Enid Sinclair cresceu ouvindo de seus pais o quanto vampiros eram seres traiçoeiros e perigosos, nunca abaixando a guarda ao lado dessa raça tão peculiar.
Já (S/n) Tanaka era de fato traiçoeira, mas em anos de vida nunca se imaginou presa nas garras...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Nevermore
Narrador
Os olhos da menina lobo não se desgrudavam de seu próprio reflexo no espelho de sua penteadeira. Seus fios loiros úmidos corriam livremente por entre os dentes de seu pente rosa, demorou um tempo para que se desembolassem e todos os nós tivessem seu devido fim, era até aliviador sentir o costumeiro cheiro doce de volta após algumas, ou melhor, várias mãos de seu shampoo favorito.
Seu rosto estava corado pelo pós banho, mas o nariz vermelho e irritado não se originava dele, ela sentia o resfriado que estava querendo lhe derrubar apenas pela maneira como seu nariz estava entupido e seu peito chiava, e por mais que Enid quisesse, ela não conseguia lutar contra aquilo.
O barulho das teclas da antiga máquina de escrever de Wandinha era o único barulho que consumia todo aquele silêncio. A garota de tranças ainda não havia lhe questionado sobre o que havia acontecido para estar completamente molhada apresentando seu trabalho junto a vampira naquela tarde, era até aliviador, não queria entrar em detalhes, não estava preparada.
Mas ainda era claro em sua memória, todo aquele fervor de um momento tão impuro e maluco, chegava a lhe causar calafrios toda aquela euforia que ainda sentia. Parecia que o toque gelado da vampira em sua pele, dedos promíscuos subindo pela região de sua cintura e lábios grosseiros que amassavam os seus com avidez ainda estavam ali.
Aquilo lhe fez fechar os olhos por alguns segundos e morder o interior de sua bochecha para segurar um gemido frustrado, não queria ter seus pensamentos vinculados a tal memória.
Com um último suspiro ela se obrigou a voltar para a realidade quando ouviu o barulho de algo sendo posto a sua frente, sobre a madeira clara de sua penteadeira para ser mais exata. Observou focada o líquido transparente que se balançava dentro do copo de vidro, e então o comprimido de duas cores sobre a palma da mão de Wandinha diante de seu rosto.
- Isso seria...?- Pergunta confusa, levantando seus olhos para alcançar os indiferentes da amiga pelo reflexo do espelho.
- É para gripe, Enid.- Murmura sem se importar com o comentário, já estava acostumada.
- Eu sou precavida.- Sorri amarelo e pega o comprimido, o colocando sobre a língua para então tomar metade do conteúdo do copo.
Wandinha pareceu ficar satisfeita ao ver a cena, mesmo que ela não tivesse demonstrado tal satisfação e apenas pegando o objeto de suas mãos e se afastando. Enid voltou ao seu árduo trabalho de se encarar pelo reflexo do espelho enquanto continuava a pentear seus fios loiros. Eles já estavam completamente desembaraçados, mas a menina sentia que precisava de algo para se ocupar e não se permitir pensar muito.
