31 capítulo

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Neguei algumas vezes com a cabeça olhando sua expressão neutra.

- Você não pode fazer isso Lucca, você pode nunca mais voltar! - Meu peito apertou em pensar nessa possibilidade. - Você não pode me deixar - Ele apenas negou com a cabeça e se aproximou para me abraçar.

Encostei minha cabeça no seu peito, ouvindo seu coração acelerado.

- Estou me sentindo perdido, não sei explicar, sinto que não tem lugar no mundo para mim, quem sabe eu ache meu lugar lá - Falou apoiando seu queixo na minha cabeça.

- Seu lugar é comigo, sempre foi assim - Sussurrei, conhecia Lucca bem o suficiente para saber que quando ele queria uma coisa dificilmente desistia daquilo.

- Sinto muito, acho que estou perdido demais para enxergar algo além. - Sua fala deu um fim na nossa conversa.

Durante o dia fugi algumas vezes para chorar na salinha de limpeza, me sentia exausta, mas não fisicamente minha exaustão era psicológica, não estava esperando por isso e fui pega de surpresa com a notícia, estava com um pouco de esperança que ele desistisse, no entanto ele parecia decidido que entraria em uma guerra.

Quando fechavamos a loja ele parecia mais calado do que passou o dia.

- Vi você chorando - Murmurou quando chegamos na portaria do nosso prédio. Dei de ombros subindo as escadas.

- Vai ver é porque meu melhor amigo vai embora - Ouvi seu suspiro e o silêncio logo em seguida, ele não estava com cabeça para conversar e eu muito menos.

Abri a porta de casa vendo Carolyna sentada no sofá lendo algumas revistas, ela levantou a cabeça me lançando um sorriso que aos poucos foi morrendo.

- O que houve? - Perguntou se levantando, Lucca passou por nós com um cumprimento e sumiu no corredor. Suspirei frustrada e me sentei no sofá sendo seguida por Carolyna, sorri sem graça e cansada para ela e me inclinei para descansar minha cabeça no seu peito, suas mãos como habitual adentraram meus cabelos da nuca fazendo um carinho. - Vai me falar o que aconteceu? Vocês brigaram? - Neguei erguendo a cabeça para olhar seus olhos.

- Ele vai embora, para guerra - A surpresa que ficou estampada no seu rosto me fez sorrir fraco. - Pois é, fiquei surpresa também - Murmurei me levantando do sofá, me inclinei para deixar um suave beijo nos seus lábios e sem seguida um na sua testa e segui para o nosso quarto. No horário do jantar o único barulho era dos talheres batendo nos pratos, isso normalmente me deixaria agoniada, mas minha cabeça estava tão fora de órbita que nem me importei com o silêncio. Quando terminamos troquei poucas palavras com meu amigo, ele lavou a louça sozinho, pois me dispensou então me contentei em deitar-me na cama com minha mulher. Ficar abraçada trocando carinhos com ela me acenderam o suficiente para nos perdemos no corpo uma da outra.

(...)

Acordei com um baixo barulho na janela, me sentei na cama colocando os pés no chão frio, olhei para trás onde camila dormia de costas para mim, me deixando ver seu corpo despido, levantei devagar para não acordá-la e puxei o cobertor para cobrir sua nudez e aconchega-lá do frio, me aproximei da janela para fechar as cortinas, o barulho nada mais era que as gotas de chuva batendo contra o vidro. Me vesti para cobrir meu corpo nu e saí do quarto, passei pelo corredor e a porta do quarto do meu amigo estava entreaberta dando a visão da sua cama vazia. Então continuei a caminhar e cheguei na sala onde ele estava sentado no sofá assistindo alguma coisa.

- Insônia ? - Perguntei sentando-me ao seu lado, ele me olhou sorrindo fraco e assentiu.

- Pensar em ir embora me deixa inquieto - Murmurou suspirando.

- Então é só não ir - Falei na esperança dele desistir.

- Quero que um dia você me entenda, não estou te deixando, eu vou voltar e você vai ficar enjoada de como vou grudar em você - Lucca falou divertido me fazendo sorrir ele me puxou para um abraço e sorriu sem mostrar os dentes, juntos voltamos a olhar a TV.

Os dias passaram rápido, e logo chegou o dia do meu amigo ir embora, ajudei a contragosto a arrumar sua mala, a saída de casa foi dolorosa, mas a despedida é pior.

- Ainda dá tempo de não ir embora - Falei sentindo meu peito apertar pela milésima vez.

Ele me olhou e me abraçou, foi o suficiente para me fazer cair no choro, soluçava e pedia para ele não me deixar.

- Eu te amo Priscila, vamos nos reencontrar - Falou convicto me apertando nos seus braços, me afastei um pouco e nos olhamos, sua fala não me passou confiança assim como o brilho nos seus olhos dizia o contrário, ele me abraçou uma última vez, acenou para ao mais longe e pegou sua mala. Era como se ele estivesse levando meu coração junto, parecia que estava perdendo uma metade minha. Entre tantas pessoas chorando e se abraçando, Lucca sumiu aparecendo sentado em uma janela, o barulho do trem me desesperou vê-lo com as mãos no vidro foi a última vez que vi meu amigo Lucca. Continuei parada vendo o trem já longe, apoiei minhas mãos nos joelhos e tomei um pouco do ar, uma mão no ombro me fez levantar a cabeça, a linda morena estava ao meu lado me dando forças, calada me levantei e me pus a caminhar ao seu lado.

Contei os dias, meses... Anos, minha vida seguiu, estranha mais seguiu, durante os anos me concentrei em trabalhar e estudar foi o suficiente para me entreter por algum tempo, entretanto o sentimento ruim nunca ia embora, talvez nos primeiros anos tenha quase sido insuportável, mas agora sei lidar com ele e faz parte da minha vida.

E agora está tudo bem, já aceitei que nunca mais o veria e seguirei minha vida lembrando dos melhores momentos da minha vida ao seu lado, a minha história não acabou e quero ter uma vida tranquila ao lado das pessoas que amo e mesmo que no fundo eu saiba que ele não vai voltar, continuo a esperar.

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