CAPÍTULO NOVE
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A PRIMEIRA VEZ QUE ELA ATRAVESSOU a Dobra, Kira quase morreu ─ o que não era particularmente incomum para alguém que era louco o suficiente para tentar a travessia.
Era uma morte quase certa. E ao longo dos anos Kira percebeu que talvez fosse por isso que ela estava naquele barco.
Grisha veio ao palácio, alguns dias antes, uma reunião privada havia sido marcada, longe de ouvidos e olhos curiosos. A princesa deveria ser testada.
O que Kira não havia percebido naquela época era simples. Eles não estavam testando se ela era Grisha, eles estavam testando se ela era uma Lantsov. Puro. Não manchada pelos pequenos shows de aberrações da Pequena Ciência. Nenhum Grisha poderia estar no trono. Ou na fila para isso.
Então, quando Kira, de nove anos, soltou um grito quando cortaram seu braço, ela apertou a corrente de prata em volta do pescoço do testador; quase em um estrangulamento. Seus olhos se arregalaram de horror e ela se concentrou em respirar fundo. O testador estava bem, nem mesmo um hematoma.
O rei e a rainha, porém, estavam olhando para a filha como se ela tivesse crescido uma segunda cabeça. Kira teve que ficar sob o escrutinio deles e observar enquanto sua mãe começava a chorar. Não de alegria. Não de orgulho. Mas de terror.
Eles não tinham medo dela. Não inteiramente. Eles estavam com medo do que significaria para Kira ser o que ela era. Especialmente com os pesados rumores que circulam sobre filhos ilegítimos na casa dos Lantsov. Kira nasceu depois de Nikolai, e se havia rumores de que ele não era um verdadeiro Lantsov, isso significava que a mesma opção era para ela. Não que Nikolai deixasse alguém dizer algo a ela. Sempre protegendo Kira da cruel corte de Os Alta.
Nikolai não estava lá para o teste, no entanto. Kira teve que se proteger dos olhares nos rostos de seus pais e não menos de uma semana depois ela estava em um barco cruzando a Dobra.
Uma oferta de paz para Ravka Oeste; confiando-lhes um herdeiro Lantsov. Essa foi a desculpa deles. Um movimento político para unir o país dividido. Um monte de besteira era o que era.
Se Kira não tivesse morrido na Dobra, ela certamente seria assassinada do outro lado, por pessoas que queriam os Lantsovs fora do trono de Ravka. Tudo porque ela teria sido deixada sozinha.
Mas Faina Kira morreu na Dobra. Ela lutou para sair de Ravka e só parou em Ketterdam. Onde nasceu Kira, apenas Kira, a Sussurradora do Barril. Das cinzas de seu passado e do sangue do presente.
E agora ela estava olhando estupidamente para a escuridão à frente, os estrondos da Dobra dando-lhe arrepios. Ela havia fugido da Dobra apenas para voltar com relutância, mas de bom grado. Estupidamente também.
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✓| SAINTS, kaz brekker
Fantasia morte é minha conhecida espero que a vida possa ser minha amiga -𝗼𝗰𝗲𝗮𝗻𝗻𝗲𝘆𝗲𝘀© obra traduzida com autorização escrita por : @-oceanneyes capa por : @darkwhitethorn kaz brekker x...