconteceu alguma coisa, minha flor? -Perguntou ela do outro lado da chamada
-Estou bem também. E não, não aconteceu nada, só liguei porque pensei em vocês. -Sorri alegre.
-Oh meu amor, também pensamos muito em você -Minha mãe completou e podia jurar que vi o sorriso emocionado em seu rosto.
-Aliás, já cheguei a contar como meu paciente me lembra da senhora?
-Na verdade, não. Por que ele te lembraria de mim?
-Porque ele é simpático, gosta de conversar e é alegre igual a senhora, ontem, enquanto conversava com ele, senti como se estivesse conversando com você.
-Que bom que você tem alguém para lembrá-la de mim o tempo todo mesmo estando tão longe. É um sinal de que vou estar com você onde quer que vá.
Dei um suspiro fundo, sentindo falta de estar perto dos meus pais, do abraço caloroso e carinhoso deles.
-Mas aproveitando que você falou do seu trabalho, como está indo? Está gostando?
-Estou sim mãe, apesar de ser cansativo como qualquer trabalho, gosto muito de trabalhar aqui. É o emprego dos meus sonhos, a senhora e meu pai sabem.
-Sabemos sim. E falando no seu pai, ele não para de me cutucar porque quer falar com você então vou passar o telefone pra ele.
Soltei um risinho, lembrando de como meu pai e eu cutucávamos a mamãe quando queríamos saber com quem ou do que ela estava falando ao telefone. Não posso negar, sempre fomos fofoqueiros natos.
-Oi filha, como é bom ouvir sua voz depois de tanto tempo.
-Oi pai -Dei um leve sorriso fechado. Apesar de amar ambos igualmente, sempre fora mais próxima de minha mãe do que de meu pai. -Mas nos falamos hoje de manhã. -Ri.
-Mesmo assim, algumas horas parecem anos quando você está tão longe.
-Falando assim, vocês dois vão me fazer pensar que estão tentando me convencer a voltar.
-Imagina. Sentimos sua falta mas estamos felizes por você, Blair. Mais do que pensa.
Desviei a atenção da conversa por um momento quando ouvi o motorista dizer que havíamos chegado. Abri a porta do carro, me despedindo de meu pai e andando até a clínica, ainda com a voz de minha mãe ecoando em minha mente; a conversa com meus pais havia deixado uma camada de saudade que eu não conseguia afastar.
Ao entrar, cumprimentei Emma com um aceno sutil de cabeça. Eu e ela estamos nos tornando amigas com o passar do tempo. E era bom ter alguma amizade ali, sua familiaridade me causava um pequeno conforto. Mesmo que eu também tenha Adam e ele já saiba da minha mudança, o mesmo ainda não pôde se encontrar comigo por causa de uma viagem a trabalho que está fazendo.
Enquanto isso, me restava me virar sozinha e esperar até que ele chegasse para que me apresentasse Nova York de fato, pois ainda não conheço nada e só vou de casa pro trabalho e do trabalho pra casa.
Eu sei, eu poderia ter ido conhecer sozinha, mas prefiro ir com alguém que já conheça o lugar.
Depois de algumas horas terem se passado, fui ver se meu paciente já tinha chegado, encontrando-o na recepção me aguardando.
Quando me viu, Gregory apenas moveu a cabeça, acenando e se levantou, caminhando em minha direção e em seguida, me seguindo até a sala.
Após alguns minutos conversando e auxiliando-o nos exercícios, notei que Gregory fazia expressões de dor a cada movimento.
-Quer fazer uma pausa? -Questionei, preocupada que ele se forçasse além do limite.
-Não precisa, estou bem -Ele forçou um pequeno sorriso como se confirmasse o "estou bem".
Mas não me convenci, pois conseguia notar a tensão em seus olhos.
-Se precisar, pode descansar por uns 5 minutos. Não é bom fazer mais do que consegue.
Ele negou com a cabeça, ainda sorrindo falsamente.
Resmunguei, deixando escapulir um "Como pode você ter um pouco dos dois?"; me lembrando de que meu pai também nunca admitia se estava cansado ou se precisava de algo, o que me fez reparar que estava muito nostálgica hoje. E me fez receber um "O que?" confuso de Greg.
-Ah eu pensei alto. Só estava pensando que você me lembra dos meus pais, nada demais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lesão do Amor
RomanceBlair é uma fisioterapeuta dedicada e apaixonada por sua profissão. Depois de anos de estudos e trabalho duro, ela consegue a oportunidade dos sonhos: trabalhar no hospital em que sempre sonhou. O que ela não esperava é que essa oportunidade trouxes...