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Capítulo Dois


A ESCADA ESTAVA escura. Porque é claro que estava. Yibo aparentemente era o único que se importava com códigos de incêndio.

Seus pés estupidamente nus estavam dormentes e doloridos. Ele andou pelo Prospect Park com seus sapatos de couro molhado e depois se escondeu em outra cafeteria, sentado lá por horas, com a mente girando e os aparelhos auditivos desligados.

Ele desligou o telefone e, enquanto o ligava agora para usar a lanterna, sua tela se iluminava com uma parede de mensagens de texto. Principalmente SuShe e Chao. Uma de Qing. Um casal de outros amigos confusos perguntando sobre a festa de patins e onde estavam Yibo e Chao - pessoas que realmente eram amigas de Chao, não dele.

Yibo subiu as escadas. Quando ele chegou ao topo, ele caminhou até o apartamento e ficou na frente dele com a chave na mão. Então, ele colocou seus aparelhos auditivos e os ligou. Prendendo a respiração, ele se inclinou e ouviu. Chao estava lá? Ou era SuShe?

Uma nova onda de dor passou por ele. Como SuShe pôde fazer isso?

SuShe, que tinha ido às aulas com Yibo e anotado tudo quando sua audição diminuiu acentuadamente, além de sua própria carga horária. Quem havia pulado inúmeras festas para ficar com Yibo e jogar videogame sem fazer um milhão de perguntas e sempre esperando Yibo querer conversar.

Essa mesma pessoa tinha o pau de Chao dentro dele naquela tarde. E  quem sabia quantas tardes antes. E manhãs e noites a fora - todos os momentos possíveis em que estavam juntos agora passando na cabeça de 

Yibo eram incontroláveis.

E SuShe provavelmente também tinha metido o pau dentro de Chao, uma imagem que agora enchia a mente de Yibo, competindo com a ladainha de vezes em que eles poderiam ter o traído.

Quando Yibo foi ao tio para o último Dia de Ação de Graças, SuShe disse que tinha que trabalhar, e Chao alegou que tinha que trabalhar horas extras nas maquetes para uma nova campanha publicitária. Isso tudo tinha sido desculpas para passar o fim de semana fodendo?

Yibo pensou em toda vez que os três riam juntos, comiam juntos, brincavam juntos, ou simplesmente... estavam juntos. Tudo contaminado agora. Anos de memórias. Yibo queria abrir seu crânio e alcançar seu cérebro para retirá-las. Jogue-as no vaso sanitário e lava-lo em um turbilhão de água corrente.

Não havia mais nada a fazer, então Yibo girou a chave na fechadura. A luz estava acesa e ele sabia que Chao estava lá. Ele não tinha certeza de como - apenas sentia isso. Depois que ele tirou os sapatos e pendurou o casaco, ele atravessou a sala, com os pés descalços formigando à medida que descongelavam.

Chao estava de pé na beira do sofá de couro preto, que era elegantemente angulado e ridiculamente desconfortável, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans skinny. Já passava da meia-noite e, evidentemente, ele estava esperando. Ele se moveu ansiosamente de um pé para o outro, deixando cair o rosto, o cabelo gelificado ainda uma bagunça.

Ele disse algo sobre Qing.

— O que? — Yibo perguntou. Ele só queria tomar um banho quente e descongelar. E acordar deste pesadelo.

Chao olhou para ele.

— Eu disse que Qing acabou comigo. 

Ótimo.

Yibo deu de ombros, esperando. Ele deveria sentir pena do pobre Chao? 

— Mhum, mhumtio.

Lua de mel pra umOnde histórias criam vida. Descubra agora