Capítulo 35

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Linda Rios

O homem que, até então, não sabia de onde conhecia seu rosto, entrou no quarto que tem sido meu cativeiro. Não parecia muito contente.

— Não imagino como me manter aqui fará com que Luiz te dê algo. Eu não sou mais a esposa dele _disse, tentando mais uma vez me livrar de todo o mundo sujo de Luiz, que eu nem sabia que existia.

— Seu amado marido tem sido um pé no saco, mas ter você é a minha vantagem — ele sorriu com escárnio.

— Como? Eu não entendo _disse, sem me levantar da cama.

— Você não sabe nada, mesmo? _ele parecia estudar meu rosto.

— Não estou mentindo, nunca soube nada de sua vida fora de casa. Ele me manteve como um bibelô.
_ que surrava e assombrava sem dó. Suas sobrancelhas se elevaram surpreso.

— Então não sabe realmente quem foi seu pai? O filho da puta do seu irmão? _foi minha vez de ter as sobrancelhas se juntando. Aí é que não entendi nada mesmo.

Ele riu e se sentou no sofá ao lado da cama, deixando-me completamente alerta.

— Meu irmão era um homem horrível. Minha mãe adoeceu e fomos obrigadas a viver com ele. Mas antes, éramos apenas nós duas. Não conheci meu pai _disse, e ele se aproximou ainda sorrindo.

— Seu papai foi um homem poderoso. Luiz o matou, e seu irmãozinho tomou o lugar na organização.

Meus músculos travaram. Então Luiz pagou ao meu irmão por mim?

— Te ter aqui não só é uma vantagem sobre Luiz, mas também sobre Mauro. _Nesse momento, só penso na segurança de Gael e das crianças.

— Você matou meu irmão? Ele era um sádico, adorava se distrair com suas vítimas. Era um cão fora de controle. Mas o seu, o seu é ganancioso. _Tremo ao ouvir suas palavras.

— Me deixa ir? _Supliquei. Só quero voltar para minha família.

— Luiz quer negociar, então você não vai a lugar nenhum. Ele te quer de volta. _Me desesperei. Não quero voltar para aquele inferno. Me debrucei na cama chorando. Um pouco depois, ouvi a porta se fechar.

GAEL VILAR

— Vamos essa noite, meu informante disse que o local do cativeiro dela será modificado ao amanhecer de amanhã.

— Como ela deve estar? _Me pergunto sem parar.

— Cara, você sabe que podemos avisar o comandante. Tem certeza de que não quer? — Afirmo em silêncio. Ele iria me tirar da operação, e eu sei exatamente o que quero. Linda intacta.

— Tudo bem, está tudo pronto. Precisamos entrar na comunidade hoje. Proponho curtirmos o baile funk. O armamento está nos esperando assim como meu informante.  _Murilo diz. E em meu coração apertado, sinto o peso do mundo desde que ela foi levada.

Pego meu celular. Preciso falar com meus filhos.

— Ei, papai. _Vejo os três rostinhos na tela, na chamada de vídeo.

— O que vocês estão fazendo? _Pergunto, tentando passar uma tranquilidade que não tenho um tempo.

— Onde está a mamãe? _Bia pergunta, e encaro seus olhinhos que me dizem que ela chorou.

— Ela vai voltar logo. Estão gostando da fazenda? E o tio Bruno? Estão dando trabalho para ele? _Mudo de assunto para distraí-los.

— Estamos com saudade da mamãe. Quando vocês voltam? _Isaac chama Linda de mãe pela primeira vez, e ela nem está aqui.

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