Ochako teria muito do que reclamar sobre mal ter terminado de engolir o almoço e ter sido arrastada pro Ground Beta nesse sol a pino do meio-dia. Não só isso, ela tá debaixo desse sol pra treinar. Espera que tem mais: treinar uma individualidade que não é a dela, porque a dela tá com ninguém mais ninguém menos que Bakugou Katsuki e ela tá com a dele. Dos 20 estudantes da turma 2-A, ela tinha que ter trocado de corpo com o garoto mais bitolado por treino e ser o melhor a qualquer custo, o cara mais difícil de lidar e provavelmente o único que acha que esse horário, logo depois de um almoço reforçado, é uma ótima hora pra explodir e levitar coisas. Ela tem sim muito do que reclamar, mas não pode, porque... querendo ou não, o Bakugou tem razão. Quanto antes eles se entenderem, mais cedo podem ir procurar mais pistas sobre o que aconteceu e mais cedo vão recuperar os próprios corpos e seguir em frente como se nada tivesse acontecido.
Se bem que essa última parte talvez seja um pouco mais difícil... Ochako viu algumas coisas que não podem ser desvistas, e sentiu uma coisa estranha, bem diferente de tudo que ela sentiu quando viu o Deku só de toalha no vestiário... não dá pra fingir que essas coisas não aconteceram, mas... se ela focar e fizer tudo direitinho, logo tudo vai ser parte de um passado confuso e distante.
Tomara que seja logo mesmo, porque o Bakugou vai acabar deixando ela doida. Nesse treinamento, ele parece ter como único objetivo fazê-la sofrer.
— Com o AP Shot, tem como você mirar no que explodir sem fazer muito estrago no que tá em volta, é o que eu teria feito na aula do All Might ontem. — ele explica com o máximo de paciência que deve conseguir, mas Ochako sabe que o loiro ainda tá puto por ter visto o nome dele aparecer do lado do número 16 — Você faz um círculo com a mão e apoia na outra mão aberta, aí você detona uma explosão dentro do círculo.
— Entendi.
— Entendeu mesmo? Porque você tá com cara de quem tá boiando. — ela revira os olhos em resposta — Me mostra o que eu acabei de explicar, anda.
Ochako respira fundo e se posiciona. Focando em um ponto da parede de concreto na frente dela e formando um círculo com a mão direita (uma das coisas interessantes que ela descobriu é que esse corpo é ambidestro, então qualquer uma das mãos serve), ela permite que a explosão se forme, não dá pra sentir nada por causa das luvas, então ela só entende que esse raio tá saindo dele por estar assistindo. O raio de fogo dispara em linha reta, mas não se mantém, acendendo e apagando até que pare completamente, deixando a parede levemente chamuscada.
— Faz de novo, e faz direito, parece que cê tá com medo da explosão.
— Não é medo, é só... preocupação.
— Não tem como machucar a mão por causa da luva. E se você fizer certo, não vai sair voando tudo pelos ares. Anda, de novo, e sem arregar agora.
Ochako repete a operação, tentando ignorar o leve tremor na mão que forma o círculo, o que não dá pra ignorar é o Bakugou fazendo um "tsk" de irritação e indo pra trás dela, segurando a granada no braço dela com firmeza..
— Bakugou-kun?
— Presta atenção e mantém o braço reto. — a outra mão vai nas costas, empurrando-a levemente pra frente — Fica firme se não vai ricochetear. Anda, pode soltar, eu tô te segurando.
Ochako confirma com a cabeça e engole em seco antes de disparar a explosão, ela acompanha a trajetória do raio atingindo a parede. Caramba, ela tá mesmo perfurando uns três metros de concreto, isso é... incrível! Quando ela olha pra trás pra ver se ele tá a assistindo, Ochako percebe que ele já a soltou, ou seja, é só ela mesma suportando o impacto desse poder absurdo dele.
Bakugou tá do lado dela com a mão na cintura e examinando o buraco que ela fez na parede.
— É, dá pro gasto. — o que na língua dele, é o mesmo que "Muito bom! Parabéns!" — Aquilo que você fez antes é mais ou menos o Auto Cannon, ao invés de soltar a explosão em linha reta, você dispara abrindo e fechando a mão.
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Eu no seu lugar
FanficOchako acordou muito mais musculosa e com o cabelo espetado, além disso, sua habilidade de remover gravidade foi substituída pela capacidade de criar explosões. Katsuki acordou com a voz mais fina e alguns centímetros mais baixo, sem falar nas bolin...