Capítulo 17

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Clara levava, naquele momento, sua xícara de chá até os lábios e provava o sabor forte de café recém preparado. Antes disso se permitiu inalar o aroma e soprar vagarosamente o vapor que saía do líquido.

-- Está calma demais. -- Ally disse desconfiada. -- Parece até deslumbrada.

                             
-- Minha melhor amiga está a caminho, claro que estou feliz. -- Clara disse, colocando a xícara sobre o pires e os colocou na mesa de centro.
                             
-- Não gosta de nossa companhia? -- Ally fingiu tristeza e Clara sorriu.
                             
-- Não seja boba, Ally. É só que ela é como uma irmã para mim e gosto de tê-la presente em minha vida.

                             
-- Ela deveria ter vindo antes. Estou ansiosa para conhecê-la. -- Normani disse.

                             
-- Só você. -- Paula falou secamente.
                          
-- Ela já deve estar chegando. -- Ally disse, ignorando, como sempre, as malcriações de sua irmã.

                             
-- Eu ainda acho que ela não vem. -- Dinah disse verificando seu relógio de pulso. Era um domingo, então todas ali estavam de folga. Clara convidou Lumiar para almoçar em sua casa cinco dias após ter visto sua amiga e ela aceitou o convite com gosto, no entanto, Clara pedira que ela fosse mais cedo para que conversassem e para apresentá-la para suas amigas.

                             
-- É claro que virá. -- Helena disse se sentando ao lado de Clara no sofá.

                             
-- Falando no demônio... -- Paula disse, desviando seus olhos de suas unhas ao ouvir o barulho da carroceria parando em frente ao local. A imagem de Lumiar fez Clara sorrir animada. Estava imensamente feliz por Helena não fazer ela ter que abrir mão de suas amizades. Se levantou e foi em direção à sua amiga. -- Ela se veste assim? Que horror! -- Paula censurou ao ver a amiga de Clara vestida em uma roupa humilde.

                             
-- Respeito, Paula. -- Ally pediu censurando-a com veemência e a garota bufou.

                             
-- Gente, quero que conheçam minha melhor amiga, Lumiar. -- Clara disse com o maior dos sorrisos.

                             
-- Um prazer, meninas. -- A garota disse sorrindo despojada, nunca foi do tipo de pessoa tímida. Os olhos de Clara foram para Paula, quem se levantou na hora.

                             
-- O prazer é nosso, sente-se, por favor. -- Paula disse em um tom extremamente educado e gentil. Clara olhou surpresa para Paula; a garota oferecer seu lugar para alguém era mais do que um milagre.

                             
-- Obrigada. -- Lulu agradeceu. Clara finalmente entendeu o propósito do ato ao ver Paula caminhando e se sentando ao lado de Helena, para logo em seguida deitar sua cabeça sobre as pernas da garota.

                             
Clara odiava o fato de Helena nunca dizer não para Paula. Claro que a moça tampouco pedia beijos ou algo assim, mas mesmo assim, Helena permitia Paula lhe abraçar do nada, deitar em seu colo, acariciar seus cabelos.

                             
Não é que sentisse ciúmes, mas era sua esposa ali. Não era bom experimentar a sensação de todos estarem te olhando como se você fosse uma corna ciente.

                             
Clara queria pedir a Helena que parasse de deixar que Paula fizesse o que lhe desse vontade, contudo não se sentia no direito. Não exercia o papel de esposa, portanto não achava correto cobrar algo de Helena. Se sua esposa quisesse ter um caso com Paula poderia ela reclamar? Claro que não.

                          
Helena havia deixado claro que via Paula como irmã, mas e se a carência lhe batesse a porta qualquer dia? Clara não esperava que Helena nunca mais voltasse a beijar alguém, afinal, o casamento delas era uma fachada. Helena, em um ato de piedade, lhe salvara das garras de algum tarado por aí, mas deveria ela abrir mão de sua vida assim?

                             
Clara só queria que uma barreira magnética fosse capaz de mandar Paula para o mais longe possível de Helena. Que tipo de idiota se insinua para alguém casado? E, pior... na frente de todos.

                             
Paula. Esse tipo de idiota, pois naquele exato momento a garota brincava com a bainha de sua blusa, deixando sua barriga completamente exposta. A garota tampouco usava sutiã, deixando à mostra o formato dos seios e do bico do mesmo.

                             
Helena não se atreveria a olhar, pensou ela, mas quase morreu entalada na própria saliva ao ver os olhos de Helena desviarem para a região. Poderia jurar que estava vermelha, mas quem se importava? Helena estava olhando para seios alheios.

                             
Os de Paula.

                             
Na frente de Clara.

                             
Descaradamente.

                             
-- ...E foi isso, Clara. -- Ouviu a voz de Lulu e voltou a realidade.

                             
-- Eu?

                             
-- Não ouviu nada do que eu disse, certo? -- A garota perguntou rindo e Clara assentiu, envergonhada.

                             
-- Desculpe. É que estava pensando... -- Falou caminhando até Helena. -- Poderia dar licença, querida? -- Perguntou sorrindo falsamente para Paula, quem se sentou novamente, mas não deixou lugar para Clara se sentar no sofá, sorrindo cinicamente.

                             
-- Creio que não cabe. -- Paula disse com uma falsa ingenuidade.

                             
-- Não tem problema. Para isso tenho o colo da minha esposa. -- disse se sentando no colo de Helena, enlaçando seus braços no pescoço da mais velha, pegando a garota de surpresa. -- Obrigada mesmo assim. -- Deu um sorriso triunfante antes de continuar. -- Como eu dizia... Conversamos horas aquele dia, mas minha esposa nem sequer te deu atenção.

                             
-- Oh, eu entendo totalmente que ela seja uma mulher ocupada. -- Lumiar disse e Clara negou com a cabeça.

-- De jeito nenhum. -- Falou se inclinando e deixando um beijo no rosto de sua esposa. Helena se viu um tanto aturdida ao inalar o cheiro do shampoo de Clara. O aroma adentrava-lhe as narinas fazendo-a se perguntar como Clara conseguia ser tão cheirosa. -- Helena é a mulher mais atenciosa que conheço. Faço questão que se conheçam, afinal ela adora dar atenção para as pessoas, não é, amor?

                             
Helena engoliu em seco diante do apelido, mas não por alegria, igual deveria ser, e sim por medo. Algo no jeito de Clara lhe dizia que ela havia feito algo muito, muito errado.

                             
-- Sinto muito, senhorita. No outro dia quis apenas deixar vocês conversarem no sossego do ambiente para colocarem os assuntos em dia. -- Se retratou. -- Minha esposa fala muito bem da senhorita e pensei que deveriam querer matar a saudade. Em momento algum quis parecer desinteressada de conhecer as amizades de minha esposa e perdoe-me se assim fiz parecer.
                             
-- Não tem problema, não há necessidade para desculpar-se. -- Lele disse e Helena sorriu-lhe, porém, algo na expressão solene de Clara lhe dizia que as coisas ainda não estavam bem.

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Meu cap preferido é este por simplesmente o surto de ciúmes da Clara

Clarena- Over The RainbowOnde histórias criam vida. Descubra agora