Capítulo 33

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— Está com aquela cara de novo. Tem certeza de que está bem?

— Não, não estou. Mas não posso dizer à Marina. Como digo que meu ex conheceu o maníaco, sombra da noite, que eu matei? 

Assinto, forço um sorriso, e ela me encara; com certeza, não acreditou.

— Se precisar, pode pegar mais uma semana. Imagino como foi passar por tudo que passou.

— Estou bem, é só preocupação. 

 Ela assentiu, tocou em meu braço, que estava cruzado e saiu.

Meu celular toca em meu bolso. Ligação privada. Não, não atendo.

Uma mensagem chega. "É melhor atender". Um frio na espinha, é o que senti.

Em questão de segundos, meu celular tocou de novo, e atendo. Dessa vez, sem nem mesmo olhar na tela.

— Alô 

 digo ao atender.

— Alô, Linda, como vai? 

Não reconheço a voz.

— Quem é? 

 Indago, pronto para desligar.

— Sabe, ele era meu irmão. Um frio percorre minhas veias.

— Era simples, ele devia apenas trazer vocês até mim, mas você modificou todos os meus planos.

Estanquei meus pés no chão, parecia estar sendo engolido.

— O que você quer de mim?

 Indaguei com a voz fraca, temerosa pela resposta.

— Você será uma moeda de troca, muito valiosa 

disse, e eu engoli em seco.

— Agora saia, com sua preciosa filhinha, e vá o ponto de táxi que fica até próximo da escola. Estarei esperando. 

 Disse me irritando.

— E se eu não for? 

 Ainda com medo, perguntei, mas dessa vez sem falhar minha voz.

— Entre para te buscar. Tem cinco minutos.

 Desligou. E sua resposta me deixou muito assustada. Só pensei em meus alunos, todas essas crianças. Dei uma desculpa para Marina, e saí.

Pensei bem, não colocarei minha filha e nenhuma criança em perigo. Sai sozinha ao encontro de quem quer que seja.

Respirei fundo, tentando controlar o medo que tomava conta de mim. Precisava ser forte, por mim e pela minha filha. A decisão já estava tomada, eu iria até o ponto de táxi próximo à escola como ele havia ordenado. A segurança dos meus alunos e da minha filha estava no jogo.

Tentei pensar em algum plano para lidar com essa situação. Talvez pudesse chamar a polícia em algum momento discreto, ou tentar criar uma distração para escapar. Mas todas as ideias provavelmente arriscadas demais.

Enquanto caminhava em direção ao ponto de táxi, minha mente ficava a mil por hora. Olhei ao redor, tentando identificar alguma movimentação estranha, mas tudo parecia normal. Respirei fundo mais uma vez.

Uma Land Rover branca, estacionou em segundos. E a porta se abriu.

Ele parecia irritado e desconfiado, meu coração estava acelerado, eu me sentia vulnerável novamente, desesperada por ajuda.

— Não me obedeceu. Onde está a preciosa Bianca? 

Ele deu espaço para que eu entrasse no carro.

— Nunca arriscaria a segurança da minha filha. Ela é minha responsabilidade, e eu não vou colocá-la em perigo, mesmo que eu morra! 

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