Lealdade & Ambição / Sebastian Sallow/ Ominis Gaunt

Capítulo XXXVII

Ominis estava sentado sob a lareira lendo quando alguém passou que nem um raio, entrando pela porta do salão comunal. Ele reconheceu a energia de Sebastian, mas assim que o viu percebeu que algo estava errado. Ele tentou chamá-lo, mas o amigo não lhe deu essa abertura. Ele desapareceu escadas acima, sem dizer uma palavra. Ominis sentiu que aquele era o presságio de uma tempestade.

Não restava muito do ano, e, com o natal chegando, o recesso escolar estava próximo. Normalmente o final do ano era uma época festiva, na qual os alunos estavam ansiosos para voltar para casa. Ominis jamais partilhou de tal sentimento, Hogwarts o mais próximo que ele tinha de um lar. Mas Sebastian sempre adorou o natal, ele passava semanas pensando no presente de Anne e no que fariam durante o recesso. Claro que isso fora antes do acidente, da maldição, mas ainda assim Ominis esperava algum ânimo do amigo. Infelizmente, Sebastian estava drenado, completamente apático nos últimos dias, e não havia nada que Ominis pudesse fazer por ele. Ele não precisou perguntar para saber que aquilo estava relacionado à Liana, pois eles pararam de se falar.

Infelizmente, ele também tinha a impressão de saber o que tinha acontecido, principalmente pela infelicidade de Sebastian. Ominis imaginou que o amigo teria se confessado novamente, e...dada sua reação, mais uma vez não tinha dado certo. Ominis nunca esteve tão confuso a respeito de seu próprio sentimento. Ver Sebastian daquele jeito era arrasador para ele, e Ominis queria que Sebastian fosse feliz, porque ele merecia. E, ainda assim, havia aquela vozinha mesquinha no seu peito, aquela parte feia que era feita de ciúme e estava contente por não precisar vê-los juntos. Ele odiava tanto essa voz, talvez ultimamente mais do que seu nome Gaunt.

Ominis se pegou pensando naqueles dias, porque Liana teria rejeitado Sebastian? Eles tinham se aproximado muito nos últimos meses, se conectado de uma forma que poucas almas conseguem. Não poderia ser por causa dele, certo? Ele não conseguia ver tanto valor em si mesmo para que Liana ainda sentisse alguma coisa sobre ele.

Minutos antes de Sebastian viajar para casa, para o recesso, Ominis decidiu intervir.

_Sebastian, você não pretende mais conversar com Liana?

Sebastian que estava distraído fazendo suas malas, parou, e seu corpo se tornou duro à menção do nome dela. Ele fechou a mala com força.

_Não, Ominis – ele respondeu friamente – Eu não consigo ser apenas um amigo. Eu tentei, muito, mas não consigo.

Ominis ouviu a dor sufocada no timbre de sua voz.

_Eu compreendo – ele assentiu.

Sebastian riu cinicamente. Foi tão ácido que Ominis não conseguiu ignorar.

_O que foi? Acha que eu não entendo?

_Não Ominis, você não entende. – ele fechou outra mala com força – O que você sabe sobre tentar? Sobre lutar por algo que você deseja? Nada. Você só foge das coisas, só abdica.

Ominis sentiu cada palavra, e elas afundaram sobre sua pele.

_Você pensa que abdicar é fácil?

_Não, mas lutar é mais difícil. – ele pegou as duas malas, uma em cada mão – Agora, se me dá licença. Eu tenho de ir.

E partiu, deixando para trás Ominis, com suas palavras ainda queimando nos ouvidos.

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Liana não tinha para onde ir, mas ela conseguiu uma permissão especial para ficar em Hogwarts. Todos tinha viajado para visitar suas famílias, Poppy, Natty, Garreth, o professor Fig, que embora quisesse leva-la, não podia. Ela já era conhecida como sua protegida, se a levasse para passar as festividades com ele aquilo poderia se tornar um problema, diriam que Liana estava tendo aulas a mais, que ela estava trapaceando. Da torre do relógio ela observou todos partirem, até mesmo Sebastian. Ela o viu passar com duas malas, vestido num casaco preto longo. Liana não sabia que ele fazia aniversário em dezembro, que ela acabou o rejeitando menos de uma semana de seu aniversário. Ela descobriu quando começaram a cantar no meio do jantar, os alunos da sonserina pareciam gostar muito dele. Ele estava fazendo seus dezessete anos e Liana não conseguiu dizer nada, sequer lhe parabenizar. Ela não imaginava que eles faziam aniversário tão perto um do outro, ela sendo na véspera de natal, mas não sentiu vontade de contar isso para ninguém. Ela não sabia nem se Fig sabia do seu aniversário, ela esperava que não, pois não estava em um humor festivo.