𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐎𝐍 𝐌𝐘 𝐍𝐀𝐌𝐄, Joel Miller

008. me dê uma arma

CAPÍTULO OITO

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          ESTAVA SIGNIFICATIVAMENTE MAIS FRIO NA FLORESTA DO QUE NA CIDADE E LUCIA PRECISAVA FEDERAR O ZÍPER DA JAQUETA PARA SE MANTER AQUECIDA. O outono não estava tão longe e, embora o calor do verão muitas vezes chegasse ao final de setembro, as noites ainda podiam ser tremendamente frias. É por isso que a mulher se sentou encolhida contra uma árvore, os braços em volta de si mesma para reter um pouco do calor do corpo.

O pequeno grupo de três alcançou os arredores da cidade ao anoitecer e a floresta em algum lugar durante a noite. Eles tiveram um descanso muito necessário depois disso, escondidos por árvores altas. A maior parte de sua jornada foi em silêncio, pois Joel não estava com disposição para pronunciar nenhuma palavra, o que era uma resposta válida para perder alguém de quem você gosta. Era a coisa mais difícil do mundo pós-apocalíptico, ela sabia de tudo.

Os anos depois de perder seu irmão para os invasores foram difíceis. Houve momentos em que ela não disse uma palavra por semanas a fio, especialmente quando percebeu que estava sozinha. Sozinho em um mundo que não estava mais equipado para hospedar não infectados. Pelo menos não sem fazê-los trabalhar para isso, e muitas vezes ela se sentia cansada demais para isso. Como ela conseguiu se manter viva por mais sete anos ainda era um mistério para ela, claro que havia grupos, mas nunca duravam mais do que algumas semanas. Então ela encontrou o Boston QZ onde foi colocada para trabalhar, e foi como se sua vida tivesse parado de funcionar.

Piscando para afastar aqueles pensamentos depressivos, ela espiou no escuro, a manhã ainda faltava algumas horas. Lucia não conseguia dormir e ela não era a única. Mesmo que estivessem longe da cidade, a inquietação dos bandidos ainda pairava no ar.

Ao lado dela, Ellie dormia profundamente na grama macia, embora estremecesse de frio de vez em quando.  Sua cabeça estava apoiada na mochila e ela havia pressionado as mãos sob as axilas para mantê-las aquecidas. Lucia descansou a cabeça contra a casca áspera da árvore enquanto olhava para as estrelas entre os galhos, observando as poucas constelações que podia ver.

"Durma um pouco." Era Joel quem estava sentado a algumas árvores de distância dela e ela deslizou os olhos escuros para os dele. "Temos uma longa caminhada pela frente."

Foram as primeiras palavras que ele falou em horas e saiu rouca, e ele limpou a garganta. Dez anos na zona de quarentena e ela nunca tinha visto o homem por perto. Joel guardava para si mesmo, fazia o trabalho que se esperava dele, fazia seus ofícios e voltava para casa. De certa forma, Lucia era a mesma, ela também, fazia seus trabalhos e passava o resto do tempo no lixo de um apartamento ou fora de casa vasculhando.

A ruga entre as sobrancelhas era evidente em seu rosto, marcada em sua pele por vinte anos de constante mal-estar e morte. Lucia de repente se sentiu mal por odiá-lo antes, ele havia acabado de se ajustar ao novo mundo à sua maneira, assim como ela havia feito. Não era algo pelo qual você poderia odiar uma pessoa.