Capítulo 4

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-- Por que não voltou ontem para a festa? Te procurei por todos os lados e não te achei. -- Dinah falou enquanto ajeitava as mangas de sua camisa.

                     
-- Eu te disse que estaria na ponte, às margens do rio. -- Helena falou. Dinah levou uma mão ao meio de sua testa.

                     
-- Eu havia me esquecido. -- Disse expirando o ar de seus pulmões. --Enfim, preciso falar com você.

                     
-- Já está falando.

                     
-- Seja gentil.

                     
-- Me desculpe. -- Uma risada rouca saiu por entre seus lábios.

                     
-- Bem, ontem, depois que você foi tomar um ar, encontrei Alejandro. -- Falou.

                     
-- Você não foi grossa com ele, não é? Todos sabemos que ele está passando por um período difícil.

                     
-- Bem...

                     
-- Dinah? -- Helena perguntou em forma de alerta.

                     
-- Digamos que fui um pouco rude ao princípio, mas me lembrei que o rancor era com a bruxa má.

                     
-- Como ele está? -- Helena perguntou. Ela havia emprestado dinheiro aos Albuquerque, uma enorme quantia, mas não havia sido o suficiente para que eles conseguissem pagar a hipoteca da casa onde viviam e o Estado queria tomar sua casa, lhe entregando um baixo valor por ela devido à dívida. Isso fez o senhor oferecer a casa para o Estado a troco de nada, em troca de mais alguns dias lá, tentando conseguir arrecadar o restante do dinheiro. Se conseguisse ele pagaria a hipoteca, se não conseguisse eles perderiam a casa.

                     
Helena já havia ido atrás do homem em troca de oferecer-lhe mais ajuda, no caso, o restante do dinheiro, porém o homem começou a fugir dela por provavelmente pensar que ela estava atrás dele pela dívida. Um dia qualquer ela chegou em frente à casa do homem com Dinah, em mais uma tentativa de ajudá-lo, até que chamou e ninguém atendeu. Quando estavam prestes a ir embora foi inevitável ouvir o que a mulher, a qual ela não conhecia a face, estava dizendo.

                     
-- Essa lésbica imunda não tem vergonha na cara. Deveria perdoar a nossa dívida. Tivemos que aturar ela por horas, vai que isso é contagioso. Imagina se minha filha ficasse lésbica por beber no mesmo copo que ela bebeu! Ela... -- Dinah a puxou para longe dali. Não queria que sua amiga ouvisse tamanhas barbaridades.

                     
-- Já basta, Sinu! Chega com essas estupidezes! -- Foi a última coisa que conseguiu ouvir de Alejandro.

                     
Helena jamais voltou lá e por isso não conhecia o rosto de Sinu, no entanto Dinah fez questão de descobrir quem era a mulher e de, sempre que podia, apavorar a "bruxa má", como ela costumava chamar, ameaçando tomar-lhes a casa, ameaçando fazer os guardas invadirem o local e quebrarem tudo caso eles não agilizassem o pagamento da dívida.

                     
Claro que ela não faria nada disso, primeiro porque precisava da autorização de Helena, segundo porque simpatizava com Alejandro e terceiro porque só dizia isso para assustar a velha grosseira. -- mais um de seus apelidos para a mulher.

                     
Dinah havia ficado mais do que surpresa ao ver a mulher querer dar a cabeça da filha em uma bandeja para Helena, após alegar seu tamanho asco por lésbicas, mas não pôde fazer a mulher engolir as próprias palavras porque era uma proposta real para sua chefe, sua comandante. Foi obrigada a assumir o posto de um simples soldado que cumpria ordens e nada mais.

Clarena- Over The RainbowOnde histórias criam vida. Descubra agora