22 capítulo

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Neguei lentamente com a cabeça vendo seu rosto se transformando em uma careta triste.

- Não me entenda mal, eu prefiro residir aqui, mas ficaria inteiramente grata em ter a chance de conhecer minha verdadeira mãe - Murmurei sentindo meu coração pulando loucamente dentro do meu peito.

- Tudo bem, mas quem sabe você possa dormir alguns dias na minha casa, sabe para conhecer melhor - Assenti e soltei um pequeno sorriso.

- Com certeza irei passar algumas noites na sua casa! - Olhei para Carolyna que estava sem expressão e depois voltei a olhar Amanda.

Ficamos mais algum tempo conversando, ela me falou bastante da sua vida e também falei da minha, já estava amanhecendo quando ela resolveu partir, e meu coração tolo se apertou dentro do peito, mesmo não conhecendo ela perfeitamente ficava alegre em ter uma mãe que realmente gostasse de mim, agora entendo toda a repugnância que Michael tinha por mim, acho que lhe fazia lembrar de todo mal que ele fez a única filha e depois de toda experiência fico ligeiramente grata por ter sido expulsa de casa, me livrei de sempre levar uma surra e conheci minha verdadeira mãe e minha história agora tinha mais sentido, pois agora não era simplesmente a filha que era odiada por todos da família unicamente por não ter nascido homem, agora era diferente, havia um motivo por trás de todo esse ódio. Estava feliz e triste ao mesmo tempo, feliz por agora minha vida está tomando um caminho melhor e triste por saber de como minha mãe sofreu, como fui concebida. Mas como sempre há uma pequena luz no fim do túnel, estava pronta para fazê-la ter razões para não pensar nos momentos ruins e viver o presente sem mais espera e agonia.

Fui tirada dos pensamentos quando senti uma mão no meu ombro, era a linda mulher que fazia meu coração saltitar como um filhote de cachorro, olhar para seu rosto me fez recordar que para ficar finalmente tranquila precisava descobrir tudo sobre aquela mulher agora parada ao meu lado, toda aquela loucura de seu nome estampado nos jornais, as histórias nunca reveladas e tudo isso poderia ser resolvido apenas com uma simples conversa.

- A Carolyna acabou de ir para a sala, acho que vocês tem coisas para conversar, ela parecia nervosa - Lucca murmurou me olhando, sorri sem mostrar os dentes e assenti indo para onde camila se encontrava. Respirei fundo e me sentei ao seu lado que parecia concentrada em algum livro.

- Bom, oi.. Bom dia - Sussurrei pegando na sua mão, Carolyna desviou o olhar do livro me dando um pequeno sorriso e retribuindo o cumprimento.

- Você deve está muito ansiosa para saber de tudo certo? - Assenti esperando ela falar - Bom, o que estava no jornal não é totalmente verdade, alguns jornais são mentirosos e a maioria inventou coisas para preencher as lacunas que faltavam. Me casei cedo com ele, não foi um casamento arranjado, mas sei que meu pai tinha planos com esse casamento.. Isso não importa, vou pular e resumir. Meu casamento era perfeito, ele sempre foi bastante carinhoso e dedicado a me fazer feliz, bom, eu dediquei minha vida para ser

uma boa esposa, desistir de tentar qualquer carreira para me dedicar unicamente a ele. - Pós suas mãos em seu rosto, cobrindo-o- Acho que as coisas começaram a dar errado, quando não conseguia dar um filho para ele, isso começou a me consumir também e tentei preencher um pouco do vazio que começava a sentir, com qualquer coisa, voltei a me concentrar em estudar para trabalhar e acho que provavelmente isso foi o estopim para nosso casamento mudar, começaram as discussões, no começo era somente gritos e coisas ofensivas, ele sempre insistia, que lugar de mulher é sendo dona de casa. Aquilo era uma surpresa por que ele nunca pareceu ser do tipo conservador, as coisas evoluíram e as agressões físicas começaram, durante alguns meses apanhava calada e quando as coisas começaram a ficar mais sérias, tentei voltar para casa dos meus pais, mas recusaram, tentei minhas amigas e recebi não de todas, por desespero voltei para ele e tudo voltou a acontecer, o cansaço e o desespero de fugir me fez acabar com a vida dele. - Carolyna falou apertando os lábios, respirou fundo e apertou os olhos, deixando algumas lágrimas cair, não consegui pronunciar nenhuma palavra ainda estava digerindo tudo.

- Não sei o que dizer - Murmurei olhando para seu rosto vermelho.

- Não precisa dizer nada, só de estar aqui comigo deixa tudo menos pior - Segurou minha mão com força.

- Estou aqui e não pretendo ir para lugar nenhum, acho que só preciso digerir tudo que você me falou - Sussurrei a última parte retribuindo o aperto da sua mão - Faz quantos anos que isso aconteceu?

- Oito! É também oito anos, que não sou mais procurada.

- O descarrilamento do trem me ajudou, lembro daquele dia, várias pessoas mortas e feridas eu era uma delas, logo depois do acontecido fugi, estava a procura de um lugar mais longe e por ironía do destino eu vim justamente nesse trem, quando o acidente aconteceu eu fugi só levando meus documentos mais importantes, o resto deixei para trás, provavelmente as autoridades acharam que umas das vítimas era eu. E pararam, simplesmente pararam de me procurar. - murmurou dando de ombros. Olhei para nossas mãos juntas e apertei logo levando elas até meus lábios e deixando um beijo nas suas mãos.

- Como conseguiu essa façanha? - Perguntei olhando ela agora mais calma.-beijo nas suas mãos.

- Preciso respirar um pouco de ar, não irei demorar - Sussurrei me levantando e seguindo para a porta. Segui em direção ao trem para pensar um pouco, meus pensamentos estavam a milhão e sempre que estava assim saia para pensar.

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