-- E caminhando para estarem oficialmente casadas, eu às declaro esposa e esposa! – O homem disse, fazendo todos aplaudirem de pé.
Os dias que antecederam o casamento foram corridos, as melhores costureiras da cidade haviam sido convocadas para a confecção das vestimentas das noivas, dos familiares e padrinhos. As melhores casas de decoração foram contratadas, incluindo as que eram responsáveis pela parte dos comes e bebes. Os convites foram enviados um dia depois que Helena havia se tornado noiva. Todos estranharam a proximidade da data, mas ninguém se atreveu a contestar ou sequer faltar num evento de tamanha importância. Com letras no mesmo tom da decoração da festa, o lilás e o branco predominavam nas letras do envelope tamanho médio.
No grande pátio da cidade, onde acontecia o casamento, havia flores violeta por todos os lados, combinando com os detalhes dos vestidos das noivas. Clara usava um vestido de seda longo e branco, tendo as bordas com leves detalhes cor lilás. O cabelo trazia duas tiras amarradas para trás, com o restante do cabelo caído por seus ombros. Um pequeno véu branco transparente foi posto em seu cabelo, deixando-a mais delicada fisicamente.
Já Helena usava um vestido levemente mais justo em seu corpo, com detalhes rendados, que se alternavam entre branco e lilás também. Seu cabelo impecável, nas orelhas duas argolas cor dourada, combinando com sua sutil gargantilha.
Clara chorou feito uma criança no dia de seu casamento, assim que acordou. Não amava aquela mulher, não estava em um lugar conhecido, havia mudado abruptamente de estilo de vida e, mesmo que suas companhias não fossem ruins – com exceção de Paula – Ela se sentia sozinha. Sentia falta de suas amizades do vilarejo e o fator principal de seu pranto ainda era Théo.
Théo, aquele cafajeste que a enganou cruelmente. Se ele não fosse casado não pensaria duas vezes em propôr à ele que fugissem para algum lugar onde pudessem ser felizes. No entanto, o destino lhe pregou a pior das peças, a fez se apaixonar por um crápula mentiroso.
-- Já pode beijar a noiva. – O juiz de paz informou, fazendo Clara olhar temerosa para Helena, quem se aproximou de sua – Agora esposa – E segurou suas mãos, sussurrando um “Me desculpe.” Antes de inclinar e provocar o encontro de bocas mais esperado de todo o lugar.
Os lábios de Clara eram macios e delicados, fazendo o pobre coração de Helena martelar contra seu peito. Por outro lado, rompendo todo o esperado por si mesma, Clara não sentiu asco ou algo parecido, pelo contrário, sentiu-se estranhamente bem ao sentir os lábios de Helena nos seus. Era uma sensação boa de que ali era seu lugar. Seu estômago se revolveu, mas por pouco tempo, já que Helena fez o casto encostar de seus lábios durar pouco tempo.
Gritos eram ouvidos, junto com aplausos e assobios. Helena sorriu sem jeito para Clara antes de lhe estender o braço e começarem a andar pelo corredor do lugar, tendo uma chuva de arroz sendo lançada no mais novo casal da cidade.
A festa foi extravagante e com certeza não teria ninguém para reclamar de algo. Estava tudo absolutamente impecável.
-- Felicidades, branquela. – A negra linda parabenizou Helena, quem sorriu e abraçou sua amiga.
-- Obrigada, Mani. – Agradeceu. Seus olhos percorreram o local à procura de onde estava vindo a voz no alto falante.
“Agora chegou o tão esperado momento, a primeira dança das noivas.”
Helena sorriu sem graça e avistou Clara sendo empurrada por sua mãe para o meio do salão. Decidiu fazer o mesmo, tocando a mão de sua esposa, enquanto a outra se acomodava em sua lombar. A música lenta começou a tocar e o casal começou a se movimentar de acordo com a melodia. Eram apenas as duas ali no meio, tendo todos os olhos voltados para elas.
-- Será que...você poderia fingir estar feliz? – Helena pediu a olhando tristemente. – Só por hoje. – Disse em um sussurro arrasado. Clara a olhou e nada disse. – Por favor...
-- Meus... – Limpou a garganta. – Meus pais já levaram as coisas deles para um hotel. – Disse tentando mudar de assunto.
-- Eu disse que não precisavam sair. – Helena disse surpresa. – Vou providenciar uma casa para eles amanhã mesmo.
-- Eu prefiro que saiam. – Clara confessou rindo baixo. – Não me leve a mal. Se fosse só meu pai tudo bem, mas minha mãe é um pouco... autoritária demais.
-- Entendo. – Helena disse, rodando Clara antes de colar seus corpos novamente. – A propósito... Você está linda. – Clara enrubesceu e lhe ofereceu um sorriso tímido.
-- V-você também.
-- Hmm, já está deixando sua esposa envergonhada para depois aproveitar a noite de núpcias, hein? – Dinah disse gargalhando, enquanto olhava a reação de pânico no rosto de Clara. Ela se esquecia de que deveria ter cuidado com o que falava quando não estava a sós com Helena, sempre era brincalhona e por vezes lhe passava em branco que, para muitos, ela poderia soar estupidamente idiota.
-- Dinah! – Helena a repreendeu.
-- Desculpe, magrela. Eu só estava brincando. – Disse para Clara. – A dança de vocês já acabou, será que poderia me emprestar sua linda esposa um segundo? – Clara assentiu, girando em seus calcanhares e saindo da pista de dança, chocada demais para dizer algo.
-- Será que você não poderia ter calado essa maldita boca? – Helena reclamou, tomando a mão de sua amiga e começando a bailar com ela.
-- Foi tal ruim assim? – Dinah perguntou, vendo os ombros de sua amiga caírem.
-- Se aceitar meu beijo na hora do sim foi um sacrifício, imagina ouvir sobre a noite de núpcias. – Disse tristemente.
-- Eu te avisei. – Alertou chateada.
-- Eu não me arrependo. Antes eu, que sei que não farei mal a ela, do que qualquer idiota grosseiro, que poderia lhe agredir ou violentar.
-- Não vou discutir isso com você de novo. – Falou. – Só desejo que você encontre a paz e a felicidade que merece, Lena, porque você é a mulher mais honrada que eu conheço na vida. – Disse, fazendo sua amiga lhe abraçar no mesmo instante. – Só não conte a ninguém que te disse isso. Sou boa demais com tiro ao alvo, sabe, não é? – E, ao ouvir a gargalhada de sua melhor amiga, sabia que tudo ficaria bem apesar dos apesares.
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Clarena- Over The Rainbow
FanfictionOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Clara, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Théo Bastos, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Sinuhe, deseja que a filha conqu...