୨୧․°nineteen

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                                                         Lana

Me distraí da conversa que estava tendo com Miguel quando ouvi meu toque de celular, rapidamente pedi licença e fui atendê-lo ao ver que minha mãe estava me ligando.

Depois da prisão do meu pai, eu e minha mãe concordamos em dizer para Charlotte e Luana que nosso pai viajou, e até que as duas tenham idade para entender que o mesmo fora preso, seguiremos com a mentira.

Nenhuma de nós foi visitar meu pai ainda, não temos certeza se conseguiríamos encará-lo.

Ao chegar no corredor, atendi a ligação e cumprimentei minha mãe normalmente.

-Olá filha, tudo bem?

-Oi mãe, tudo bem sim, e com a senhora?

-Na medida do possível tudo bem querida, mas gostaria de lhe fazer duas perguntas se não estiver muito ocupada.

-Bom, eu estava em uma sessão com um paciente, mas pode perguntar.

-Bem, então serei rápida para não te atrapalhar no seu trabalho. Suas irmãs estão falando desde ontem que querem ver um tal de "maninho", mas não faço ideia de quem seja essa pessoa, você sabe me dizer quem é?

-Ah sei sim mãe, "maninho" é o apelido que a Luana e a Charlotte deram para um amigo meu. Você não deve ter reparado, mas ele estava comigo no dia em que meu pai foi preso, é aquele homem que chegou comigo na delegacia.

-Ah sim, eu reparei nele, aliás, é um rapaz muito bonito. E se me permite, pelo jeito que ele olhava para você algo me diz que não são só amigos, estou certa? Minha mãe riu e eu sabia que ela estava com uma expressão debochada em seu rosto naquele momento.

-Isso é uma longa história, para ser honesta...

-Ok ok, pode me contar depois, não sou ansiosa. Mas voltando ao nosso assunto principal, como faço para as meninas verem seu amigo?

-Não se preocupe com isso mãe, pode levá-las na minha casa no fim de semana, eu peço para ele ir até lá.

-Obrigada querida, mas já vou desligar para não te atrapalhar, minha flor. Um beijo!

-Um beijo 'pra' você também mãe.

Após voltar para a sala de exercícios vi Miguel, que já concluíra seus exercícios de hoje, tirando seu moletom preto, o deixando apenas com uma camiseta branca, mostrando as tatuagens de seu braço que o deixam mais atraente, uma calça de moletom preta, e um All Star cano alto preto.

-Você acaba de arrumar um compromisso para o fim de semana. Eu digo a ele e dou uma curta risada.

-O que? Ele me olha confuso e começa a vir em minha direção. -Como assim eu tenho um compromisso no fim de semana? Que compromisso é esse?

-Minhas irmãs querem te ver, você pode ir na minha casa vê-las? Elas vão lá nesse fim de semana.

-Você acha que eu deveria ir?

-Não sou eu quem devo achar ou deixar de achar algo aqui. Vai depender se você vai estar disponível ou não. Mas acredito que seria bom se você fosse, as deixaria felizes.

-Então eu vou.

-Ótimo! Digo sorridente. -Mas...Porque só nós dois estamos aqui na sala? Cadê o resto das pessoas?

-Você não viu elas saindo? Todas já foram embora.

-Até os fisioterapeutas? Que horas são?

-21:00.

-O que? Mas já? O dia passou voando... Digo me sentando em uma das bolas de pilates que usam para fazer fisioterapia.

-Minha mãe achou você bonito. Comento, olhando para o chão enquanto balanço meus pés de forma distraída.

-Sério? Miguel sorri. -Fico agradecido, porém, a opinião que de fato me importa é a da filha dela. Diz segurando meu queixo com a ponta dos dedos e erguendo meu rosto para encará-lo.

-Nem comece, sei bem o que está planejando fazer. Repreendo-o quando o vejo se abaixar para ficar na minha altura.

Eu não sou tão baixa assim, mas como Miguel é enorme, perto dele sou minúscula.

-Ai que bonitinha, já me conhece tão bem que sabe que estou louco para te beijar. Ele me encara com um sorriso malicioso.

Já tinha noção do que ele quer, mas ao ouvi-lo dizer isso em voz alta senti todo meu corpo se arrepiar.

-Haha, muito engraçado. Mas lamento, sr.Alves, pois isso não será possível. Provoco.

-Me chamou de quê?

-Sr.Alves. Sou sua fisioterapeuta, devo me referir ao senhor como "sr.Alves", para ser formal. Continuo minha provocação, ao ver que está funcionando.

-Não me chame assim. Ele pede, sumindo com o sorriso de seu rosto.

-Por que não? O senhor é meu paciente, é correto que eu lhe chame assim.

-Você disse para eu não te chamar de "dra.", e agora vem com essa de me chamar de "senhor"?! Ele pergunta com um sorriso sarcástico, porém, parecendo irritado.

Qual é o problema em chamá-lo de senhor? Por que isso o irritou?

-Sim, pois pensei melhor e vi que é mais adequado que nos comuniquemos com formalidade, já que como eu já disse antes, o senhor é meu paciente e eu sua fisioterapeuta. Minto, me divertindo com a situação.

Faço menção de me levantar quando sou impedida por uma mão grande e forte em minhas coxas. Fechei os olhos por conta do susto, mas nem precisei abri-los para saber que as mãos apertando minhas coxas com força eram de Miguel, que estava com o rosto muito próximo ao meu me encarando com uma carranca.

Pra quê que eu fui inventar de provocar ele?

-Ah é mesmo? O engraçado é que você não pensou nisso quando disse que uma foda não iria estragar nossa amizade.

Sinto meu rosto queimar com as palavras que Miguel acabara de dizer com tanta naturalidade.

Por que ele é sempre tão direto e objetivo?

Sem saber o que responder, apenas respiro fundo e tento não desviar meu olhar do seu.

-O que foi? Não vai falar nada? Ele sorriu com escárnio. -Deveria ver como seu rosto está agora, parece um pimentão de tão vermelho.

Não conseguia sequer manter contato visual com ele naquele momento, então apenas permaneci intercalando meu olhar entre seus olhos e o chão, tentando olhar em seus olhos.

Pretendia me levantar e sair dali, fingindo que nada havia acontecido, mas fora interrompida por Miguel que quebrou nossa troca de olhares, juntando seus lábios aos meus e adentrando minha boca com a língua rapidamente.

Inconscientemente passei meus braços por seu pescoço e fui descendo minhas mãos para seu peitoral lentamente e agarrei sua camiseta, parando minhas mãos ali.

Não fiz menção de parar Miguel no momento em que notei suas mãos indo para os botões do meu jaleco branco, a fim de abri-los.

-Quantos malditos botões essa coisa tem?! Miguel perguntou ao separar nossos lábios, parecendo perder a paciência com o jaleco.

Quando finalmente estava levando minhas mãos para a barra de sua camiseta para tirá-la, Bruna apareceu de repente e disse:

-Sem querer ser 'empata foda', mas acho melhor vocês fazerem isso em outro lugar. Afinal, aqui têm câmeras e alguém pode entrar a qualquer momento, deram sorte por ter sido eu a entrar aqui agora.

Só queria me enfiar em um buraco agora.

De forma veloz me levantei e vesti meu jaleco de volta, extremamente envergonhada com a situação.

-Bom...Miguel começou -Acho melhor eu ir agora, já deu minha hora. Ele me deu um beijo na bochecha e um sorriso sem graça para Bruna.

-Eu também já vou indo. Disse e saí do local praticamente correndo.

Lesão do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora