01

969 76 10
                                    

Capítulo Um 

A JOVEM deu um passo no trem  quase vazio e perguntou a Yibo o que, provavelmente, era uma pergunta simples, com o coração disparado, o estômago dando um nó instantaneamente. Ele respondeu: 

— Sinto muito, o quê? 

As sobrancelhas dela se fecharam, e ela se repetiu, mas estava virando a cabeça, enquanto falava, olhando para cima das portas dos vagões do metrô – provavelmente, para um mapa de paradas, que foi em vão no trem  e as palavras foram perdidas. Um murmúrio de som indistinguível. 

Ela ainda estava com um pé na plataforma, sem vontade de se comprometer. Ela estendeu as mãos em frustração, sobrancelhas finas levantadas. Mais uma vez, ela disse:  

— Mhum . — Mas desta vez ele ouviu "Fulton". 

— Sim, para em Fulton! — Ele disse. 

Quando as portas se fecharam, ela pulou a bordo, quando um cara se aproximou do vagão, dizendo algo que Yibo perdeu no rugido de metal, quando o trem ganhou velocidade. 

A mulher deu a Yibo um sorriso interrogativo, balançando a cabeça, como: Por que você teve que tornar isso tão difícil?  Então, ela disse algo para o outro homem, balançando a cabeça e sorrindo para ele, antes de se sentar, o cara recuando de volta para o final do vagão. 

( Yibo tem um estado tardio de surdez então ele não consegue ouvir e tudo sai sai abafado e tipo uns sussurros então sempre que vcs virem "Mhum" imaginem alguém falando muito baixo porque  é o som que ele ouve, pois mesmo com o aparelho, ele não ouve muito bem, e alguns palavras ficam com sons de murmúrios ou sussurros, e optei pela grafia sonora de murmúrios do que escrever murmúrios, pois vocês pensariam que se trataria de um erro de escrita. )

 Yibo se jogou na cadeira laranja. Pelo menos ela não ficou muito brava. O metal gritou e bateu novamente, e ele estremeceu, o barulho amplificado por seus aparelhos auditivos. Ouvir alguém falar às vezes pode ser impossível, mas trens barulhentos e estrondosos, britadeiras e construções, motores rugindo, bandas de mariachi assobiando - tudo o que Yibo  podia ouvir em um volume dolorosamente alto em seu trajeto diário. 

Quando ele desceu na Times Square para se transferir para o trem Q, a estação sempre cheia de pessoas até o meio-dia de janeiro, ele passou correndo por um grupo de jovens dançando, com a música latejando nos ouvidos. 

Quando um sanfoneiro entrou no trem, junto com um grupo de adolescentes gritando e empurrando um ao outro, Yibo não aguentou mais. 

Sério, que inferno era esse? Desde quando as pessoas davam dinheiro para ouvir o acordeão? 

Ele só queria fantasiar sobre seu casamento e lua de mel em paz. E  talvez jogar um pouco de pseudo jogo de palavras cruzadas, em seu telefone, para acalmar seus nervos. 

Por que eu deveria estar nervoso de qualquer maneira? Tudo vai ser perfeito. Chao e eu finalmente estamos na mesma página novamente. 

Apesar de estar apreensivo. Ele não deixaria entrar as dúvidas em seu coração. Tudo seria perfeito. 

Seu aparelho auditivo esquerdo estava incomodando sua orelha de qualquer maneira, então, quando o acordeonista bastardo se aproximou, Yibo desligou os aparelhos e os tirou dos ouvidos e pegou uma pequena caixa que carregava, que enfiou no bolso do pesado casaco de inverno.  

Ahhh o alívio foi imediato.  O volume do mundo diminuiu muito quando ele saia fora do ar, como dizia sua chefe.

 Yibo não era o que os médicos chamavam de  

 "profundamente surdo" sem seus aparelhos auditivos, mas os sons eram abafados - especialmente os de fala e barulhos de maior frequência. Seu diagnóstico atual ainda estava na faixa de perda auditiva moderada, mas inclinando-se para severa, e não leve. 

Lua de mel pra umOnde histórias criam vida. Descubra agora