Capítulo 4

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Duas semanas, se passou duas semanas, e ainda me sinto como se estivesse presa, enclausurada, minha mente construiu muros que talvez nunca consiga quebrar, talvez ele tenha ferido minha alma, mais do que imaginei, me fiz de forte, mas estou quebrada e nunca mais eu consiga me sentir livre realmente.

— Mamãe, está acordada? _ a voz de Bia me desperta de meus devaneios, encaro minha filha já com seu novo uniforme, e seu tênis vermelho no pé

— Amor, está ansiosa, para seu primeiro dia de aula, na escola nova? _ Sondei seu rostinho, e vislumbrei um sorriso tímido, ela eu posso dizer que será livre, farei até i impossível para isso

— Mamãe, levanta, vamos nos atrasar! _ olho no relógio, e vejo que estamos no horário, me levanto para o nosso primeiro dia de aula, fiquei feliz que a Angela, a Assistente Social conseguiu me ajudar com isso, um emprego e ainda uma vaga para Bia, como filha de funcionária

— Se arruma logo mamãe, estou com fome! _ me arrumo rapidamente e vou à cozinha, sirvo um bolo de cenoura e um copo de leite para Bia, estou nervosa demais para comer

a escola é próxima a nossa casa, pelo menos pelos próximos três meses, mas assim que me firmar no emprego, creio que conseguirei algum lugar para morarmos, por aqui mesmo, bem longe do Rio de Janeiro. 

Caminhamos alguns minutos, algumas crianças seguiam no mesmo sentido, com o mesmo uniforme com seus pais, outros sozinhos, tem duas escolas municipais, consegui emprego na única particular da pequena cidade

— Bom dia! _ uma moça uniformizada na entrada da escola, recebe as crianças, cumprimenta sorridente, essa não conheci no dia da minha entrevista

— Bom dia, sou nova funcionaria, meu nome é Linda _ disse e ela abriu espaço para que eu entrasse

— Seja bem-vinda, você também bonequinha, eu sou a Maria _ tocou a cabeça da minha Bia que sorriu

— Obrigada _ entramos e deixei Bia na porta de sua sala, e segui para a sala da diretora

— Olá, bom dia, Marina _ cumprimentei a diretora e dona da escola, ela foi muito simpática, e se solidarizou comigo, e sabendo de minha situação, se disponibilizou a me ajudar no que fosse possível, ela escondendo o paradeiro da Bia de qualquer curioso, pra mim já é suficiente

— Oi, Linda, bom te ver, vem que vou te apresentar para seus novos alunos, o primeiro ano é uma turma muito animada, sei que vão amar a nova pro deles _ ela dizia enquanto andávamos por um corredor, com seis salas

paramos na última porta, crianças estavam conversando, bem animados, rindo, me lembrei do meu estágio, foi um período tão diferente da minha vida

Bom dia, Marina disse entrando, eu a segui, coloquei minha bolsa na mesa, observei as crianças correrem alcançando seus lugares

— Bom dia, diretora Marina _ ouvi as vozes alegres infantis como se fossem um coral, e sorri verdadeiramente, eu me senti alegre de ouvir suas vozes

— A partir de hoje, vocês têm uma professora nova, então turminha, me deixe orgulhosa _ burburinhos, as vozes deles inundaram a sala, mesmo em cochichando

— Vou deixar você conhecer a sua turminha _ Marina diz, tocando meu braço, e sai da sala, me deixando com os olhares curiosos sobre mim

— Bom dia, meu nome é Linda, e eu quero que vocês me ajudem, eu preciso saber onde vocês estão na apostila, mas primeiro, vou conhecer vocês, realizarei a chamada, quero que se levante e diz a sua cor favorita, e a brincadeira que mais gosta

_ eles sorriram, e pareceram atentos, me sentei, peguei a pasta com a lista de chamada, e passeei os olhos pela lista, tenho doze alunos

— Aline

— Presente, minha cor favorita é azul, e eu gosto de brincar de boneca_ uma garotinha linda, de cabelos cacheados e olhinhos castanhos, narizinho arrebitado, sorri e se sentando

— Diego 

— Presente, eu gosto de verde, e pega-pega _ disse se sentando mais rápido ainda, do que se se levantou, um garotinho com olhos castanhos, cabelos pretos e boquinha carnuda

— Eliana 

— Presente, rosa, e esconde-esconde com minha mãe _ se sentou fazendo charminho, a garotinha de cabelos pretos e olhos verdes

— Gabriela

— Presente, rosa e eu gosto da minha boneca _ se senta, e se vira para trás ao ouvir uma risadinha, olhou de cara feia para o garotinho sentado atrás dela

— Isabel

— Presente, eu gosto de andar a cavalo, e gosto de rosa _ a garotinha de olhos verdes e cabelo loiro nos ombros, lisos

— Isaac 

— Presente, eu gosto do meu cavalo romeu, como meu pai _ disse o garotinho de olhos azuis e cabelo loiro, olhei na lista, tem o mesmo sobrenome, Vilar são gêmeos 

— Karen

— Presente, vermelho e jogar no me celular _ se sentou, fazendo charminho, a garotinha ruiva cheia de pulseiras, e olhos verdes

— Maria Eduarda

— Não veio, a Maria Vitória também não

Karen disse olhando para as unhas pintadas de rosa, observei os gêmeos e Isaac estavam cochichando no ouvido de Isabel, ele olhou para mim e sorriu, genuinamente

— Yuri

— Presente, gosto de jogar futebol, e de azul

disse em pé, cheio de carisma, olhou em volta antes de sentar

— Prazer conhecer vocês, eu gosto de azul, rosa, verde, vermelho e preto também, e adoro brincar, de tudo, vamos começar uma brincadeira diferente 

_ olhinhos atentos, é o que vislumbrei, senti orgulho, sempre quis dar aulas, ter esse contato com as crianças, estudei com um objetivo, engravidei durante o curso, e minha vida mudou totalmente

— Será assim, vocês já repararam quantas cores temos nessa sala? Escolham uma cor de cada vez e procurem objetos, tintas, giz e lápis, da mesma cor que vocês disseram ser suas favoritas, faremos um quadro das cores

meu primeiro dia foi ótimo, as crianças são ótimas, brincalhões e muito alegres, Bia volta agora comigo com o semblante feliz, como ansiei vê-la assim, jamais devia ter deixado chegar onde chegou

cansada, jantamos e nos preparamos para dormir, me deitei e o telefone residencial tocou, me assustei, até então, só toucou uma vez, quando Angela ligou avisando da entrevista, atendi

— Alô _ esperei que o outro lado respondesse

— Oi, Linda, é a Angela, liguei para conversar com você, sobre o Luiz, ele quer ver a filha, mas é você que escolhe se vocês precisam de mais tempo _ por mim nunca mais ele colocaria os olhos nela, mas não seria justo, ele é o pai, mesmo a contra gosto

— Angela, oi, eu vou conversar com ela, mas nos de um mês, ela está se adaptando a escola nova _ a ouvi digitando ao que parecia um teclado de computador por uns segundos

— Tudo bem, falo com ele, e se precisar me ligue, a qualquer hora _ Angela se mostrou muito competente, me ajudou em tudo, mais do que meu irmão deveria, só que é tão babaca quanto Luiz

nos despedimos e eu me deitei, aqui é tudo tão silencioso, ouço até uns grilos

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