Capítulo 54

40 8 0
                                    

Na sala de espera, o tempo não passa, olhando para o relógio, percebo que já tem quase quatro horas que levaram Linda para dentro do centro cirúrgico, mas parece que se passou uma eternidade.

No caminho todo vim ao seu lado pedindo a Deus que ela e meus filhos sobrevivessem. Vê-la tão vulnerável desacordada me destruiu.

Os paramédicos fizeram tudo que podiam, e agora ela está lá, uma cesariana de emergência, e ainda por cima uma grande hemorragia.

— Senhor Gael Vilar, sou Dr André Rigoni, realizei uma cesária de emergência em sua esposa, ela teve uma parada cardiorrespiratória, mas conseguimos trazê-la de volta. Agora está na UTI, demanda de muitos cuidados.

Ele diz me fazendo sentir o sangue do meu rosto sair do meu rosto.

— E, e, e meus filhos? _ gaguejando, perguntei sem esperanças

— Estão na UTI, como são prematuros, o casal de irmãos são muito determinados, se quiser pode ir vê-los. Eles estão fora de perigo _ meus filhos. Meus amados filhos. Assenti sem conseguir dizer uma palavra, pensando nela.

Segui o médico pelos corredores de teto e paredes brancas, senti o cheiro familiar de hospital, até as portas duplas, onde tive que vestir uma roupa, touca e máscara para poder ver meus filhos.

Ele me mostrou as duas encubadoras lado a lado, os dois bebês com canos nos narizes, tão lindos e pequenos, com aparelhos ligados a eles.

— Oi, meus filhos, papai está aqui! _ falei com eles sentando em uma cadeira entre eles, perto da abertura lateral da caixa transparente que os protege. O nó que atravessa minha garganta dificulta minha respiração.

— Mamãe está lutando, logo ela estará conosco.

Engulo minhas emoções, pelos meus filhos. Como farei se, se... Não quero pensar nisso.

— Não escolhemos os nomes, ela quis surpresa do sexo, estávamos tão felizes.

Queria poder matar aquele filho da puta, mais uma vez. Nem o fiz sofrer o suficiente, se esperasse mais eles me deteriam, e eu precisava extirpar aquele câncer.

Ele tocou meu ombro, minha adrenalina está baixa e agora sinto toda a angústia e dor no peito que segurei ao vê-la nos braços daquele demônio.

— Quer ir vê-la? _ o encarei de olhos arregalados.

— Po, po, posso? _ ele assentiu

— Vamos, vou te levar até sua garota. _ ele entrou por uma porta e eu o segui por um corredor, onde percebi que deve ser o pós-cirúrgico, ou UTI, não sei ao certo. Tem muitas pessoas intubadas e cobertas apenas com lençóis azuis.

Ele abriu uma porta e lá estava, minha princesa, intubada e cheia de aparelhos, ouvia o bip da máquina, que marcava o ritmo do seu coração. Seu peito subia e descia no ritmo do som de um sopro que se ouvia sair da parede.

— Vamos ver como ela reage essas primeiras horas. Tive que realizar uma histerectomia completa, para deter a hemorragia. _ assenti, eu não sei se ela desejava mais filhos, por mim teríamos muitos mais, mas ter ela viva é muito mais importante.

— Vou deixá-los a sós. _ fiquei ali do lado da cama do amor da minha vida, segurando sua mão

— Linda, amor, você é a mulher mais forte e maravilhosa desse mundo, isso é só mais uma das batalhas que sei que você vai vencer. Por favor, amor, volta para mim.

_ deitei minha cabeça em seu peito, ouvindo seu coração, não em uma máquina, mas ali dentro como sempre adorei ouvir.  



Linda Rios

ME AMEOnde histórias criam vida. Descubra agora