Capítulo 31

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-- Por que não me acordou? - Clara fechou os olhos assim que ouviu a voz de sua esposa tão rouca e baixa no pé de seu ouvido; seus braços enlaçando a silhueta da menor.
-- Acordei muito cedo e vim comer algo antes de te acordar. - Disse com a voz falhada. Estava encostada na mesa decidindo se comeria uma banana ou duas.
-- E o que quer comer? - Perguntou com a voz ainda arrastada igual da primeira vez, fazendo Clara se arrepiar inteira.
Helena deixou alguns beijos no pescoço de Clara, fazendo a mesma se praguejar internamente por ver duplo sentido na frase dita por sua esposa. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo desde que experimentou a sensação de ter os lábios de Helena colado nos seus. Deveria estar ficando louca, era a única explicação. Engoliu em seco e se virou para sua esposa.
-- Ainda não decidi. - Falou, enlaçando seus braços ao redor do pescoço de Helena.
-- Eu te ajudo. - Helena disse olhando para geladeira, mas Clara levou uma mão até seu rosto e a fez olhá-la novamente.
-- Primeiro meu beijo de bom dia. - Disse e Helena sorriu amplamente. Jamais se acostumaria com Clara pedindo beijos. Se inclinou e colou os lábios nos de sua esposa. Clara sentiu o ligeiro gosto de menta assim que suas línguas se encontraram, devido ao creme dental que Helena e ela usavam.
-- Pelo amor, na cozinha não! - Dinah disse adentrando o lugar, fazendo elas terminarem o beijo. - E você deveria estar pronta, Jauregui.
-- Hoje não vou trabalhar. Preciso acompanhar o estado de Rosália de perto.
-- O que houve com ela?
-- Passou mal a noite, já, já o médico passa aí e saberemos.
-- Tudo sairá bem, não se preocupe. - Dinah disse e Helena sorriu fraco, caminhando até a geladeira e retirando algumas coisas de lá. - Mas então... O casal finalmente se acertou, hm? - Perguntou sorrindo enquanto lavava uma maçã.
-- Estamos... É... Nós... - Helena começou sem jeito. Não sabia o que Clara pensava disso, portanto não sabia o que responder.
-- Definitivamente sim. - Clara respondeu, fazendo Helena sorrir bobamente.
-- Mas e o chuchu? Já roçaram um no outro?
-- Dinah! - Ambas gritaram juntas, fazendo Dinah parar no ar a maçã que levava até boca.
-- O que, gente? - Perguntou finalmente mordendo sua maçã. - Pelas caras ainda não.
-- É... Cla, será que eu poderia falar com você mais tarde? - Helena perguntou baixo e sua esposa assentiu. - Perfeito.
Comeram em um silêncio calmo e quando estavam quase acabando Normani, Ally e Jenna chegaram.
-- Eba, vou repetir a refeição com vocês para não ser mal educada. - Dinah disse sorrindo satisfeita.
-- Vou ver se o médico chegou. - Helena informou.
-- Vou com você. - Clara avisou, se levantando logo em seguida.
-- Por que médico? - Ally perguntou preocupada. - Você está bem?
-- Estou. Rosália passou mal ontem à noite. Teve dores no peito e os exames ficaram de chegar pela manhã.
-- Que horror. Tomara que ela fique bem. - Ally disse.
-- É. - Paula nada mais disse.
-- Tenham um bom apetite. - E assim Helena e Clara saíram pelos enormes corredores da casa.
-- Lena...? - Clara chamou assim que descobriram que o médico ainda não tinha chegado. Estavam cruzando o jardim, indo para o quarto de Rosália. - Você disse que queria falar comigo.
-- Oh, certo. - Ela disse parando e se virando para Clara. O sol fazia Clara ficar com os olhos ligeiramente franzidos e Helena podia se ver no reflexo dos olhos da mais nova. - É sobre... sobre nós.
-- O que tem? - Clara perguntou.
-- Temos nos beijado e tudo mais... - Helena começou. Estava um tanto sem graça de tocar no assunto, mas precisava saber.
