Helena caminhava despreocupada pelos corredores da enorme casa, tendo entre sua mão direita os dedos de Clara entrelaçados aos seus. Era quase como se não precisasse se vingar de ninguém, como se ter Clara ao seu lado fosse suficiente. De fato, realmente era, no entanto, Helena não podia deixar as coisas como estavam. Se Paula realmente tivesse feito algo seria justo deixá-la achando que poderia aprontar sempre? Óbvio que não.
Parou em frente ao quartinho localizado ao lado da biblioteca, que era onde Théo estava alojado. Bateu três vezes e não demorou muito para a porta ser aberta. Sobre a cama estava uma pequena mala e o rapaz estava vestido como se estivesse prestes a sair.
-- Eu só não fui embora ontem porque eu estava passando mal. -- Se justificou. -- Até tentei, mas fiquei com medo de passar mal na rua. Sinto muito. -- Ele disse, com uma mão apoiada na porta. Seus olhos desviaram para Clara e a mais nova pôde ver quase desprezo contido neles.
Helena respirou tranquilamente, enquanto adentrou o ambiente sem permissão. Clara a seguiu, estranhando o olhar sereno de Helena. Bem, isso até Helena fechar a porta com força, causando um forte ruído no local.
-- O negócio é o seguinte, Bastos... -- Helena disse lhe olhando calma. -- Vai desmentir na minha cara as merdas que disse ontem, tudo bem? E depois disso vai me dizer por que as inventou. -- O homem lhe olhou confuso, antes de desviar o olhar para Clara, negando com a cabeça.
-- Você realmente a fez acreditar que eu menti, não foi? -- O homem perguntou, batendo palmas ironicamente logo em seguida. -- Eu não sei o que eu te fiz para estar me magoando desse jeito, Clara. Não sei porque disse que me ama e agora está fazendo isso... -- Falou sentindo que foi traído. -- Só queria saber como era me pau na sua boceta? Era isso? -- Gritou. -- Responde, sua vadiazinha de merda!
Helena respirou fundo e passou a língua pelos lábios antes de estalar o pescoço e empurrar Théo até uma das paredes, apertando a gola de sua camisa com as mãos.
-- Me escuta bem, seu pedaço de lixo ambulante... -- Helena disse rangendo os dentes. -- Se voltar a faltar com respeito com Clara novamente... -- Sentiu Théo tentar atingir seu rosto, mas foi mais rápida e segurou seu punho, o torcendo quase a ponto de quebrá-lo. -- Eu não sou a porra da comandante dessa merda toda apenas por ser a herdeira do título. -- Helena sussurrou irritada.
-- Lena? -- Clara disse sentindo aflição. Tinha pavor de sangue e, ao que tudo indicava, Helena não estava para brincadeira.
-- Clara, desculpe estar fazendo você ver isso. -- Disse se acalmando um pouco, afrouxando o aperto. -- Vamos do começo Théo... Por que inventou isso?
-- Eu não... Ai, ai,aiii. -- Gemeu ao sentir Helena dobrar seu pulso com força. -- Eu juro, eu juro... Por favor... -- Gemeu. Helena apertou o maxilar e soltou Théo com força.
-- Desgraçado. -- Sussurrou, se controlando para não quebrar ele inteiro. Não era agressiva, mas quando o assunto era Clara ela perdia o autocontrole. -- Me conta do começo. -- Théo assentiu assustado e olhou para Clara.
-- Bem... -- Ele começou arrumando a gola de sua camisa. -- Clara me enviou um bilhete...
-- Deixa eu ver o bilhete. -- Théo assentiu e caminhou até o criado mudo, abrindo a primeira gaveta e retirando o mesmo de lá. Se dirigiu à Helena e o entregou a ela. Helena o olhou séria antes de abrir o papel e respirar aliviada.
-- Essa não é a minha letra. -- Clara Alegou assim que se aproximou de Helena.
-- É claro que não é. -- Helena disse. Não que tivesse dúvidas sobre Clara, mas ter provas reais de que tudo não passara de um mal-entendido era reconfortante.
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Clarena- Over The Rainbow
أدب الهواةOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Clara, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Théo Bastos, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Sinuhe, deseja que a filha conqu...