-- Sim. E daí? - Clara perguntou rindo.
-- Você...hm, se sente à vontade com isso? Digo, eu sei que é estupidez perguntar, mas realmente preciso saber. - Disse fitando o chão. - Não estou forçando a barra? - Clara abriu o mais lindo dos sorrisos e Helena voltou a falar. - Não é porque estou machucada que se sentiu culpada e está fazendo isso por favor, é? Digo, não creio que seja, mas eu realm...
Foi calada pelos lábios da mais nova, não um beijo de língua, um beijo casto, demorado, apenas para que Helena parasse de falar.
-- Não seja paranoica. - Clara disse rindo ao afastar os lábios dos de Helena. - Eu que te beijo sempre e não, não estou fazendo isso por pena.
-- Então você realmente gosta de me beijar? - Helena perguntou. Em seus sonhos mais distantes Clara diria um sim.
-- Deixa eu ver. - Clara disse sorrindo, enquanto levava sua mão à nuca de Helena e colava suas bocas novamente. Helena deveria ser cega se não notava o quanto Clara amava beijar ela. A língua de Clara invadiu a boca de Helena, fazendo a maior suspirar e se entregar ao beijo. Clara deslizou vagarosamente sua mão livre até as costas de Helena, adentrando a mesma por baixo da camisa da garota e sentindo a maciez de sua pele sob o toque de seus dedos. - Acho que ainda não decidi. - Clara sussurrou com a boca sobre a de Helena ainda. - Preciso tentar de novo. - E voltou a beijar sua esposa. Helena sorriu em meio ao beijo, enquanto puxava Clara mais para si. Clara sugou o lábio inferior de Helena e suspirou, aplicando um último selinho antes de fitá-lo nos olhos. - Será que isso responde a sua pergunta? - Perguntou sorrindo.
-- Acho que não. - Helena disse rindo, mas logo ficou séria, respirando fundo. - Eu não quero que faça nada que não queira. Não é porque nos casamos que precisa me beijar, tudo bem?
-- Mas eu gosto de te beijar. - Clara finalmente falou, deitando sua cabeça sobre o peito de Helena.
-- Então tudo bem, mas se algum dia eu fizer algo que você não goste, por favor me diga. - Ela sentiu Clara suspirar e a abraçou.
-- Você é perfeita demais para ser de verdade. - Disse sorrindo, levantando sua cabeça e depositando um suave beijo na clavícula de Helena. - E pela primeira vez na vida sou obrigada a concordar com a minha mãe. - Helena franziu o cenho e a olhou confusa. - Ela me fez um grande favor quando mentiu para mim.
Helena fitou o chão quieta demais. Esse era um assunto que ela não deveria tocar, mas era inevitável. Imaginar Clara beijando a boca de outra pessoa causava uma dor insuportável.
-- Cla...
-- Não. Ela realmente me fez um favor. - Clara disse olhando fixamente para Helena.
-- Você... o ama?
-- Não. Nunca amei. - Disse convicta. - Um dia pensei estar apaixonada por ele, mas minha mãe disse algo... - Pareceu lembrar das palavras da mãe. - E acho que ela tem razão. Acho que fiquei encantada, ele era gentil, mas se fosse algo mais forte não teria passado tão rápido, não acha?
-- Certo. - Helena disse. - Então posso duelar com ele caso ele venha tentar reconquistar o coração de minha bela senhora? - Perguntou falando igual seu pai. Clara riu e negou com a cabeça.
-- Não é preciso duelo algum. Meu coração sabe muito bem com quem quer ficar. - Helena sentiu seu estômago se revolver ao ouvir isso, mas teve medo de perguntar sobre sentimentos. Ainda era cedo.
-- Certo. - Ela disse contendo a vontade insana de sorrir. - Vamos ver Rosália?
-- Vamos. - E, enlaçando seus dedos nos de Helena, caminharam para o quarto da mulher.

Clarena- Over The RainbowOnde histórias criam vida. Descubra agora